quinta-feira, 29 de setembro de 2011
Capitão Caverna no Rock in Rio
quarta-feira, 28 de setembro de 2011
Quiz retrô (for your eyes only, old school nerds!)
terça-feira, 27 de setembro de 2011
O dia em que o rock in rio deixou de ser banal
domingo, 25 de setembro de 2011
os 10 melhores filmes da década
belo cartaz do filme |
Como é recorrente na obra do diretor espanhol, o filme enfoca algumas histórias paralelas que, em algum momento da trama, vão se cruzar. Aqui, Almodóvar optou por narrar a história de duas mulheres, Alicia e Lydia, que, em razão de fatalidades do destino, ficam em coma num hospital de Madri. Nesse hospital trabalha como enfermeiro Benigno, responsável por cuidar de Alicia; aos poucos, ele faz amizade com Marco, o atormentado e sensível companheiro de Lydia. No decorrer da película, o espectador fica sabendo de detalhes que revelam a paixão de Benigno por Alicia, um sentimento que o leva a praticar um ato que desencadeia graves consequências nas vidas dos personagens e que redundará num grande dilema moral: afinal, qual o verdadeiro significado de nossas ações? Será possível que uma atitude absolutamente reprovável pode gerar efeitos positivos para aqueles por ela atingidos?
Leonor Watling |
Note como está tudo no lugar: o roteiro impecável, as belas atuações, os conflitos morais, a excelente trilha sonora de Alberto Iglesias. Nem a participação de Caetano Veloso estraga o filme; ao contrário, é um momento essencial para entendermos a personalidade de um dos personagens. De bônus, ganhamos ainda um interessantíssimo curta-metragem surrealista inserido na trama e que se revela uma bela homenagem a Buñuel.
Sei que alguns críticos viram o filme como uma concessão de Almodóvar a um cinema mais certinho, portanto, mais palatável ao grande público. Como não vejo problema em cineastas que filmam de maneira tradicional e acredito que um grande cineasta é aquele que faz grandes filmes, ainda incluo "Fale com ela" entre meus filmes favoritos de todos os tempos e Almodóvar entre os grandes cineastas contemporâneos.
sábado, 24 de setembro de 2011
Lendas, mitos e outras verdades urbanas: o "Com Licença"
Foi, como se lê na crônica lançada no blog Recanto das Letras, um terror para cinéfilos ou melhor, para as massas frequentadoras de filmes arrasa-quarteirão. Enquanto os efeitos especiais ou a pancadaria corriam solto nas telas, Com Licença agia: corria seu pinto pelas poltronas do cinema, por trás da plateia, sem avisar. Uma verdadeira covardia. Com seu fetiche por nucas, e sempre espreitando pescoços incautos, disparava o alerta vermelho para os lanterninhas dos cinemas cariocas. De qualquer modo, sempre escapou dos treinados lanterninhas, sem jamais deixar de realizar sua tara-de-meia-idade. Ironicamente, nenhum diretor de cinema ainda pensou num personagem de tal estirpe.
Leiam, mas não temam: na maioria dos lugares, o "habitat natural" de Com Licença foi destruído e o sujeito sumiu. Mas...
Review: Donnie Darko
Aproveitando meu mês grátis da Netflix (cuja assinatura vou cancelar antes que comecem a me cobrar devido ao fraco repertório de títulos disponíveis), revi Donnie Darko, mas dessa vez na versão original, e não a director’s cut. Para quem não sabe do que se trata, é o tipo filme do gênero what the fuck?, que o cara assiste e fica se perguntando do que se trata, afinal, aquilo tudo.
Donnie Darko tem várias coisas bacanas que permitiram, não obstante o orçamento mirrado, a criação de um dos melhores filmes da década de 2000. A abertura é com chave de ouro: Donnie andando de bicicleta ao som de Killing Moon.
Não precisa dizer mais nada. É trilha sonora oitentista na veia. Confiram se não estou mentindo:
- "Never Tear Us Apart" by INXS
- "Head Over Heels" by Tears for Fears
- "Under the Milky Way" by The Church
- "Lucid Memory" by Sam Bauer and Gerard Bauer
- "Lucid Assembly" by Gerard Bauer and Mike Bauer
- "Ave Maria" by Vladimir Vavilov and Paul Pritchard
- "For Whom the Bell Tolls" by Steve Baker and Carmen Daye
- "Show Me (Part 1)" by Quito Colayco and Tony Hertz
- "Notorious" by Duran Duran
- "Stay" by Oingo Boingo
- "Love Will Tear Us Apart" by Joy Division
- "The Killing Moon" by Echo & the Bunnymen
Bom, só a trilha sonora já valeria o filme. Mas os anos 80 não ficam só na trilha sonora. Embora produzido em 2001, toda a trama se passa em 1988. Para os saudosistas (como eu e meus companheiros deste humilde blog) é um prato cheio. E a explicação para a escolha da época, pelo diretor Richard Kelly é que ele queria fazer um filme sobre adolescentes, mas não se sentia a vontade para falar sobre a geração de hoje (no caso, já a de ontem) que ele não viveu, e que os anos 80 eram a época favorita dele. Ponto para o diretor: mais uma escolha acertada.
