sábado, 24 de setembro de 2011

Review: Donnie Darko

Aproveitando meu mês grátis da Netflix (cuja assinatura vou cancelar antes que comecem a me cobrar devido ao fraco repertório de títulos disponíveis), revi Donnie Darko, mas dessa vez na versão original, e não a director’s cut. Para quem não sabe do que se trata, é o tipo filme do gênero what the fuck?, que o cara assiste e fica se perguntando do que se trata, afinal, aquilo tudo.

Donnie Darko tem várias coisas bacanas que permitiram, não obstante o orçamento mirrado, a criação de um dos melhores filmes da década de 2000. A abertura é com chave de ouro: Donnie andando de bicicleta ao som de Killing Moon.





Não precisa dizer mais nada. É trilha sonora oitentista na veia. Confiram se não estou mentindo:

  • "Never Tear Us Apart" by INXS
  • "Head Over Heels" by Tears for Fears
  • "Under the Milky Way" by The Church
  • "Lucid Memory" by Sam Bauer and Gerard Bauer
  • "Lucid Assembly" by Gerard Bauer and Mike Bauer
  • "Ave Maria" by Vladimir Vavilov and Paul Pritchard
  • "For Whom the Bell Tolls" by Steve Baker and Carmen Daye
  • "Show Me (Part 1)" by Quito Colayco and Tony Hertz
  • "Notorious" by Duran Duran
  • "Stay" by Oingo Boingo
  • "Love Will Tear Us Apart" by Joy Division
  • "The Killing Moon" by Echo & the Bunnymen

Bom, só a trilha sonora já valeria o filme. Mas os anos 80 não ficam só na trilha sonora. Embora produzido em 2001, toda a trama se passa em 1988. Para os saudosistas (como eu e meus companheiros deste humilde blog) é um prato cheio. E a explicação para a escolha da época, pelo diretor Richard Kelly é que ele queria fazer um filme sobre adolescentes, mas não se sentia a vontade para falar sobre a geração de hoje (no caso, já a de ontem) que ele não viveu, e que os anos 80 eram a época favorita dele. Ponto para o diretor: mais uma escolha acertada.

A caracterização da época também é muito fiel. Particularmente gostei do diálogo da irmã de Donnie com o pai. “Vou votar no Dukakis”. O pai repreende a guria ao melhor estilo tea party, e começa com aquela velha ladainha sobre os democratas aumentarem os impostos. Outra cena memorável é a conversa dos amigos de Donnie sobre a sexualidade dos Smurfs.

Claro que só isso não faria o filme ser o cult que viria a ser. Como já tinha falado no início, Donnie Darko é um filme what the fuck?, ou seja, faz o cara pensar o que seria aquilo tudo. Basicamente é difícil entender o filme por si só, e não é a toa que existem um zilhão de FAQs pela Internet. Para os curiosos, é bom ler a http://www.stainlesssteelrat.net/ddfaq.htm e tentar entender alguma coisa.


















A versão original é mais difícil ainda. Recomendo a director’s cut, que traz páginas do livro fictício “A filosofia da viagem no tempo”, de autoria da Vovó Morte, outra personagem bizarra e memorável.


Aliás, bizarro é quase tudo nesse filme, começando pela interpretação de Jake Gyllenhaal, que mais tarde ganharia notoriedade com aquele filme de cowboy gay. Donnie parece estar sempre num estado letárgico e perturbado.









Uma das teorias populares sobre o filme é que Donnie Darko é realmente um adolescente esquizofrênico, e que as visões do coelho Frank e o enredo de viagem no tempo não passam de fantasias criadas por sua mente.

Há também uma teoria envolvendo questões como desejo de incesto e repressão da sexualidade mediante fantasias de ficção científica (no caso, as viagens no tempo).

Entretanto, o diretor faz questão de enfatizar que o filme é sim sobre viagem no tempo. No caso, entretanto, o tema é abordado de uma forma mais confusa que aquela normalmente abordada em filmes do gênero. E parece que o director’s cut procura esclarecer isso. Destaque para a cena em que a psiquiatra fornece placebos a Donnie, provavelmente acreditando que o guri não está louco, no final das contas.

Também não poderia deixar de mencionar mais dois personagens memoráveis: o guru da auto-ajuda e pedófilo, vivido pelo já no final de carreira Patrick Swayze, e a professora carola entusiasta.







Confesso que, mesmo lendo as FAQs, o argumento não parece fazer muito sentido para mim. Acredito que o principal mérito do filme seja exatamente esse de instigar sobre o que aconteceu. Deixar dúvidas. Mesmo que a conclusão não seja lá essas coisas, o caminho que o espectador passa para chegar a sua ­- já que o filme não deixa nenhuma questão realmente clara – é o que faz de Donnie Darko um filme a ser visto e revisto.

4 comentários:

  1. Muitos amigos já me falaram muito bem deste bizarro filme.
    Também gosto de filmes que não explicam muito e deixam o espectador tirar suas próprias conclusões.
    Vou ver se consigo assisti-lo.
    Valeu.

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  2. Bah. Quero ver o filme. Tentarei encontrar em algum lugar, talvez até mesmo em uma locadora.
    Grande dica, grande post. "Melhor estilo tea party",rarara. Muito bom.

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  3. PC, podes aproveitar para assinar a Netflix por um mês de graça e ver onlne. Ou baixar nos meios alternativos, caso em que eu recomendo buscar a versão do diretor.

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  4. Assisti a algum tempo, mas nao achei tao bom.. A trilha e legal...

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