sábado, 17 de março de 2012
A Invenção de George Mèliés
Longe de ser o meu favorito do Scorsese ou ainda o meu favorito do ano, A Invenção de Hugo Cabret é uma belíssima homenagem ao cinema. Não o cinemão hollywoodiano de hoje, mas o cinema dos pioneiros. Aquela arte então incipiente, mais parecida com truques de mágica do que aquilo que viria se tornar nos anos posteriores.
Scorsese faz seu justo tributo aos franceses, legítimos inventores da Sétima Arte. Sim, ao contrário do que muitos podem pensar (como me esclareceram na City Tour que fiz em Hollyood), o cinema foi criado na França, pelos Irmãos Lumière, e não na California. Nem mesmo por Thomas Edison na Costa Leste. Mas isso é assunto para outro post. Não, não estou sendo irônico...
Mas a homenagem de Scorsese não é dirigida a estes dois irmãos luminosos, e sim a, talvez, o primeiro grande cineasta da história: Georges Méliès. Pioneiro, Meliès foi responsável por obras-primas como Le voyage dans la lune. Como mencionei, na época o Cinema estava muito mais associado ao ilusionismo, e não tardou para Mèliés introduzir a arte cinematográfica em seus shows de mágica, logo rendendo-se totalmente àquela. Seus filmes traduzem muito o experimentalismo que acompanhava aquela nova mídia.
É uma delícia ver Scorsese criando falsos making offs de filmes daquela época, mostrando toda a criatividade dos cineastas pioneiros. Especialmente bela é a cena em que é exibido o filme O Trem Chegando na Estação a uma plateia assustada, crente que o trem sairá da tela. A sacada de Scorsese é genial, mostrando o contraste do 2D com o 3D de Hugo.
Também vale o filme pela homenagem aos relojoeiros, que ganham o (merecido) status de verdadeiros artistas. É difícil imaginar como funcionavam os mecanismos complexos das engenhocas de relojoraria em tempos de arte digital. O realismo fantástico fica por conta do autômato encontrado pelo pai de Hugo, que serve de argumento para o desenvolvimento do resto da trama.
Mesmo a história melosa não chega a estragar o resultado final. Embora deslizando rumo ao piegas, a trama envolvendo o menino órfão e sonhador é o que menos importa em Hugo. Aqui, a forma sobrepõe-se majestosamente ao conteúdo.
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Belo post. Gosto dos filmes de Scorcese, salvo exceções. Hugo Cabret foge um pouco do que o cara, convencionalmente, tem feito: por isso desperta ainda mais o interesse.
ResponderExcluirEm tempo: Scorsese!
ResponderExcluirHaha! Quase deixei passar Scorcese no meu post também!
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