Para desespero dos barões midíaticos deste Brasil varonil, o senador Demóstenes Torres encontrou seu fatídico destino nas mãos do grande Carlinhos Cachoeira. Assim, junto com o muito provável finado mandato do senador dos democratas, vão também as ilusões vãs alimentadas pelos jornalões de que a oposição de direita finalmente pudesse decolar. E mais, junto com mar (ou cachoeira…) de lama que carrega o outrora bastião da moralidade pública, vai também o último suspiro do antigo PFL, vetusto e legítimo representante de nossa vanguarda do atraso. Afinal, o que sobra agora para os antigos pefelistas? Depois da morte de ACM, da cassação de Arruda e das sucessivas derrotas nas eleições nas quais estiveram a reboque do tucanato, os bons e velhos reaças da política ficaram totalmente sem rumo, perdidos entre a oposição farsesca e o moralismo de cuecas. A revista Veja bem que tentou, mas não conseguiu dar novo fôlego aos neoudenistas, de modo que podemos aguardar novos e emocionantes episódios da verdadeira presepada que tem sido a cobertura dos atuais eventos. Que bom. Mais diversão a caminho.
sexta-feira, 30 de março de 2012
quarta-feira, 28 de março de 2012
Review: Roger Waters em Porto Alegre (Parte II)
O segundo bloco do espetáculo abre com a belíssima Hey You, com o inconfundível dedilhado de guitarra em Nashville Tuning. Talvez uma das melhores canções do álbum, apropriada pelo personagem de
Mark Zuckerberg Jesse Eisenberg no filme "A Lula e a Baleia", de 2005.
Na sequência, a também bela Is There Anybody Out There e seu também inconfundível dedilhado de violão clássico.
As fracas Vera e Bring The Boys Back Home servem somente para emendar a história e anunciar a chegada da icônica Confortably Numb.
Interpretar uma canção que é marca registrada do Gilmour é um peso para qualquer um. G.E. Smith até consegue emular a guitarra com competência o encargo, mas os vocais de Robbie Wyckoff não chegam nem perto.
A burocrática The Show Must Go On encerra a trama do astro de rock que tem um piti no camarim. Segue, então, a parte que eu considero mais interessante do show. Como no roteiro do álbum, após ser devidamente anestesiado pelo seu médico particular (mais um daqueles casos em que a vida imita a arte, e vice-versa), Pink (interpretado por Waters) chega ao palco vestido de nazista e com delírios de grandeza. Destaque para a ilustre presença do icônico porquinho de Animals, desta vez recriado como um javali nazi.
Em tradução livre, avisa "Tenho más notícias, meu bem. Pink ficou no hotel e nos mandou como banda substituta. Vamos ver quanto os seus fãs vão aguentar". Segue perguntando "Há algum fresco na plateia? Quero ele no paredão! (...) Aquele lá parece ser Judeu, aquele outro, um negão (....) Quem deixou toda essa gentalha entrar aqui?". Então, à moda Rambo, pega uma metralhadora e começa a atirar.
No muro, é projetada a pergunta: "Há paranoicos?", anunciando a arrasadora Run Like Hell e seu inconfundível riff de guitarra com delay.
Se em Goodbye Blue Sky, Waters homenageava corporações como Shell, MacDonald's e Mercedes, aqui ele dedica um bloco inteiro à empresa do finado Steve Jobs. No muro, são projetadas imagens de figurinhas como Mao Tse Tung, Osama Bin Laden e George W. Bush, em versão "iPod People", acompanhados de palavras como iBelieve, iTeach, iLearn, iProtect e iKill.
Como já havia comentado, Roger Waters tem coragem para dizer o óbvio. Enquanto todo o mundo chorava a morte do fundador da Apple, era preciso alguém lembrar que o "gênio" era acima de tudo um patrão sem escrúpulos. As recentes denúncias contra a FoxxCon só confirmam que Waters é muito mais visionário que o falecido CEO da Maçã.
O artista sempre foi coerente em suas posturas. Logo após o colapso da União Soviética, enquanto Gilmour e cia. festejavam a queda do comunismo em Division Bell, Waters ironizava o milagre das forças do mercado em Amused To Death. A crítica a uma aparente unanimidade como a Apple também chega em boa hora.
