Incrível, mas o Kid Abelha está completando 30 anos de carreira. Fazendo uso do clichê: parece ter sido ontem. Ainda me lembro de escutar "como eu quero" na rádio transamérica a caminho da escola. E eu estava no "primário" quando essa pérola pop simplesmente arrebatou corações e mentes oitentistas. Por essas e por outras, não tive como não conferir o show comemorativo que o multishow hd transmitiu dia desses. Ah, essa memória afetiva. Só ela mesmo para nos reconciliar com os gostos do passado e nos fazer enxergar o óbvio: as melhores melodias da música pop são aquelas que dominam nosso inconsciente, invariavelmente ficam adormecidas por anos (no meu caso, décadas), mas estão sempre ali, acessíveis aos sentidos, prontas pra nos fazer reviver aqueles bons, velhos e lúdicos minutos.
Foi mais ou menos isso que senti enquanto assistia ao show do trio carioca. Nem vale a pena escrever sobre a produção, impecável até não mais poder. Enquanto a banda se apresentava, imagens do passado transitavam pelos telões, lembrando de momentos em que o rock nacional era tão relevante quanto o pop gringo que monopolizava as rádios. Época que, aliás, o Kid Abelha atravessou de maneira muito digna, assim como atravessou as décadas seguintes, apesar do olho torto da crítica. Paula Toller e cia. resistiram ao teste do tempo porque se mantiveram fiéis a alguns princípios elementares da música pop: respeito aos fãs, competência e um raro tino para compor belas melodias, algo cada vez mais incomum no cenário atual.
Durante o show, contei pelo menos uns 10 megassucessos, daqueles hits radiofônicos que todo mundo, do porteiro do seu prédio ao padre da sua paróquia, conhece de cor. "Te amo pra sempre", "educação sentimental", "seu espião", "fixação" etc, etc. Difícil imaginar algum terráqueo alheio a essas canções. Minha tese é que o sax de George Israel é tão eficiente em criar arranjos marcantes que ele cumpre o papel equivalente a um Angus Young da vida: o de forjar riffs totalmente grudentos e absolutamente inesquecíveis. Talvez ninguém no pop nacional consiga isso tão bem quanto Israel. A guitarra de Bruno Fortunato continua lá, discreta mas em sintonia com o restante do conjunto. Quanto a Paula Toller, digamos que está mais do que na hora de colocá-la no devido lugar: o de musa absoluta do pop brasileiro. Aos cinquenta (!) anos, está maravilhosamente em forma, afinadinha e, o mais importante, limita-se a cantar, e não a fazer aula de aeróbica em cima do palco, como parece que virou moda entre as "divas". Sem contar que seu figurino é um presente de bom gosto sempre bem-vindo. Uma beleza que só enriqueceu a apresentação. Showzaço. Até perdoei a participação de Ivo Meirelles no final…
Não sei como está agora, mas lembro que a guitarra de Bruno Fortunato não era tão discreta assim. Muito pelo contrário, o cara se destacava muito com aqueles solos virtuosos oitentistas. Creio que dali vem a referência em "Como eu quero".
ResponderExcluirAdmiro na Paula Toller como ela é uma pessoa família e preserva sua vida pessoal. Injustamente tachada de "antipática", porque não fica contando seus dramas em tudo que é capa de revista. É o tipo de profissionalismo que falta nos artistas e hoje. E ela continua linda. Quase dá para comparar com a Deborah Harry.
Verdade. A guitarra dele se faz presente em muitos hits da banda.
ResponderExcluirQuanto `a Paula Toller, está bonita ainda do que há vários anos e acho legal ela ter essa postura mais discreta, sem ficar abrindo intimidade pra ninguém. E ela me lembrou a Debby Harry mesmo!
O mais engraçado são alguns críticos que cobram dela e da banda uma postura mais "engajada" e músicas com "conteúdo", como se isso fosse garantia de qualidade na música pop.