sexta-feira, 8 de junho de 2012

Mais uma lista, mais algumas polêmicas

Num mundo de listas, de "um, nenhum e cem mil", de cem livros, de mil livros, de cem mil livros, todos para ler antes de morrer, a vida não poderia ser breve (se considerado o tamanho da lista dos, em tese, imperdíveis e o tempo que dedicamos ao trabalho-que-dignifica-o-homem e outras tarefas). No contexto, é intrigante que são incomuns, senão inexistentes, listas com números primos, com números ímpares acima de cinco. Na verdade todos nós, especialmente Leonardo, elaboramos nossas listas, que ficam na mente ou saem por aí, em blogs e publicações. Os melhores jogos, os melhores livros, os melhores filmes, melhores-qualquer-coisa... Tem lista para tudo, e sublistas (por exemplo 1. melhores filmes; 1.1.melhores filmes de terror, 1.2. melhores filmes de ação...). O mundo das listas é democrático, abrangente, generoso, de tal modo que viabiliza a classificação e rotulação até do que não presta.
Eis que em tal mundo, muito interessante e muito polêmico (daí o interesse) surge uma lista que é uma antítese, ainda que em menor número e volume, aos mil livros para ler antes de morrer: se trata da lista dos livros para não ler antes de morrer, com quarenta (!?) livros, elabora pela revista bula. Tem uma outra lista, também elaborada pela mesma turma da revista bula, sobre os quarenta filmes para não assistir antes de morrer. Como toda e qualquer lista, é bastante polêmica, considerando os partidos estéticos e éticos de cada sujeito elaborador de lista. 
Se pensarmos em quanta porcaria ronda nossas vidas (filmes, músicas e livros de péssimo gosto, da lata do lixo) toda e qualquer lista do que não fazer antes de morrer ficaria prejudicada, dado o volume de "obras de referência" que é passível de se lançar nas listas. Imagina uma lista de músicas ou de discos ruins, desses que nos atormentam nos anúncios comerciais e nos carros dos magais que vem e que vão, mas que todos somos obrigados a suportar: mesmo que delimitássemos o período, com, por exemplo, dez anos, faltaria lugar para tanta merda num livro "só" com mil músicas ou com mil discos para não se conhecer antes da morte. 
Assim, resolvi fazer algumas considerações sobre listas, com referência na lista em questão, nos quarenta livros para não ler antes de morrer. Claro que, sobre específica lista que serve para a pretensiosa análise que faço, surge  uma pergunta preliminar: quais são os motivos que levaram ao número de quarenta obras. É intrigante, quase sempre que se pensa numa lista de quarenta, se pensa nos ladrões, mas certamente seria muito mais se os elaboradores da lista pensassem em trinta e sete livros para não ler antes do sono eterno. A principal consideração que faço, antes das demais considerações (todas derivadas desta) é sobre a necessidade de não se misturar lixo, subproduto do mercado editorial mais tosco, com livros de melhor qualidade, seja pelo destaque da obra (como Drácula, "one hit wonder" de Bram Stoker) ou pela autoria, da lavra de autor reconhecido ou em vias de se tornar reconhecido. Assim, não dá para misturar livros de autoria da criadora de vampiros emos com outros autores consagrados, que eventualmente cometeram seus deslizes. Não é cabível que em uma mesma lista figure obras de autoria de Stephenie Meyer ou de Hitler, o demente, misturadas com Umberto Eco e Saramago, sob o risco de leviandade e incoerência na elaboração da lista. Ainda, há que se desconsiderar o que deve ser desconsiderado, Em uma lista de livros de não-ficção não se pode ter consideração ou complacência com o lixo, de modo que nem se cogitaria o lançamento de títulos de livros de autoajuda, desenvolvimento pessoal e outras porcarias congêneres. Evita-se, com tal medida, a lista infinita das ruindades. Caso fosse eu a elaborar a lista, desconsideraria boa parte dos títulos e autores elencados, justamente por se posicionarem nos subterrâneos da crítica, da inteligência, em lugares distantes de qualquer consideração. É importante estabelecer um corte.
Outras considerações, tão simples quanto a principal consideração feita acima, é justamente a necessidade de, uma vez descartado o lixo, aquilo que não pode nem deve ser considerado, estabelecer uma racionalidade coerente para análise, para que seja possível elaborar listas de livros com abrangência universal, quanto aos períodos de publicação, gêneros e autores,  e para que se estabeleça, principalmente,  listas de objeto mais estrito, relacionados a cada época, gênero, autoria, temática.... É importante estabelecer um referencial para análise. Do contrário, a lista parece ser estabelecida sob orientação da má-vontade ou sob influência do espírito de porco. 
A partir das considerações feitas acima, posso pensar uma lista de dez piores discos de rock dos anos oitenta: desconsiderando o lixo, como, por exemplo, the outifield e similares (tem muita porcaria, não esqueçamos), figuraria na minha lista o disco october, do U2, que é uma verdadeira mancha discográfica na história dos dublinenses.
Após simples mas pretensiosas considerações, segue a lista que encontrei, e sobre a qual me referi, para que façam suas próprias considerações (a presença do Umberto Eco parece uma provocação ao Francis), ressalvando que não é de minha autoria tal lista. Faça-se afinal justiça: a maioria dos livros indicados induz a uma abreviação da tolerância do leitor menos desavisado com os respectivos autores e extensivamente com a humanidade, especialmente com o mercado editorial, de modo que a leitura de tais obras pode abreviar a vida de algumas pessoas. Vale a dica, nos casos, para não ler!
 