Se Waiting for the Worms, Stop e The Trial não são lá grandes canções, pelo menos vêm acompanhadas de imagens perturbadoras e icônicas, como a marcha dos martelos e o julgamento com personagens que parecem ter saído de Alice no País das Maravilhas. O climax é a esperada queda do muro.
O clima folk de Outside The Wall serve para apresentar a banda ao público, que fica por trás do muro na maior parte da apresentação. Os músicos tocam instrumentos acústicos, como bandolins, violões e acordeons, mostrando a face humana por trás de todo o aparato tecnológico representado pelo muro.
É um final simpático e esperançoso.
Acho difícil outro show em Porto Alegre superar esse.
Na sequência, a também bela Is There Anybody Out There e seu também inconfundível dedilhado de violão clássico.
As fracas Vera e Bring The Boys Back Home servem somente para emendar a história e anunciar a chegada da icônica Confortably Numb.
Interpretar uma canção que é marca registrada do Gilmour é um peso para qualquer um. G.E. Smith até consegue emular a guitarra com competência o encargo, mas os vocais de Robbie Wyckoff não chegam nem perto.
A burocrática The Show Must Go On encerra a trama do astro de rock que tem um piti no camarim. Segue, então, a parte que eu considero mais interessante do show. Como no roteiro do álbum, após ser devidamente anestesiado pelo seu médico particular (mais um daqueles casos em que a vida imita a arte, e vice-versa), Pink (interpretado por Waters) chega ao palco vestido de nazista e com delírios de grandeza. Destaque para a ilustre presença do icônico porquinho de Animals, desta vez recriado como um javali nazi.
O porquinho malvado |
Em tradução livre, avisa "Tenho más notícias, meu bem. Pink ficou no hotel e nos mandou como banda substituta. Vamos ver quanto os seus fãs vão aguentar". Segue perguntando "Há algum fresco na plateia? Quero ele no paredão! (...) Aquele lá parece ser Judeu, aquele outro, um negão (....) Quem deixou toda essa gentalha entrar aqui?". Então, à moda Rambo, pega uma metralhadora e começa a atirar.
No muro, é projetada a pergunta: "Há paranoicos?", anunciando a arrasadora Run Like Hell e seu inconfundível riff de guitarra com delay.
Se em Goodbye Blue Sky, Waters homenageava corporações como Shell, MacDonald's e Mercedes, aqui ele dedica um bloco inteiro à empresa do finado Steve Jobs. No muro, são projetadas imagens de figurinhas como Mao Tse Tung, Osama Bin Laden e George W. Bush, em versão "iPod People", acompanhados de palavras como iBelieve, iTeach, iLearn, iProtect e iKill.
Como já havia comentado, Roger Waters tem coragem para dizer o óbvio. Enquanto todo o mundo chorava a morte do fundador da Apple, era preciso alguém lembrar que o "gênio" era acima de tudo um patrão sem escrúpulos. As recentes denúncias contra a FoxxCon só confirmam que Waters é muito mais visionário que o falecido CEO da Maçã.
O artista sempre foi coerente em suas posturas. Logo após o colapso da União Soviética, enquanto Gilmour e cia. festejavam a queda do comunismo em Division Bell, Waters ironizava o milagre das forças do mercado em Amused To Death. A crítica a uma aparente unanimidade como a Apple também chega em boa hora.
O clima folk de Outside The Wall serve para apresentar a banda ao público, que fica por trás do muro na maior parte da apresentação. Os músicos tocam instrumentos acústicos, como bandolins, violões e acordeons, mostrando a face humana por trás de todo o aparato tecnológico representado pelo muro.
É um final simpático e esperançoso.
Acho difícil outro show em Porto Alegre superar esse.
