domingo, 27 de novembro de 2011

Motivos para invejar a Argentina

Por aqui, o que acontece do outro lado do rio parece ser muito mais distante do que o que acontece no outro lado do oceano e no hemisfétio norte. O que acontece lá, para além das bandas de Uruguaiana, parece ser sempre menor, irrelevante ou sem qualquer significado para as corporações midiáticas que mandam nas tevês e temem a internet. A única razão que orienta a compreensão televisiva sobre a Argentina parece ser o futebol. Mas, o que fazer quando esta parece ser a razão de existir de algumas figuras que infestam a grande mídia? Em alguns lugares, como no sul do sul do Brasil, se sabe um pouco mais da Argentina, se vai além de se reconhecer como país de Maradona e de Messi. Mas, do pouco que se sabe daquela terra tão perto e tão longe, é possível deduzir alguns motivos para que possamos invejá-los. Segue uma breve demonstração de um país que viabiliza o exercício do direito à memória, tão curta e subestimada por aqui.
Na Argentina golpistas e torturadores da ditadura militar piam fino. Lá, pelo que se percebe, milico não tem muito espaço para, postado como um chester-peito-duplo-com-medalhas, defender ditadura. E quando comete tal façanha, a justiça não tarda em enquadrar o sujeito. Existe compromisso social, desde os poderes da República, passando pela sociedade e pela imprensa, de não haver tolerância posturas anti-democráticas saudosas da ditadura militar que por lá grassou.
Lá a justiça pune torturadores, sejam generais ou coronéis, de forma exemplar, como o abominável Videla. A afirmação é auto-explicativa. Por aqui o assunto é quase um tabu, e, quando é abordado por grandes corporações, sempre vem de modo muito tolerante e mansinho em relação aos golpistas. Por lá, golpistas e torturadores são julgados e condenados pelos crimes que cometeram, ao mesmo tempo em que se afirma o direito à memória, a justiça e a democracia.
Espera-se que por aqui a Lei 12.528, de 18 de novembro de 2011, produza bons resultados, com seu propósito de de efetivar o direito à memória e à verdade histórica e promover a reconciliação nacional, ao invés de esconder os esqueletos nos armários. Mas, para além da lei, se faz necessário maior compromisso com a verdade histórica e o direito à memória por parte das grandes corporações midiáticas.

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