terça-feira, 10 de julho de 2012

review de cinema: O espetacular homem-aranha

Boas e más notícias sobre o novo filme do homem-aranha. As boas: Andrew Garfield e Emma Stone são muito mais carismáticos do que Tobey Maguire e Kirsten Dunst e os efeitos especiais são excelentes, demonstrando o quanto a tecnologia evoluiu de 2002 pra cá. As más: o filme tem um enredo com mais furos do que um queijo suiço e o ritmo da história não flui como deveria.
Fui assistir ao filme dirigido por Marc Webb sem preconceitos ou grandes expectativas e por isso acabei curtindo novamente a história da origem do homem-aranha, com todo aquele manjado papinho sobre poder e responsabilidade, as cenas de bullying na escola etc, etc. Acho que, para a nova geração, que não viu no cinema os filmes de Sam Raimi, o reboot cumpre o que promete: apresenta de forma bem satisfatória o personagem da Marvel e estabelece as bases para uma nova série de sucesso. No entanto, algumas coisas me incomodaram durante a projeção: primeiro, o excesso de mudanças na personalidade de alguns personagens-chave da cronologia, como a própria Gwen Stacy. Embora a bela Emma Stone seja, além de  uma graça, muito talentosa, não me lembro da Gwen Stacy dos quadrinhos ser tão ligada em ciência a ponto de ocupar um cargo de destaque em um laboratório de ponta, como ocorre no filme. Me incomodou também a maneira acelerada como eles mostraram a origem do aranha, a ponto de ficarmos sem saber suas reais motivações, as razões pelas quais ele decide enfrentar o crime vestindo uma máscara e um uniforme coloridos. Acho que no filme de 2002 isso ficou muito melhor resolvido, pois, no momento em que Peter vestia pela primeira vez o uniforme definitivo, todos nós entendíamos o porquê e entendíamos também que ele havia completado sua curva de aprendizado. No novo filme, nunca fica claro se Peter é um sujeito `a procura de vingança, um irresponsável ou um legítimo super-herói. Me parece que faltou um certo polimento no roteiro nesse aspecto específico.


Quanto `a trama em geral, fica a impressão de que os roteiristas não conseguiram inovar em nada, apresentando uma história batida sem qualquer sentido. Esse aspecto, aliado ao fato de que o lagarto é um personagem inadequado para o cinema, por depender demais de efeitos digitais e destoar do clima realista que o diretor quis impor ao filme, prejudica o ritmo da narrativa. Aqui, me pareceu que quiseram imitar Batman Begins, colocando um vilão de segundo escalão para introduzir um personagem mais interessante em um segundo filme. O problema é que, no filme de Christopher Nolan, a história de origem é tão bem contada que o fato de termos um vilão que não representa grande ameaça ao herói não prejudica o ritmo da película. Em "O espetacular homem-aranha", por ser a trama da origem tão insípida, a presença de um vilão mais interessante seria imperativa.

Garfield convence


Stone encanta

Lagarto dá sono

Bem, mas escrevi lá em cima que curti o filme. Por quê? Trata-se de uma boa história de aventura, com um elenco bem afinado e boas sequências de ação. Gostei de pelo menos uma: a luta nos esgotos, que lembrou um pouco algumas histórias clássicas do aranha. Também gostei de não terem apresentado o Peter como um bocó, como aparecia nos filmes de Sam Raimi, algo que ele nunca foi nos quadrinhos;   apreciei muito o fato de terem ressaltado o humor tão característico do aranha das hq's e também seu lado "gênio da ciência", outros aspectos sempre ignorados por Raimi em sua trilogia. Enfim, fiquei satisfeito, de um modo geral, com o filme, embora não o coloque no mesmo patamar de outras adaptações, como os vingadores, cavaleiro das trevas ou mesmo x-men: primeira classe, só pra citar os exemplares mais recentes de filmes de super-heróis de excelente qualidade.


2 comentários:

  1. Pois não consegui ver o Amigão da Vizinhança ainda. Depois darei minha opinião. Belo review!

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  2. Grande texto. A menção aos X-men é pertinente: se trata, assim como o (agora)primeiro aranha,das melhores adaptações de hq para a telona.

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