segunda-feira, 30 de abril de 2012

Novo filme do Demolidor


A proposta desse blog é fugir um pouco do copia-e-cola, mas, às vezes isso é necessário ser feito. Principalmente com notícias interessantes.

No caso, transcrevo texto chupinhado do Cinema em Cena, sobre o novo filme do Demolidor.

Bom, duas coisas me chamaram a atenção no texto:

1. O reboot do Demolidor seria uma adaptação de A Queda de Murdock, saga clássica do Homem Sem Medo, já devidamente comentada neste blog.

2. Infelizmente, tiraram Brad Kane do roteiro. A princípio, parece que não estava agradando o pessoal dos estúdios, o que, ao meu ver é uma má notícia. Kane trabalha em Fringe, uma das minhas séries do coração, marcada por roteiros de ficção científica da mais alta qualidade e criatividade. Pelo menos, parece que o novo roteirista vai ter que aproveitar muita coisa do roteiro antigo de Kane. Espero que não estrague o resultado final.




Segundo filme do DEMOLIDOR contrata novo roteirista
28/04 - 13h52
por Renato Silveira
DivulgaçãoDez dias após o diretor David Slade afirmar que o projeto do reboot de Demolidor não tinha novidades, eis que a Fox anuncia a contratação de um novo roteirista para o projeto. E segundo o siteDeadline, o estúdio decidiu apostar em alguém sem experiência: David James Kelly, que tem apenas alguns curtas-metragens no currículo.
Até então, o roteiro do novo filme do Homem Sem Medo estava sob responsabilidade de Brad Kane, da série Fringe, e a história seria inspirada na celebrada saga dos quadrinhos A Queda de Murdock. Como passaram-se cerca de dez meses desde que Kane começou a escrever o filme, a contratação de um novo roteirista pode explicar a pasmaceira que tomou conta do projeto: o trabalho de Kane não deve ter agradado.
Kelly, aparentemente, trabalhará em cima do que já foi desenvolvido, o que provavelmente é a alternativa mais viável para a Fox, que precisa correr para realizar o longa antes que o contrato de direitos de uso do personagem expire e o Demolidor retorne para a Marvel. Infelizmente, com isso, os fãs correm o risco de ter um filme feito às pressas e que pode não agradar a maior parte deles, como o longa de 2003.

domingo, 29 de abril de 2012

review de cinema: "Os vingadores"


Após um longo período de espera, eis que o filme da Marvel mais esperado de todos os tempos chegou aos cinemas. 
Valendo-se de uma estratégia sem precedentes, o Marvel Studios tem conseguido, ao longo dos últimos quatro anos, transportar para o cinema alguns dos principais personagens de uma das maiores editoras de quadrinhos do mundo. Homem de ferro, hulk, thor e capitão américa foram apresentados em seus filmes individualmente, quase sempre com bons resultados de crítica e público. Além disso, os filmes serviram para concatenar os planos do Marvel Studios em relação a um filme dos vingadores, que reuniria todos os personagens dos filmes anteriores.
De maneira geral, os filmes da Marvel têm uma boa qualidade, são bem feitos e fiéis `as hq's, porém não passam de aventuras despretensiosas que raramente possuem um ou outro momento mais marcante, ou seja, cumprem seu papel de divertir sem, no entanto, apresentarem nada de excepcional.
Por tudo isso, admito que não esperava nada muito diferente no filme dos vingadores. Achei, claro, que me divertiria assistindo ao primeiro longa em que os heróis aparecem todos juntos enfrentando uma ameaça comum, mas nada que fugisse muito do que vinha sendo feito atualmente com os personagens da Marvel. Jamais esperaria, por exemplo, assistir a um grande filme como "X-Men: primeira classe", caso raro de blockbuster que consegue unir ação, bom roteiro e boas atuações . Motivos para isso não faltavam: além do histórico dos filmes anteriores, escolha de um diretor sem experiência em blockbusters e o excesso de personagens do roteiro me faziam sempre estar com um pé atrás. Mas, nada melhor na vida do que sermos surpreendidos positivamente.
O filme é fantástico. Tem tudo que os fãs de quadrinhos adoram e, ao mesmo tempo, agrada também ao público leigo, que nunca leu uma história sequer dos vingadores. A trama flui muito bem, com cada personagem tendo seu tempo de cena valorizado, de modo que somos convencidos da importância de todos os membros da equipe. Me lembro do receio de que Robert Downey Jr. fosse roubar o filme completamente. Isso não acontece em momento algum. O hulk de Mark Ruffalo é a melhor representação do personagem até agora, Chris Evans está muito bem como capitão américa, o thor de Chris Hemsworth funciona perfeitamente e até mesmo os personagens menos poderosos, como a viúva negra e o gavião arqueiro, se mostram fundamentais para o desenvolvimento da história. Sem falar no Loki interpretado por Tom Hidleston, até o momento o melhor vilão dos filmes da Marvel.

