quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Clash, Joe Strummer y su alma latina


Depois do post de Francis, muito legal, resolvi apresentar algumas considerações sobre as relações entre o Clash, Joe Strummer e o Terceiro Mundo, especialmente a América Latina. Especialmente pela certeira afirmação de que as letras e as músicas do CLash parecem ter sido compostas para serem cantadas en español.
Bueno, está certo que o termo Terceiro Mundo é demodè, que hoje de fala de países em desenvolvimento e seus assemelhados e dessemelhados, mas, vá lá, fica o termo no texto, contextualizado nas letras de uma das maiores bandas da história e de um de seus maiores letristas e compositores. Strummer e seu colega Mick Jones, vale dizer, são uma espécie de Lennon e Mccartney do apocalipse, da pós-modernidade.
Num dos clássicos, entre os clássicos, do Clash, figura Spanish Bombs, uma letra que trata sobre a guerra civil espanhola, de triste final e que deu ao mundo Franco e os Opus Dei. Una Mierda. A letra da dita música tem partes em espanhol, e se refere as trincheiras cheias de poetas. Eis que o próprio Clash, por obra de Strummer, se tornou em uma das trincheiras do Rock (do combat rock, como o disco derradeiro - não considero cut the crap), com letras fantásticas sobre o mundo capitalista em seus dias de guerra fria contra o "demônio vermelho".
Outras marcas indeléveis, para siempre, estão presentes na obra do Clash e demonstram certa latinidad, alguma identidade com Latino America. O maior exemplo é o álbum SANDINISTA, explícita referências e homenagem aos guerrilheiros que lutavam contra a ditadura de Somoza e "famiglia" na Nicarágua, e contra a CIA que empenhou-se na defesa do ditador.
Posteriormente, já na carreira solo, montou uma banda chamada the mescaleros, outra demonstração de relações com o mundo latino americano. Ademais, é farta a presença da influência caribenha na música do Clash, especialmente a partir álbum London Calling, um dos maiores discos da história do rock.
Mas, de onde partiram as pautas terceiro-mundistas e a influência latina para as músicas do Clash? Do próprio Strummer, que nasceu em Ancara, na Turquia, na borda entre Europa e o mundo árabe. Filho de agente diplomático, morou também na Cidade do México.
Em 2012, no final do ano, fará dez anos que Strummer se fué de la vida, pero inserió su nombre en la historia. Ficou o registro de uma obra na qual a perspectiva cosmopolita se fazia presente, com olhares para além dos muros da ilha inglesa.
Aproveitando o tema: me lembrei de uma cena do filme rock'n'rolla, de Guy Ritche, no qual um dos personagens lembra de sua adolescência, dançando Bank Robber, e sendo reprimido, a pau, pelo pai ou padastro, que diz detestar a música. Ironicamente, o pai ou padrasto em questão é o mafioso do enredo.



5 comentários:

  1. Belíssimo post. Depois da ressaca (no meu caso, ressaca de mau humor) do Ano Novo, Cesar espanta as traças deste blog. Vou corrigir a afirmação de que Joe Strummer nascera na Inglaterra.

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  2. Interessante esse lance dele ser filho de agente diplomático. Uma certa banda punk de Brasília (que daria ao rock nacional a sua banda mais famosa e, de brinde, outra nem tanto) teve origem semelhante.

    Outra relação do rock brasileiro com a diplomacia é uma cantora francesa, lider de uma banda que queria ser a versão brasileira do Blondie, que se casou com um diplomata francês e largou a carreira de popstar para se dedicar à família.

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  3. Esqueceste de citar as partes em espanhol de Should I Stay or Should I Go.

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  4. Bem lembrado: should I stay...
    Depois do fim de ano que sempre parece o fim da paciência (deveria ser uma data para beber e descansar, bastante)tive uma ideia legal para postar.
    Onde andará Leonardo, o Zelig?
    Será que foi sequestrado na virada do ano?

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  5. buenas. estou aqui. correria o inicio do ano. em breve, estarei postando...

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