sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

lista elementar de hq's


Recentemente fiz uma lista básica das hq's mais marcantes que li até hoje. Melhor dizendo, de algumas das mais marcantes. A ideia foi sugerida pela comunidade do orkut do pessoal do www.universohq.com, um dos melhores sites de quadrinhos do Brasil. Como achei bem legal a experiência, resolvi reproduzi-la aqui.
Utilizei como critérios básicos não somente a qualidade do que tinha lido, mas também (e até acho que principalmente) o impacto das histórias. Afinal, um fedelho de 12 anos que lê a morte de Gwen Stacy, por exemplo, independentemente da qualidade da hq (e esta é muito boa, mas não seria uma obra-prima), vai sentir algo completamente diferente do que um cara de 30 anos sentiria. Por isso, a lista a seguir deve ser interpretada com cautela, pois não foi somente a qualidade dos textos ou dos desenhos que falou mais alto. Enfim, aguardarei os comentários e eventualmente as listas dos demais blogueiros sujos…
1- Batman: a piada mortal (Alan Moore e Brian Bolland).
A genial dupla de ingleses criou a história perfeita do Batman, recontando brilhantemente a origem do Coringa. A premissa "tudo que nos separa da loucura é apenas um dia ruim" até hoje impressiona pelo quanto de verdade que se pode extrair dela. Uma história polêmica, com um final arrebatador. Não foi `a toa que a excepcional performance de Heath Ledger em "Batman: o cavaleiro das trevas" mostrou-se claramente inspirada nessa obra essencial dos quadrinhos de super-heróis.
*momento preferido da história: o diálogo entre o batman e o coringa no final.


2 - A morte de Gwen Stacy (Gerry Conway e Gil Kane).
As histórias do homem-aranha escritas por Stan Lee e desenhadas por Steve Ditko e, posteriormente, por John Romita, são clássicos absolutos, fazendo parte do acervo das melhores obras que a Marvel produziu em seus áureos tempos. Com a saída de Lee e de Romita, os artistas que os substituíram tiveram a obrigação de manter o alto nível da fase anterior. Mas Conway e Kane foram além, criando um dos momentos mais dramáticos das hq's em todos os tempos. Por representar a perda da inocência e o impacto de um trauma sem precedentes na vida de um super-herói, "a morte de Gwen Stacy" é considerada o ponto final na Era de Prata dos quadrinhos.
*momento preferido da história: a sequência em que o homem-aranha tenta salvar Gwen. Uma aula de enquadramento do mestre Gil Kane.

3 - O cavaleiro das trevas (Frank Miller).
Não concordo com os que afirmam que Miller foi o responsável pela reinvenção do batman como herói sombrio, pois isso já tinha sido feito pela dupla O'Neill/ Adams na década de 70. Talvez a grande novidade do batman de Miller seja mesmo a psicopatia levada a extremos em vários momentos da hq. Em que pesem nossas atuais opiniões sobre a pessoa de Miller, não dá pra negar que, nos anos 80, não tinha pra ninguém no ramo. O "velho reaça" criou aqui uma das suas obras-primas; violenta, politizada, magistralmente escrita e desenhada.
*momento preferido da história: são tantos, mas gosto de destacar o embate entre o cavaleiro das trevas e o chefe da gangue dos mutantes, quando batman toma uma legítima surra.


4 - A queda de Murdock (Frank Miller e David Mazzucchelli)
Já fiz uma resenha sobre esta história, uma verdadeira aula de desenho de Mazzucchelli. É a obra que redefiniu um dos melhores e mais maltratados personagens da Marvel. Mais uma prova de que Frank Miller era o máximo em termos de arte sequencial. Era.
*momento preferido da história: sem dúvida, a sequencia em que Ben Ulrich presencia um assassinato pelo telefone. Como sempre digo, Mazzucchelli é o cara!