Joss Whedon deu um presente para os fãs
Não tenho dúvidas de que os méritos do filme são de Joss Whedon. Já era muito fã de seu trabalho nos quadrinhos dos x-men, onde ele tinha criado as melhores histórias desde a fase Claremont/Byrne. Mas nesse filme ele realmente se superou. São duas horas e meia de pura diversão, com Whedon conduzindo sequências grandiosas de ação pontuadas por diálogos muito bem-humorados e absolutamente deliciosos para os fãs. Sim, porque "Os vingadores" é antes, de tudo, um filme para os fãs, aqueles que conhecem de cor as características e o estilo Marvel de fazer hq's, com todos os conflitos, as batalhas épicas e os personagens humanizados que há cinco décadas fazem a cabeça dos leitores. Tenho certeza de que todos aquele que, com eu, cresceram lendo a Marvel, vão não somente curtir muito o filme como vão até mesmo se emocionar assistindo a um verdadeiro gibi em movimento. Da sequência inicial `a cena final, tudo remete aos melhores momentos de uma mitologia que está incorporada como poucas `a nossa memória afetiva. De quebra, Whedon mostra aos "Michael Bays" da vida como fazer cenas de ação que não confundem o espectador e que não se resumem a um monte de efeitos digitais jogados `a toa para a platéia. 

Thor e capitão em ação

Scarlett como a viúva negra
Trupe reunida
Ao final da sessão, dois pensamentos me ocorreram:
1 - "Os vingadores" é o melhor filme de super-heróis de todos os tempos, e há muito tempo eu não via um filme de aventura tão empolgante e bem realizado. 
2 - Christopher Nolan vai ter que caprichar muito para que seu último Batman consiga superar o grande filme da Marvel, que dificilmente perderá o posto de melhor blockbuster do ano.
Para terminar, algumas dicas: 
1 - Não leiam nada sobre o filme, para evitar os "spoilers". Deixem que a história os surpreenda.
2 - Procurem assistir aos filmes anteriores dos personagens. Há várias referências a eles na história.
3 - Peguem uma sessão cheia. A nerdaiada está indo em peso, o que faz do filme uma experiência coletiva única.
4 - Comprem um baldão de pipoca e preparem-se para um dos melhores filmes de aventura de todos os tempos.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Finalmente estreia "Os Vingadores"