A caracterização da época também é muito fiel. Particularmente gostei do diálogo da irmã de Donnie com o pai. “Vou votar no Dukakis”. O pai repreende a guria ao melhor estilo tea party, e começa com aquela velha ladainha sobre os democratas aumentarem os impostos. Outra cena memorável é a conversa dos amigos de Donnie sobre a sexualidade dos Smurfs.
Claro que só isso não faria o filme ser o cult que viria a ser. Como já tinha falado no início, Donnie Darko é um filme what the fuck?, ou seja, faz o cara pensar o que seria aquilo tudo. Basicamente é difícil entender o filme por si só, e não é a toa que existem um zilhão de FAQs pela Internet. Para os curiosos, é bom ler a http://www.stainlesssteelrat.net/ddfaq.htm e tentar entender alguma coisa.
A versão original é mais difícil ainda. Recomendo a director’s cut, que traz páginas do livro fictício “A filosofia da viagem no tempo”, de autoria da Vovó Morte, outra personagem bizarra e memorável.
Aliás, bizarro é quase tudo nesse filme, começando pela interpretação de Jake Gyllenhaal, que mais tarde ganharia notoriedade com aquele filme de cowboy gay. Donnie parece estar sempre num estado letárgico e perturbado.
Uma das teorias populares sobre o filme é que Donnie Darko é realmente um adolescente esquizofrênico, e que as visões do coelho Frank e o enredo de viagem no tempo não passam de fantasias criadas por sua mente.
Há também uma teoria envolvendo questões como desejo de incesto e repressão da sexualidade mediante fantasias de ficção científica (no caso, as viagens no tempo).
Entretanto, o diretor faz questão de enfatizar que o filme é sim sobre viagem no tempo. No caso, entretanto, o tema é abordado de uma forma mais confusa que aquela normalmente abordada em filmes do gênero. E parece que o director’s cut procura esclarecer isso. Destaque para a cena em que a psiquiatra fornece placebos a Donnie, provavelmente acreditando que o guri não está louco, no final das contas.
Também não poderia deixar de mencionar mais dois personagens memoráveis: o guru da auto-ajuda e pedófilo, vivido pelo já no final de carreira Patrick Swayze, e a professora carola entusiasta.
Confesso que, mesmo lendo as FAQs, o argumento não parece fazer muito sentido para mim. Acredito que o principal mérito do filme seja exatamente esse de instigar sobre o que aconteceu. Deixar dúvidas. Mesmo que a conclusão não seja lá essas coisas, o caminho que o espectador passa para chegar a sua - já que o filme não deixa nenhuma questão realmente clara – é o que faz de Donnie Darko um filme a ser visto e revisto.
sexta-feira, 23 de setembro de 2011
20 anos amanhã: nevermind
No dia 24 de setembro de 1991, há exatos (quase) vinte anos chegava ao mercado um disco que marcou não somente o ano de 1991 mas a música do final do século XX. Nevermind foi lançado num ano no qual houve uma convergência de grandes discos e, mesmo assim, não foi eclipsado. Apesar de ter emergido recentemente da cena underground, o Nirvana conseguiu provocar um turbilhão no cenário musical daquele começo de anos noventa, considerando a perfeita conexão entre uma proposta barulhenta (com guitarras-moto-serra, letras misteriosas e simplicidade) com o pop, considerando a aceitação da banda no mainstream. O resultado foi a busca por bandas alternativas, indie, ou simplesmente "alternativas", o que expandiu os intresses do mercado fonográfico, pelo menos naquele período, para os sujos e malvados da cena underground.
O legal de tal mudança de foco, foi a possibilidade de um dos últimos, senão o último, momento de desafogo do rock, sufocado por heavy de boutique e pop sem-vergonha, despejado pela indústria fonográfica que então passava a lhe dar voz (e guitarras estridentes). Dada a repercussão de Nevermind, surge o efeito Nirvana: todos queriam ser alternativos, ou grunges (o rótulo do momento que se vivia); muitos vestiam camisa de flanela, e poucos fizeram algo que realmente valesse a pena. Se destaca do período, por exemplo, bandas com outras sonoridades, mas que estavam no lugar certo e na hora certa: Seattle. Pearl Jam, Screaming Trees, Soundgarden e Alice in Chains são alguns bons exemplares da safra Seattle. Esses valiam o investimento no vinil!
Na carruagem, ops, carroça, do grunge, ou algo que o valha, outros milhares foram para o brejo. Alguns tentaram se tornar alternativos e grunges, e produziram resultados vexatórios, como os Titãs e o Capital Inicial (!?), reciclados aqui no Brasil. No cenário internacional emergiram muitas bandas, com nomes "diferentes", como TAD e Mudhoney. O mercado farejava em todos os cantos o novo Nirvana, e vários pintaram como pretensos neonirvanas. Era o faça-você-mesmo anos noventa, e muitos fizeram, e muita porcaria apareceu por aí.
