Frank Miller, antes de elaborar “a queda” (cujo review foi apresentado acima), salvou o advogado cego do ostracismo na Marvel, evitou o cancelamento da HQ nos EUA, no final dos anos setenta, e, de quebra apresentou a personagem Elektra para o universo dos quadrinhos. Revitalizou a estética dos quadrinhos com argumentos que abrangem o submundo, com suas putas, criminosos e corrupção policial, lançados sobre cenários de sombras e violência. Eis o pano de fundo para arte de Frank Miller e daqueles que com ele colaboram e com os quais colaborou, seja com roteiros que refletem a perversidade mundana, seja com as sombras sobre as quais se desenvolvem roteiros.
Percebem-se elementos de linguagem cinematográfica transposta para os quadrinhos, com closes e sequências que sugerem movimento, luzes e sombras. Dentro de um contexto comercial e de cultura de massa, no qual personagens servem para vender bonecos, Miller estabeleceu um novo patamar de qualidade e de proposição artística, sem desencantar-se com a cultura pop. Desenha, para o argumento de Chris Claremont, uma série de HQ que dá protagonismo para Wolverine, hoje um ícone pop; salva o cavaleiro das trevas da jequice, ao apresentá-lo como um sujeito de meia-idade ranzinza e pessimista em um futuro nuclear repleto de adolescentes violentos; mata e ressuscita Elektra, em uma obra de arte em forma de HQ; conta a história de um samurai em Ronin e da luta dos 300 nas Termópilas; edita, desenha e roteiriza o mundo-cão de Sin City...
A redenção de Miller no cinema se dá em Sin City, que virou Cult e que não é exatamente um filme, parecendo mais um gibi na tela, em preto e branco, com luzes e sombras, sem moral da história, com personagens sem nenhuma idoneidade, num cenário de submundo. Aqui o mérito é todo do sujeito: compôs a HQ, roteiro e ilustrações, e acompanhou Robert Rodriguez na direção do filme. Infelizmente, a proposta hq/filme torna a não funcionar em Spirit. Vai entender...
Cara, tenho várias restrições ao Miller, que vem desde o Robocop 2. Não vou nem mencionar o 3, que seria caso de pena capital.
ResponderExcluirNão li o gibi do 300, porque considero o filme entre os 10 (talvez 5?) piores que já vi na vida. É uma fantasia homo-sado-masoquista do autoentitulado (como fica isso com a reforma ortográfica?) "diretor visionário". Tudo no filme é ruim, desde o cenário tosco, passando pelas frases de efeito, a canastrice de Gerard Butler, o Rei Xerxes fazendo massagem no ombro do Rei Leônidas, culminando com a morte do rei espartano ao melhor estilo Martírio de São Sebastião (que para quem não sabe, é o Santo Padroeiro dos homossexuais, tendo muitos devotos entre o Grupo Gay da Bahia). Isso sem entrar no mérito das questões políticas, com mensagens do tipo, foda-se a diplomacia e as instituições democráticas", vamo prá guerra duma vez!
Já o Sin City é um grande filme, e talvez tenha se saído bem por causa da direção de Robert Rodriguez. O Spirt ficou muito ruim talvez porque o Miller não saiba que roteiro de quadrinhos e direção de cinema são duas coisas diferentes. Cada um no seu quadrado, como já dizia aquela sábia canção de nossa música brasileira.
Já pelos filmes do Demolidor e da Elektra acho que não se pode culpar o cara, ele não teve nada a ver com aquilo e até quem nunca leu os quadrinhos percebe que só os nomes dos personagens permanecem nas adaptações para a telona.
Teria um reparo somente a fazer no teu post: esqueceste de mencionar o talento de Miller como ilustrador na melhor história já feita sobre o Wolverine.
Acho que existem dois Frank Millers, o da década de 80 e o atual.
ResponderExcluirE algumas adaptações ficaram realmente tenebrosas, como Spirit, uma das hqs mais icônicas da história, que virou um filme pra lá de podre.
Linkei vocês lá no RS, e um site sobre hqs e cultura pop que eu indico muito é o http://poltronamobius.wordpress.com/
de Vinícius Falcão, meu amigo da blogosfera de longa data.
Até mais.