Pois é. Chegou o grande dia. A partir de hoje, todo marmanjo que já leu alguma das várias sagas dos vingadores poderá conferir no cinema a adaptação dirigida por Joss Whedon. Sem dúvida, é um dos blockbusters mais esperados do ano e, se não fosse pelo terceiro Batman, que estreia em julho, seria a adaptação de quadrinhos mais aguardada de 2012. Pelo que já pude conferir das críticas, parece que a Marvel acertou em cheio com o filme e tem, a partir de agora, toda uma nova franquia pra explorar nos cinemas. Sorte da Disney, que tenta a todo custo se recuperar do fracasso de "John Carter". 
Para polemizar um pouco, reproduzo aqui um belo post de André Forastieri, no qual ele comenta as injustiças cometidas com os autores de hq ao longo das décadas. Vale a leitura.
The Avengers <i>Os Vingadores</i> x Jack Kirby: justiça na tela, injustiça na vida real
Os Vingadores foram criados em 1963 por Jack Kirby, desenhista, e Stan Lee, roteirista e editor. Thor, Hulk, Nick Fury e Homem de Ferro foram criados por Lee e Kirby, o último com participação do também desenhista Don Heck. O Capitão América foi criado em 1941 por Kirby e Joe Simon.
Gavião Arqueiro e Viúva Negra foram criados por Stan Lee e Don Heck.
Você não vai achar nenhuma destas informações no filme dos Vingadores.
Stan Lee está creditado como co-produtor. É parte de um acordo que ele fez com a Marvel, muitos anos atrás, resultado de um processo: todo filme Marvel tem seu nome como co-produtor, e ele recebe uma fatia (pequena e não-revelada) da receita. Kirby e Heck: nada. Perguntaram a Stan Lee se Kirby deveria ter algum crédito no filme. Resposta: não sou responsável por isso...
don heck <i>Os Vingadores</i> x Jack Kirby: justiça na tela, injustiça na vida real
Don Heck
Kirby foi o maior criador de gibis de super-heróis. Não foi o primeiro, mas fez melhor que ninguém, e influenciou tudo que veio depois, de um jeito ou outro. Está para o gênero como John Ford para o faroeste e Elvis para o rock. Em dupla com Stan Lee, eram o Lennon/McCartney dos quadrinhos dos anos 60. Ninguém sabia onde começava um e terminava o outro. O divórcio foi igualmente feio.
Kirby nunca foi dono dos personagens que criou. Fazia de encomenda e ganhava por página. Era um garoto judeu durão que tinha uma família pra sustentar. Sempre foi este o esquema dos comics. Desde o início, anos 30, quando os gibis foram inventados por um bando de gângsters novaiorquinos (a história está muito bem contada no livro Homens do Amanhã, de Gerard Jones, que publiquei anos atrás - orgulho, orgulho).
paul mccartney e jack kirby <i>Os Vingadores</i> x Jack Kirby: justiça na tela, injustiça na vida real
Jack Kirby e Paul McCartney
Kirby morreu brigando com a Marvel. Por ótimas razões. A Marvel e a DC e todas as outras editoras tratavam seus frilas como lixo, inclusive os mais importantes. Nem as páginas que desenhavam eles podiam manter. A história é conhecidíssima nos meios dos quadrinhos.
Em 1976, por causa de uma nova lei de copyrights nos Estados Unidos, a Marvel teve que regularizar sua relação com os freelancers. Propôs um acordo com Jack Kirby, co-criador da maioria de seus personagens mais populares. Em troca de receber 88 páginas que ele mesmo tinha desenhado, Kirby deveria abrir mão de alguns direitos. Uma lista incompleta:
- Kirby concordaria que a Marvel era a única e exclusiva proprietária do copyright e da arte produzida por ele em todo o mundo
- Kirby não receberia royalties sobre o uso futuro de seu trabalho pela Marvel
- Kirby ficava proibido de auxiliar outros artistas a questionar o copyright da Marvel
- Marvel teria direito ao uso do nome Jack Kirby, de sua imagem e informação biográfica para uso de marketing ou em publicações
- Kirby não teria direito a copiar, expôr, ou mesmo doar sua arte
- e por aí vai.
Avengers001cover <i>Os Vingadores</i> x Jack Kirby: justiça na tela, injustiça na vida real
Capa da primeira edição de The Avengers, contra Loki, mesmo inimigo do filme
Kirby se negou a fazer o acordo. A briga virou causa célebre. Criadores famosos apoiaram Kirby. Ele morreu antes que as regras mudassem para melhor. Ainda estão muitíssimo distantes do ideal. É por isso que mais e mais criadores (de quadrinhos, mas também de música, de filmes, de livros e de tudo mais que você imaginar) buscam lançar suas criações com o máximo de independência. Ou, quando trabalham com megacorporações, se enchem de precauções.
Mas no caso de personagens licenciados, tipo Batman ou Vingadores, ou mesmo a Turma da Mônica, não tem muito jeito. Você ganha pra produzir aquilo e boa. Uns dão crédito, outros não; uns dão royalties, outros não; mas sempre é muito claro contratualmente que é um trabalho de encomenda, e que a propriedade do seu trabalho é da empresa que encomendou o frila.
E no caso de criações antigas, do tempo de Kirby, ou mesmo nem tão antigas, não há como voltar atrás. Neil Gaiman não escreve mais histórias de Sandman porque a DC não paga os royalties que ele quer (por novas histórias e pelas reedições do original). A disputa de Alan Moore com a mesma DC já deu muito pano para manga e continua dando, com a anunciada série Before Watchmen, que recicla os personagens criados na graphic novel de Moore e Dave Gibbons.
Todos estes desenhistas e roteiristas que fizeram nossa alegria durante décadas ganhavam por página, às vezes com alguma quirelinha a mais. Esta semana mesmo, apareceu na web um pedido de socorro para o desenhista filipino Tony de Zuñiga, em estado terminal em Manilla, sem dinheiro para pagar o hospital. É co-criador do pistoleiro Jonah Hex, da DC, que teve seu próprio filme ano passado. Ganhou zero com o filme. É de cortar o coração.
Tony DeZuniga <i>Os Vingadores</i> x Jack Kirby: justiça na tela, injustiça na vida real
Tony de Zuñiga
O processo e a pendenga Kirby x Marvel continuam até hoje, em um formato ou outro. Mas ano passado, a Marvel ganhou o principal processo dos herdeiros de Kirby. O juiz decidiu: o trabalho era work for hire, ou seja, trabalho feito por encomenda, e é isso aí.
O juiz está certo. O contrato realmente dizia que Kirby não tinha direito a ser dono de nada. Mas contratos no século 19 estipulavam a legalidade da escravidão, e nem por isso eram justos. Existe a lei e a justiça. Esse é o tema de muitos gibis de super-herói. Se a lei fosse sempre suficiente, superseres com roupas esquisitas agindo à margem da lei seriam desnecessários.
É injusto que um filme que custou US$ 220 milhões como Os Vingadores, e dará muita grana, não traga o crédito devido para os criadores que originaram estes personagens, nem os recompense financeiramente, ou a seus herdeiros. Estamos em 2012, não nos anos 30. Entendo a posição de Marvel, DC e cia. Se abrirem precedentes, arrisca aparecer uma enxurrada de criadores pedindo o que julgam ser seus direitos.
Mas vale o risco e é a coisa certa a fazer. É possível que a Disney, hoje dona da Marvel, dê os passos na direção certa em anos vindouros - particularmente quando temos gente como John Lasseter na alta direção da empresa. A Pixar, sob sua direção, fez uma verdadeira carta de amor a Jack Kirby, um desenho chamado Os Incríveis. Quem sabe os herdeiros de Kirby receberão o que Kirby fez por merecer, se bastante gente disser que é importante.
É particularmente injusta essa situação porque, pelo que os amigos garantem, o filme é um megaépico recheado de conflitos interpessoais e humor, marcas registradas do original de Lee e Kirby. Li minha primeira aventura dos Os Vingadores em 1974. Tenho pilhas de gibis dos maiores heróis da Terra. Claro que estarei no cinema este fim-de-semana, filho a tiracolo. Mas explicarei para Tomás: o que está na tela pode fazer justiça aos Vingadores. Mas o que está por trás, não.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