O Código Da Vinci
Dan Brown
Iracema
José de Alencar
Crepúsculo
Stephenie Meyer
Marimbondos de Fogo
José Sarney
A Cabana
William Paul Young
Animais em Extinção
Marcelo Mirisola
Eclipse
Stephenie Meyer
A Caverna
José Saramago
O Sexo e a Cidade
Candace Bushnell
O Pêndulo de Foucault
Umberto Eco
O Diário de Bridget Jones
Helen Fielding
Não Há Silêncio Que Não Termine
Ingrid Betancourt
Anjos e Demônios
Dan Brown
A Moreninha
Joaquim Manuel de Macedo
Lua Nova
Stephanie Meyer
A Paixão Segundo G.H.
Clarice Lispector
O Enigma do Quatro
Ian Caldwell
De Volta à Cabana
C. Baxter Kruger
Ponto de Impacto
Dan Brown
Forrest Gump: o Contador de Histórias
Winston Groom
Uma Vida com Propósitos
Rick Warren
A Bússola de Ouro
Philip Pullman
O Caso Laura
André Vianco
Fortaleza Digital
Dan Brown
Montanha Gelada
Charles Frazier
Harry Potter e a Pedra Filosofal
J.k. Rowling
O X da Questão
Eike Batista
A Última Música
Nicholas Sparks
A Vida Sabe o Que Faz
Zibia Gasparetto
O Segredo
Rhonda Byrne
Sem Deus: A Igreja do Liberalismo
Ann Coulter
Carnaval no Fogo
Ruy Castro
O Caçador de Pipas
Khaled Hosseini
Diário de um Mago
Paulo Coelho
A Estrada da Noite
Joe Hill
O Último Templário
Raymond Khoury
O Amante
Marguerite Duras
Brida
Paulo Coelho
Escrito nas Estrelas
Sidney Sheldon
Mein Kampf
Adolf Hitler

2 comentários:

  1. Pô, o Pêndulo de Foucault é um baita livro. O cara que elaborou essa lista se ateve à proposta e realmente não leu. Pelo jeito, ele tem alguma implicância gratuita com o Dan Brown e achou que o Eco, por servir de material de inspiração, devia ser incriminado também.

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  2. Polêmicas, polêmicas…
    Não colocaria, de forma alguma, o livro do Joe Hill, "A estrada da noite". É um bom livro de terror de um autor que melhora a olhos vistos. Realmente, o cara não gosta do Dan Brown. Também não sou grande fã, mas me parece o mesmo velho problema de sempre que acomete o nosso crítico: vendeu, é ruim… Achei que os sabichões já tinham superado isso...

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