O definitivo Millor
Millor Fernandes se foi. E com ele se vão as frases irônicas, as tiradas engraçadíssimas, o brilhantismo e também a suavidade de um dos grandes nomes do jornalismo brasileiro. O traço de Millor esteve em minha memória desde minha infância e está indelevelmente ligado ao meu interesse por quadrinhos. Junto com o velho Jaguar, Millor definiu o moderno cartunismo brasileiro. Suas charges eram sempre ácidas, certeiras. Pelo andar da carruagem, todos os veículos de comunicação, independentemente das preferências políticas, passarão o dia fazendo homenagens a ele, sinal de que perdemos uma das raras unanimidades brasileiras, daquelas insubstituíveis.
segunda-feira, 26 de março de 2012
Review: Roger Waters em Porto Alegre (Parte I)
Embora nunca consegui realizar meu sonho de ver o Pink Floyd (e depois da morte de Rick Wright, esse sonho tornou-se definitivamente irrealizável), tive o privilégio de ver Roger Waters ao vivo duas vezes. A primeira foi na turnê In The Flesh, no já longínquo ano de 2002. A segunda foi ontem.
Os shows de Waters são daqueles que valem cada centavo investido no ingresso. Ao contrário dos caça-níqueis que costumam pintar pelo sul do Brasil, não se trata de uma apresentação de 45 minutos com direito a mais 10 minutos de bis com muito choro e insistência da plateia.
A equipe de Waters merece nota 10. Já a do Sport Club Internacional, nota 0. Na entrada do Beira-Rio, havia uma fila gigantesca que se prolongava até o Parque Marinha, e dava a volta até o Gigante (ou Chiqueiro). Péssima organização. Milhares de pessoas quase na completa escuridão, quebrada apenas por luzes de celulares. Ao contrário das partidas de futebol usual, quando destacam metade do contingente da Brigada Militar de todo o Estado para a Capital, contei uma meia dúzia de PMs por ali. Com a escuridão que fazia, só me restava rezar para que não aparecesse um arrastão. O pior de tudo é que, até então, eu acreditava que o Beira-Rio estava realmente lotado. Ledo engano. Chegando ao local, havia vários "buracos" entre a plateia da pista e pouco empurra-empurra. Ou seja, a direção do Internacional errou feio na organização, num total desrespeito ao público. Talvez a fila para o moedor de carne fosse menos angustiante.
Lá dentro, porém a coisa muda, graças ao elegante Mr. Floyd. O cenário do muro é realmente uma coisa grandiosa. Dá para descrever como um espetáculo da Broadway on steroids, como diriam os americanos. Uma delícia para os olhos e ouvidos.
Os fogos de artifício ao som dos primeiros power chords de In The Flesh anunciam que a experiência será literalmente "na carne".
Na sequência, a bela Thin Ice mostra que, mais que a pirotecnia, o espetáculo tem conteúdo relevante. Hoje em dia, é difícil ver um artista com culhão para fazer crítica social. Se os detratores de Waters e do Pink Floyd crescessem um pouco e começassem a prestar atenção na mensagem, certamente entenderiam que atitude é algo mais do que se encher de cordões de ouro e mulheres à volta para cantar com o auxílio do T-Pain Effect e passariam a calar a boca.
Os fogos de artifício ao som dos primeiros power chords de In The Flesh anunciam que a experiência será literalmente "na carne".
Na sequência, a bela Thin Ice mostra que, mais que a pirotecnia, o espetáculo tem conteúdo relevante. Hoje em dia, é difícil ver um artista com culhão para fazer crítica social. Se os detratores de Waters e do Pink Floyd crescessem um pouco e começassem a prestar atenção na mensagem, certamente entenderiam que atitude é algo mais do que se encher de cordões de ouro e mulheres à volta para cantar com o auxílio do T-Pain Effect e passariam a calar a boca.
Segue a manjada Another Brick In The Wall, recheada por The Happiest Days of Our Lives. A conhecida sequência com o helicóptero em som quadrifônico e encerrada pelo trem passando na frente do muro é quase a mesma de sempre, com o bonecão do professor malvado e o coro de crianças, sempre recrutado localmente. Nessa versão, não há muito destaque para a máquina de guisado. Menção honrosa para a guitarra de G.E. Smith, que acrescenta um belíssimo segundo solo ao arranjo.
Waters mostra que The Wall continua mais atual que nunca. Ao final de Another Brick In The Wall, o músico britânico mostra o brasileiro Jean Charles dentre as muitas vítimas da guerra. No caso, a tão famigerada Guerra Contra o Terror dos amargos anos Bush. Roger Waters teve a sensibilidade de conversar com os pais de Jean Charles e convidá-los para conhecer a apresentação.