saxofonista do Killers encontrado morto

Novamente a tragédia ronda uma banda de rock de sucesso. Desta vez foi o saxofonista do Killers, uma das bandas mais legais dos últimos tempos. Tommy Marth foi encontrado em sua casa, em Las Vegas, na última segunda-feira. Ainda não há notícias sobre a causa da morte.
Particularmente, não sou um grande fã do sax nas músicas do Killers. A banda fez bastante uso do instrumento no seu álbum mais pop, "Day and age", que, embora inferior aos anteriores, é um disco bastante competente. De qualquer modo, vale conferir o talento de Marth, que dá um toque bem diferente `as boas canções da trupe oriunda da "cidade do pecado".


sábado, 21 de abril de 2012

Os 10 melhores filmes da década. Parte IV: As invasões bárbaras (2003)

`A época do lançamento, "As invasões bárbaras" provocou verdadeira comoção, principalmente entre aqueles que viveram os anos 60. O motivo? O filme de Denys Arcand trata do fim de uma geração que participou intensamente dos sonhos e das esperanças de um período histórico em que mudar o mundo parecia ser uma tarefa não somente realizável, mas necessária. Assim, ao mostrar seu protagonista, um velho intelectual libertário que sofre de câncer,  reencontrando os amigos para uma derradeira despedida, o diretor canadense tocou em muitos pontos delicados, como a decadência da civilização ocidental, a crise das ideologias e a indiscutível supremacia do capitalismo sobre todas as formas de convivência.

cartaz original do filme
Nem todo mundo sabe, mas "As invasões bárbaras" é uma continuação de "O declínio do império americano", filme de 1986 que já trazia boa parte do elenco que Arcand reuniu aqui. Há, no entanto, uma mudança de tom de um filme para outro, sendo que o espaço reservado para o drama é muito maior neste segundo trabalho, consequência do estado em que se encontrava a vida pessoal do diretor, cujo casamento havia acabado e resultado em um período de profunda depressão. 
Em seu belo roteiro, Arcand conseguiu captar boa parte das agruras e decepções pelas quais passou o principal personagem do filme, vivido por Rémy Girard, que incorpora muito bem a figura do  intelectual frustrado que vê seus sonhos do passado ruírem, sentimento que aparece de maneira emblemática na relação com seu filho,  um jovem yuppie que mora nos EUA. 