5 - Watchmen (Alan Moore e David Gibbons).
O que dizer a respeito de Watchmen que já não tenha sido dito? Maior hq de todos o tempos? Única hq já listada entre os grandes romances do século XX? Chega a doer o coração saber que a DC planeja uma "prequel" da história. Heresia total.
*momento preferido da história: tudo!


6 - Spirit (Will Eisner).
Difícil mensurar a importância de Will Eisner para a arte do século XX. Sei que ele tem outras obras até mesmo mais densas do que o spirit, seu personagem mais famoso e com o qual tive contato no final da década de 80, quando a falecida editora cedibra chegou a publicar seis edições mensais que incluíam as tiras de jornal. Para mim, é uma das poucas hq's inadaptáveis para outras mídias. Ninguém conseguiria reproduzir aquele climão pós-crise de 29 e o humor muito peculiar do velho Eisner.
*momento preferido da história: de modo geral, os incríveis enquadramentos do mestre Will Eisner.


7 - Batman: ano um (Frank Miller e David Mazzucchelli)
Outra hq importante de Miller na década de 80. Recontando a origem do batman de forma magistral, em tom de romance policial. E, claro, com a primorosa arte de Mazzucchelli.
*momento preferido da história: o ataque de batman ao banquete dos mafiosos.

8 - Homem-aranha: a ultima caçada de Kraven (J.M. Dematteis e Mike Zeck)
Sou fã absoluto de Dematteis, um roteirista acima da média no universo das hq's de super-heróis. Aqui ele fez um de seus melhores trabalhos, retratando o que aconteceria se um inimigo de segunda mão realmente resolvesse matar o aranha. Os desdobramentos do ato praticado por Kraven são surpreendentes e o roteiro de Dematteis é perfeito. Uma das melhores histórias do homem-aranha de todos os tempos, que merece uma republicação no Brasil.
*momento preferido da história: a "morte" do homem-aranha

9 - Superman: o homem de aço (John Byrne)
Byrne estava no auge da criatividade quando foi convidado pela DC para reformular o superman. A mitologia do herói nunca foi tão bem trabalhada como aqui. Byrne criou um universo bastante crível e, ao mesmo tempo, com toques de fantasia e ficção científica como só ele sabia fazer. Junto com Frank Miller e Chris Claremont, foi o principal roteirista de histórias seriadas dos anos 80.
*momento preferido da história: a grande inovação em relação `a personalidade de Luthor, que passou de cientista louco a empresário ganancioso.



10 - Liga da justiça cômica (J.M. Dematteis, Keith Giffen e Kevin Maguire
Inovadora por si só, a série cômica da liga revolucionou as hq's de super-heróis ao inserir um humor anárquico jamais visto na DC ou na Marvel. O traço de Maguire é genial e combina muito com os roteiros alucinados da dupla Giffen/Dematteis. Um dos grandes clássicos contemporâneos das hq's.
*momento preferido da história: sem dúvida, a tiração de sarro com o Galactus no episódio do Sr. Nebulosa, o "decorador" de mundos. É de chorar de rir.


3 comentários:

  1. Belíssimo post! Fazer listas sempre é divertido. E, acima de tudo, como diria Nick Hornby, é uma arte.

    Algumas HQs que tu citaste são realmente óbvias, mas não teria como se fugir delas. Seria como fazer uma lista de bandas de rock sem falar de Beatles ou Led Zeppelin.

    Outras, nem tanto. Várias aí eu não li. O Spirit é um exemplo. Tentei ver aquele filme horroso do Frank Miller, que nem a presença da Eva Mendez conseguiu me fazer assistir até o final. Mas acredito que os quadrinhos sejam de qualidade, e vou dar uma conferida.

    Sobre o Will Eisner, eu tenho o album "O Complô", com prefácio do ilustre Umberto Eco (que, como o PC sabe, é um dos meus escritores preferidos). É uma historinha simplicimamente didática sobre os famigerados Protocolos. O último livro de Eco, O Cemitério de Praga, sobre o qual estou devendo um post, é basicamente uma versão romancizada da HQ do Eisner.