A crítica à indústria da guerra pega um novo enfoque nessa releitura de The Wall. Waters pergunta: "Mother, should I trust the government?", ao passo que o muro responde com "No fucking way". A câmera do Big Brother é um espetáculo a parte, mostrando a opressão e vigilância justificadas pela "proteção".
Senti falta, porém, da cantora que fazia a parte da Mãe na turnê In The Flesh. Ao que parece, Waters quis ser mais fiel à versão original, e optou por um dueto com seu eu jovem, da época em que compôs a canção.
Durante Good Bye Blue Sky, numa das cenas mais belas do espetáculos, vemos, além das cruzes lançadas pelos aviões, estrelas de Davi, crescentes, foices e martelos, cifrões, e, é claro, os logos de corporações como a Shell, Mercedes e Mac Donald's. Impossível um recado ser mais direto que este.
A dobradinha Empty Spaces/Young Lust é outro momento que Gilmour faz falta. Única canção composta por Gilmour em todo o álbum, qualquer interpretação por estranhos vai ser um desafio. Embora G.E. Smith seja um guitarrista de calibre e consiga imitar com competência a elegante guitarra do Pink Floyd, os vocais de Robbie Wyckoff deixam muito a desejar.
De qualquer forma, as belas imagens da flor devoradora falam por si. Se, em 1980, a crítica ao consumismo para "preencher os espaços" era pertinente, hoje ela é muito mais do que atual nestes Tempos Líquidos.
De qualquer forma, as belas imagens da flor devoradora falam por si. Se, em 1980, a crítica ao consumismo para "preencher os espaços" era pertinente, hoje ela é muito mais do que atual nestes Tempos Líquidos.
Na sequência, Another Brick In The Wall Parte III. Com Good Bye Cruel World, o muro se fecha completamente, encerrando o primeiro bloco da apresentação.
quarta-feira, 21 de março de 2012
Piratas do Oriente
Também vou aproveitar para postar uma matéria bem engraçada, tirada do cinemacomrapadura.com.br.
E não é que os chineses pirateiam até cartaz de filme???
Parece piada, mas não é….
E não é que os chineses pirateiam até cartaz de filme???
Parece piada, mas não é….
Acme: Pirataria chinesa chega aos cartazes de filmes. Veja exemplos!
Falta de criatividade? Oportunismo? Plágio? Talvez tudo isso.
Jurandir Filho
Que a China é um país famoso por exportar imitações de produtos de grandes marcas, DVDs piratas e tudo quanto é tipo de quinquilharia a preços módicos, todo mundo sabe. Pirataria, falsificação e violações de direitos autorais na China provocaram perdas de mais de US$ 90 bilhões nos últimos três anos, afirma a Comissão Internacional de Comércio dos EUA (USITC, na sigla em inglês). A novidade é que distribuidoras de filmes chinesas especializaram-se em copiar os pôsteres de filmes consagrados do cinema internacional, em especial do norte-americano. Ninguém está imune.
O site chinês Wenxuecity.com (publicadas nos EUA pelo The Hollywood Reporter) garimpou as cópias mais absurdas. Veja a lista abaixo:
* Os créditos da matéria são para o redator do CCR, Victor Amaro.
Sol nascente
E já que o assunto do post anterior era cartaz, fiquei bem empolgado com esse cartaz do novo Wolverine. A expectativa de ver Eu, Wolverine adaptado para a telona - na minha opinião, a melhor história do baixinho invocado - poderá mudar a opinião do Tribunal Penal Internacional e absolver os responsáveis pela franquia da condenação pelo crime contra a humanidade que foi aquele caça-níqueis estrelado por Hugh Jackman.
10 cartazes cliché
Seleção de clichés em cartazes de filme no 22 Words. Trazendo à tona aquela máxima de que não há nada de novo sob o sol. Eu, particularmente, achei muito legal os estudos. E vocês?
Cabeças grandes no céu, pessoas pequenas na praia |
Armados e "dis costa" |
Texto grande na cara |
Costa contra costa |
Na cama |
Entre as pernas |
Olho grande |
segunda-feira, 19 de março de 2012
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