o invejável elenco 
Marie-Josée Croze
O elenco é excelente e o maior destaque é a lindíssima Marie-Josée Croze, vencedora da Palma de Ouro em Cannes e que depois trabalharia com Spielberg em "Munique" e também em "O escafandro e a borboleta", este último produzido pelo diretor americano. Croze interpreta uma viciada que auxilia o filho de Rémy a conseguir heroína para aliviar as dores decorrentes do câncer. 
Confesso que atualmente, revendo o filme, enxergo alguns pontos críticos que não enxerguei quando assisti no cinema. Por exemplo: é perceptível em alguns diálogos que Arcand termina por se render ao velho discurso de que os sonhos são para a juventude, que fomos atropelados pelos fatos, que as ideologias morreram etc. Não concordo com o cineasta nesses pontos específicos, embora reconheça que a revisão crítica das ideologias é sempre o melhor antídoto contra o dogmatismo e o voluntarismo ingênuo. Nada disso tira os méritos do filme, uma obra-prima humanista que comove como poucas. Tenho um apreço especial pelo diálogo final entre pai e filho, um momento sublime que fez muitos espectadores chorarem no cinema. A canção que encerra o filme é linda e intepretada por Françoise Hardy, cantora francesa ícone dos anos 60. 

Talvez seja o filme mais emocionante dos últimos dez anos, fato que levou a Academia de Hollywood a se render ao talento dos envolvidos, concedendo  a Denys Arcand o Oscar de melhor filme em língua estrangeira do ano de 2004.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Crepúsculo + Videodrome = Cosmopolis

Trailer do novo filme do mestre David Cronnenberg, estrelado pelo vampiro-purpurina Robert Pattinson. Pelo menos a presença da fadinha vai garantir a estreia do filme em 17 de agosto. Coisa que não acontece com a maioria dos filmes de Cronnenberg, sempre exibidos aqui com meses de atraso. Irônico é que as crepusculetes vão lotar o cinema para ver seu ídolo e provavelmente levarão um soco no estômago.

Também é uma grande notícia ver o retorno de Cronnenberg ao seu ramo: a ficção científica. Os últimos filmes da fase Aragorn não são ruins, mas não fazem jus a obras-primas como Videodrome, A Mosca e Naked Lunch.

Aguardo.


canção póstuma de Joey Ramone

Em 22 de maio será lançado o álbum póstumo de Joey Ramone, "Ya Know?". Parece que o vocalista dos Ramones havia deixado uma série de demos gravadas e que agora foram recuperadas por seu irmão, Mickey Leigh, e por Ed Stasium, antigo produtor da banda novaiorquina e responsável pelos clássicos "Rocket to Russia" e "Road to ruin". Sempre acho meio estranho esses lançamentos, que não conseguem se afastar do estigma de caça-níqueis. No entanto, o primeiro single, "there's got to be more to life", é uma boa pedida para quem está com saudades do som dos Ramones. Tem uma mensagem otimista e ao mesmo tempo soa melancólico, com a inconfundível voz de Joey nos incitando a buscar mais da vida. Os arranjos me lembraram um pouco os "Beach Boys, o que é sempre um elogio. Enfim, gostei.


segunda-feira, 16 de abril de 2012

Novo clipe de Macca

Aquecendo as turbinas para um dos grandes eventos do ano: o show de Paul McCartney em Florianópolis. No próximo dia 25 de abri, o ex-beatle faz seu debut em terras açorianas, com a turnê "On the run", referência ao clássico álbum dos Wings, recentemente relançado. 
Para já ter um gostinho do novo show, cai muito bem esse clipe estrelado pela lindíssima Natalie Portman e pelo talentoso Johnny Depp. A música faz parte do novo álbum de Paul, "Kisses on the bottom", e o clipe foi dirigido pelo próprio ex-beatle. A bela melodia nos remete ao som dos anos 50, que influenciou bastante os Beatles e também os Beach Boys, e a guitarra é de Eric Clapton.