    Nessa tua lista eu colocaria também "Eu, Wolverine", que, para mim é a melhor história sobre o baixinho de costeletas. E é da época que o Miller sabia desenhar - coisa que ele desaprendeu já há muito tempo...

    Quanto ao Morcegão, uma história que me marcou muito foi Veneno, daquela série "Um Conto de Batman". Mostra de uma forma bem sinistra, como o Cavaleiro das Trevas se afunda em anabolizantes, e precisa se superar com o uso do cérebro. Um verdadeiro triunfo da inteligência sobre a força bruta.

    E, por fim... não sei se a tua lista é só sobre HQs de super herois, já que o universo de quadrinhos é bem mais abrangente que esse estilo tipicamente americano.

    Então, eu colocaria o mangá Death Note, que é uma verdadeira obra-prima. Uma reinvenção das histórias clássicas de detetive adaptada para a linguagem oriental de uma forma muito original. E que ainda guarda espaço para discussões acerca dos limites éticos no combate à criminalidade. Pena de morte, direito à privacidade, devido processo legal, entre outros temas são trazidos ao grande público de uma forma inteligente, nunca caindo no maniqueísmo.

    Bom, vou ficando por aqui. Abraço!

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  2. Bem, o que motivou a lista não foi tanto a qualidade das hq's, embora todas sejam boas, mas principalmente o impacto que elas representaram no gosto pelos quadrinhos. Do contrário, não teria como excluir hq's como "Retalhos", "Sandman", "Maus" e "Walking Dead". Por isso o número acentuado de hq's de super-heróis. Foi com eles que aprendi a gostar de quadrinhos.
    Quanto ao spirit, parece que a cia das letras vai retomar a publicação das originais do Eisner. Portanto sugiro que aguarde pra adquirir esse material.
    "Eu, Wolverine" é mesmo excelente e merece uma menção honrosa na lista. Veneno, infelizmente, não concluí, mas sei da importância da história até mesmo para a criação do Bane nos anos posteriores. Dessa coleção, vale citar "Shaman", uma história que influenciou "Batman Begins".
    Infelizmente ainda não sou um grande leitor de mangás, embora tenha lido alguma coisa, como "Nausicaa", e gostado bastante. "Death Note" sai pela conrad?
    abraço

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  3. Cara, o Death Note saiu pela JBC. Não sei bem que editora é essa. Mas eu comprei a caixa com a coleção completa pelo Submarino. Infelizmente, a (falta de) qualidade da edição beira o formatinho. As folhas descolam e tal. Uma pena. Ano passado quase comprei uma versão encadernada (em inglês) numa livraria de Nova York, com papel de primeira e tudo mais.

    Nausicaa eu não li o mangá, mas vi o anime, que é muito bom e bem feito. Inclusive, me lembrou em muito -desde a temática ecológica até os cenários fantásticos - o Avatar do James Cameron. Tive a impressão que o diretor americano bebeu muito dessa fonte para fazer seu mega-blockbuster (além do óbvio Dança com Lobos). Não conheço muita coisa de mangás também, mas o Death Note é uma história de primeira, muito bem amarrada, que vale conferir. Tem a versão em anime, que é muito boa também (quase no nível do mangá) e a versão live-action, que é bem ruinzinha (a primeira parte até passa, mas a segunda é MUITO ruim e consegue estragar o todo).


    A coleção Legends of The Dark Knight para mim é uma das melhores séries do Batman. Shaman eu não cheguei a ler toda, e foi há muito tempo, mas lembro que era coisa fina mesmo. Vou procurar para reler. Veneneno eu citei porque particularmente me marcou. Até achei que seria mais interessante para fazer um filme do Nolan que esse do Bane aí.

    E eu entendo bem o critério que utilizaste para lista: o que te marcou mais. E acho que é um critério bastante justo.

    Abraço.

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