Então, o tempo passa. Olhando para vinte anos - e vinte quilos - atrás, se percebe o quanto foi legal o ano de noventa e um, merecedor de destaque aqui no blog, um ano que será tratado em outros textos mais adiante, com a análise de alguns discos de 91 para o resto de nossas vidas. Não se deu somente a exposição de "novas" possibilidades para quem tinha bom gosto e para o mercado fonográfico (convergência de interesses muito rara, hoje inexistente, mas que eventualmente acontecia. E não é mentira!). Bandas que já vinham de algum tempo na estrada produziram grandes discos naquele ano, como, por exemplo, o REM, falecido ontem.
Mas, mesmo assim, o destaque ficou para os três caras que vieram lá de muito longe, vestidos como mendigos para dar uma sacudida no velho barulho. Lembro de uma capa da Bizz (uma revista de música que existiu há milhões de anos em uma galáxia distante) com uma foto do Cobain e a manchete "guerrilheiros invadem o palácio". A reportagem "barulho" foi marcante, dava a nós, pobres rapazes latino-americanos, sem internet (ainda perguntariamos: o que é e para que serve?), uma dimensão do que estava acontecendo lááá e que nos afetaria os tímpanos de alguma forma.
De tudo, ficou o disco com o nenezão na capa e que marcou todo mundo que não era jeca (jecas ainda eram artigos raros por aqui) naquela época. Paradoxalmente, foi o começo do fim para o Nirvana e para Cobain: a pressão do estrelato em escala mundial e a superexposição levaram o cara ao colapso, e ao suicídio quase três anos depois.
quarta-feira, 21 de setembro de 2011
20 anos de 1991
terça-feira, 20 de setembro de 2011
Recall de cavalo empacado
Esses cavalos...
Frank Miller, hq's e cinema
Frank Miller, antes de elaborar “a queda” (cujo review foi apresentado acima), salvou o advogado cego do ostracismo na Marvel, evitou o cancelamento da HQ nos EUA, no final dos anos setenta, e, de quebra apresentou a personagem Elektra para o universo dos quadrinhos. Revitalizou a estética dos quadrinhos com argumentos que abrangem o submundo, com suas putas, criminosos e corrupção policial, lançados sobre cenários de sombras e violência. Eis o pano de fundo para arte de Frank Miller e daqueles que com ele colaboram e com os quais colaborou, seja com roteiros que refletem a perversidade mundana, seja com as sombras sobre as quais se desenvolvem roteiros.
Percebem-se elementos de linguagem cinematográfica transposta para os quadrinhos, com closes e sequências que sugerem movimento, luzes e sombras. Dentro de um contexto comercial e de cultura de massa, no qual personagens servem para vender bonecos, Miller estabeleceu um novo patamar de qualidade e de proposição artística, sem desencantar-se com a cultura pop. Desenha, para o argumento de Chris Claremont, uma série de HQ que dá protagonismo para Wolverine, hoje um ícone pop; salva o cavaleiro das trevas da jequice, ao apresentá-lo como um sujeito de meia-idade ranzinza e pessimista em um futuro nuclear repleto de adolescentes violentos; mata e ressuscita Elektra, em uma obra de arte em forma de HQ; conta a história de um samurai em Ronin e da luta dos 300 nas Termópilas; edita, desenha e roteiriza o mundo-cão de Sin City...
A redenção de Miller no cinema se dá em Sin City, que virou Cult e que não é exatamente um filme, parecendo mais um gibi na tela, em preto e branco, com luzes e sombras, sem moral da história, com personagens sem nenhuma idoneidade, num cenário de submundo. Aqui o mérito é todo do sujeito: compôs a HQ, roteiro e ilustrações, e acompanhou Robert Rodriguez na direção do filme. Infelizmente, a proposta hq/filme torna a não funcionar em Spirit. Vai entender...
domingo, 18 de setembro de 2011
review de hq
Lembro de ter lido "a queda de Murdock" pela primeira vez na saudosa revista superaventuras marvel, no (hoje) famigerado formatinho. E, de cara, tomei um susto com a abordagem de Miller em relação ao demolidor. Claro, todos sabem que o autor já havia feito um trabalho memorável em sua passagem anterior pelo título do homem sem medo, mas aqui ele se superou. Auxiliado pela fantástica arte de Mazzuchelli, o roteirista criou uma história de redenção absolutamente maravilhosa. Sim, mais do que tratar da derrota e decadência de um herói, Miller nos ofereceu um olhar sobre os motivos e circunstâncias que fazem um homem renascer das cinzas extremamente modificado e, ao mesmo tempo, com sua essência intacta. Sempre é bom lembrar que o título original da saga é "born again" (renascido).
capa de um dos números da saga nos EUA |
De qualquer modo, ler "a queda de Murdock", mesmo após mais de 20 anos de sua primeira publicação, é comprovar que uma grande hq não envelhece. Ao contrário, fazer uma releitura dessa obra foi extremamente gratificante. Obrigado por essa, Frank e David.