sexta-feira, 13 de abril de 2012

A grande voz do "grunge" vem ao Brasil

Mark Lanegan, ex-vocalista do Screaming Trees, uma das minhas bandas favoritas, faz show amanhã em São Paulo. Lanegan é uma figuraça. Bluseiro, junkie, birrento. Mas canta demais.
Gosto (quase) tanto de Screaming Trees quanto de Nirvana. A banda de Lanegan é responsável por pelo menos dois discos memoráveis: "Sweet Oblivion" e "Dust". Em ambos, distorção e melodia casam muitíssimo bem com o belo vocal de Lanegan. Ainda me lembro de tê-los escutado pela primeira vez no finado "Lado B", da (igualmente finada) MTV. Cortesia do mestre Fábio Massari.
Para quem está em São Paulo, vale muito a pena conferir a apresentação desse verdadeiro sobrevivente do rock. Sim, porque Mark Lanegan poderia estar fazendo companhia a Kurt Cobain, Layne Staley ou Mike Starr, símbolos do excesso dos anos 90. Mas, felizmente para os amantes da boa música, continua por aí, firme e e forte. E, ainda por cima, lançando sempre ótimos álbuns. Recomendo bastante "Whiskey for the holy ghost" e "Bubblegum". Ainda não escutei o mais recente, "Blues funeral", mas devo corrigir isso em breve. Ouvir Mark Lanegan é sempre uma experiência agradável.
Segue o vídeclipe de "The gravedigger's song", canção do novo álbum. Soturno e belo como só os bons sabem fazer: 


Vampiros

Não sei de quem é o autor da ilustração. Peguei no Mestre das Resenhas


segunda-feira, 9 de abril de 2012

Animação amadora surpreendente

Ah, a internet sempre nos revelando talentos escondidos por esse mundo afora…
Deem só uma olhada nesta animação feita por um cara chamado Michal Habjan. 
Fico imaginando o que um sujeito como esse faria com um grande orçamento nas mãos e um bom estúdio pra trabalhar.




domingo, 8 de abril de 2012

Os 10 melhores filmes da década. Parte III: Cidade de Deus (2002)



cartaz original do filme
Fernando Meirelles já era um publicitário bem-sucedido quando tornou-se diretor de cinema com a comédia "Domésticas", em 2001. No entanto foi com "Cidade de Deus", adaptação do livro de Paulo Lins, que ele foi reconhecido com um grande diretor.
Parte do sucesso do filme se deve ao roteiro, escrito por Bráulio Mantovani, o mesmo que repetiria a fórmula anos depois com "Tropa de Elite". Mantovani fez escola no Brasil, ao tecer uma narrativa cheia de idas e vindas, com narração em primeira pessoa, sempre tendo como figura central o personagem Buscapé, garoto crescido na famosa região do Rio de Janeiro conhecida como "Cidade de Deus". É ao redor dele que boa parte da ação do filme acontece, na medida em que o personagem passa a registrar os acontecimentos do local em sua máquina fotográfica. Com diálogos bem construídos e bastante críveis, o filme deslancha de vez já na primeira parte, situada nos anos 70, quando a criminalidade do local era restrita a ladrões de botijões de gás e praticantes de outros delitos com pouca repercussão. O filme nos apresenta então "Dadinho", o menino que anos depois iria se tornar o famoso "Zé Pequeno", bandido perigosíssimo e chefe do crime na Cidade de Deus.


Leandro Firmino da Hora em cena antológica

`A época do lançamento do filme, uma parte da crítica torceu o nariz para a linguagem utilizada por Fernando Meirelles, que em nada se parecia com o que de melhor (e pior) o cinema brasileiro havia feito no seu auge. Muitos argumentavam, e até com certa razão, que Meirelles abriu mão de um tom realista mais cru em prol de uma narrativa ao estilo MTV, com cortes rápidos e ritmo frenético. Por outro lado, alguns apreciadores do filme chamavam atenção para o teor de denúncia e crítica social que permeia o filme. Não sou adepto de nenhuma das duas posições. Acredito que a maior qualidade do filme, além do roteiro, é a direção de atores, um trabalho excepcional de Katia Lund, que conseguiu extrair o máximo de um elenco absolutamente desconhecido. De quebra, catapultou a carreira da bela Alice Braga e dos meninos Darlan Cunha e Douglas Silva, que tempos depois protagonizariam seu próprio seriado na rede globo.

Alice Braga e Alexandre Rodrigues

Num primeiro momento ignorado pela Academia de Hollywood, em 2004 "Cidade de Deus" acabou recebendo várias indicações ao Oscar, inclusive de melhor filme, um feito inédito para o cinema brasileiro.  Pena que bateu de frente com a última parte da trilogia "Senhor dos Anéis", de sorte que o filme de Peter Jackson acabou obviamente levando a melhor. De qualquer modo, o impacto de "Cidade de Deus" já estava consolidado, possibilitando a Fernando Meirelles uma carreira internacional bastante  respeitável. Ele seguiu dirigindo filmes excelentes como "O jardineiro fiel" e "Ensaio sobre a cegueira" e se tornou, junto com Walter Salles, um caso raro de cineasta brasileiro que é reconhecido no exterior e tem acesso a bons orçamentos e atores com fama em todo o mundo.
Talvez hoje a estética do filme tenha ficado envelhecida após sucessivas imitações e filmes que seguiram a mesma temática, enfocando a realidade urbana das favelas e morros do Rio de Janeiro. Contudo, nada tira o mérito do filme, um verdadeiro marco do cinema brasileiro (e mundial) contemporâneo.











terça-feira, 3 de abril de 2012

DEMÓstenes: os últimos minutos

Muito bom o artigo do André Forastieri, publicado em seu blog. Certeiro e arrasador. Ah, e muito engraçado também…

demostenes Pena de morte para Demóstenes Torres
Hoje é o dia D para o senador Demóstenes Torres. Seu partido, o DEM, deu a ele um prazo para explicar suas ligações com um bicheiro da pesada. Não dá pra explicar. Demóstenes calou.A direção do DEM decidiu expulsá-lo.
O goiano era considerado um exemplo de retidão. Foi secretário de justiça de seu estado. Chegou a ser ungido um dos cem brasileiros mais influentes, em 2009. Foi relator da Lei da Ficha Limpa, na Comissão de Justiça.
Fez campanha como defensor da retidão e inimigo número um dos políticos corruptos. É um bandido. Está provado por gravações. É pior que um bandido. É um bandido hipócrita.
Nunca me enganou. Eu tenho muito preconceito contra políticos em geral, e especial preconceito contra políticos que trabalharam para a ditadura militar, ou que se beneficiaram dela, ou que se arrogam seus herdeiros.
Quem lutou contra a democracia não poderia concorrer a nada, nem exercer cargo público - no mínimo. Sou rancoroso e revanchista.
A expulsão, então, pode sair hoje. São os rotos expulsando o rasgado. O DEM é o antigo PFL, que por sua vez é a antiga Arena, partido criado pelos militares golpistas de 1964.
Só de alguém se filiar a essa coisa, que para completar se batizou Democratas, já merece escárnio e desprezo.
Todo partido e político merece ceticismo e questionamento, mas não, não é tudo farinha do mesmo saco. Alguns são ruins e outros piores. Demóstenes supostamente representava a face nova do conservadorismo nacional.
Tinha fama de honesto, articulado, bem assessorado. Era respeitado por seus opositores - trouxas. Não precisava muito mais que ler sua explicação de que a escravidão no Brasil tinha sido culpa dos africanos, dois anos atrás, para perceber o fedor feudal por baixo do perfume francês. É o tipo de político mais odioso - o picareta que posa de dono da verdade e se arroga defensor da lei e da ordem.
Se seu mandato for cassado pelos colegas, ou se ele renunciar, será inelegível pelos próximos 25 anos, até 2027. É a condenação à morte, do ponto de vista político. Humilhação, mas não puxará um dia de cana e manterá seu dinheirinho bem protegido. É pouco.
A pena de morte é uma violência que iguala moralmente uma sociedade toda a um criminoso. Sou contra. Mas gente como Demóstenes atiça meus piores instintos. Todo mundo reclama que o Brasil não tem jeito enquanto continuar a impunidade, mas ninguém quer punir de verdade. Bem, eu quero, e tem que ser coisa de meter medo.
Tipo um tiro na nuca? Talvez, depois da Lei da Ficha Limpa, seja hora de aprovar a Lei da Morte Súbita, exclusiva para político. Pisou na bola, morreu.
Qualquer traficantezinho de esquina pega dez anos de cadeia, e esses caras continuam circulando por aí, rindo da nossa cara, apesar de todos os grampos provando suas podreiras? Morte política é pouco. Delenda Demóstenes!