Além das comemorações em torno dos 20 anos do "Nevermind", do Nirvana, este ano já está sendo marcado por alguns eventos relativos a outro álbum clássico da década de 90: o "Achtung Baby", do U2. Recentemente a banda divulgou o lançamento de "AHK-toong BAY-by", disco de covers que traz artistas como Patti Smith, The Killers, Garbage e Jack White reinterpretando as canções que marcaram uma das maiores viradas na carreira de uma banda de rock.
Para quem não lembra, o "Achtung" foi o responsável por apresentar ao público dos recém-chegados anos 90 um U2 mais experimental, trazendo uma profusão de guitarras distorcidas e o recurso ostensivo de efeitos eletrônicos. Não que isso fosse novidade. Basta lembrar que bandas como Kraftwerk, Depeche Mode e New Order já faziam uso desses recursos em suas músicas. No entanto, o que torna o disco do U2 surpreendente é a extrema ousadia dos irlandeses, que abandonaram, a partir desse álbum, uma postura que é por muitos considerada messiânica e com excesso de politização em prol de uma estética mais "rockstar".
Isso fica visível até mesmo nos figurinos de Bono e cia. A troca de roupas tradicionais por jaquetas de couro e óculos escuros foi uma bem calculada mudança de estilo em uma banda marcada pela sobriedade e pelo tom sério com que encarava sua "missão" como voz da consciência de toda uma geração nascida na esteira do pós-punk. O mais interessante talvez seja o fato de que o U2 promoveu essa grande mudança em sua carreira após uma série de álbuns bem-sucedidos tanto comercial quanto artisticamente. Basta lembrar que "The Joshua Tree", o disco de estúdio anterior, é considerado um dos grandes álbuns do século XX. Sem dúvida, o "Achtung" representa um dos raros momentos do rock em que uma banda deixa sua zona de conforto e muda o rumo de sua carreira de forma consciente e com grande habilidade.
Claro que toda essa "embalagem" assumidamente pop não seria suficientemente marcante se as faixas do "Achtung" não lhe fizessem justiça, mas é exatamente pelas canções que o álbum é lembrado até hoje. Ao escutarmos a faixa de abertura, "zoo station", já percebemos o caminho que o U2 traçaria: repleto de influências techno, disco e punk, além de marcado por um clima de "queda do muro" e até mesmo por referências a slogans publicitários ("even better than the real thing), "Achtung Baby" é daqueles discos que se revelam como verdadeiras experiências dos sentidos. Músicas como "one", "ultraviolet" e "until the end of the world" marcaram uma geração, fazendo do "álbum da virada" um clássico absoluto e obrigatório para todos os fãs do U2 e da música pop de qualidade. Merece as comemorações.
Claro que toda essa "embalagem" assumidamente pop não seria suficientemente marcante se as faixas do "Achtung" não lhe fizessem justiça, mas é exatamente pelas canções que o álbum é lembrado até hoje. Ao escutarmos a faixa de abertura, "zoo station", já percebemos o caminho que o U2 traçaria: repleto de influências techno, disco e punk, além de marcado por um clima de "queda do muro" e até mesmo por referências a slogans publicitários ("even better than the real thing), "Achtung Baby" é daqueles discos que se revelam como verdadeiras experiências dos sentidos. Músicas como "one", "ultraviolet" e "until the end of the world" marcaram uma geração, fazendo do "álbum da virada" um clássico absoluto e obrigatório para todos os fãs do U2 e da música pop de qualidade. Merece as comemorações.
Grande álbum. Um dos últimos grandes do rock.
ResponderExcluirLendo os posts de vocês, a impressão que se fica é que 91 foi para o rock algo como 68 foi para o cenário político nacional.
ResponderExcluirE concordo que este é um grande álbum e que os roqueiros devem adaptar seus estilos aos novos tempos (ou ficar como o Robert Smith, uma paródia de si mesmo).
E bandas que não tem mais porque ficarem na ativa devem se desfazer mesmo, como o R.E.M. fez.
Abraço.
Olha, não sei dizer se dá pra comparar com 1968 etc. Mas com certeza 1991 foi o grande ano do rock pra nossa geração. Jamais teríamos novamente, em um mesmo ano, tantos lançamentos marcantes: nevermind, achtung baby, out of time, black album, screamadelica, use your illusion, ten, blood sugar sex magic, sweet oblivion. Todos sao discos classicos de bandas que estavam no auge.
ResponderExcluirPara mim o grande ano do rock foi 1968, se bem que a ruptura já chegou em 1965. Mas o Paulista curte muito esse lance anos 90 e tal. Mas concordo que teve muita coisa boa neste ano. Pena que a qualidade não se manteve nos subsequentes (para o rock em geral). De qualquer forma, é bom lembrar que em novembro vai fazer 40 anos um dos maiores albuns da história: o Led IV. Vou preparar um post mais adiante.
ResponderExcluirAcho que 67 foi relevante: o primeiro dos doors, o primeiro do pink, bech boys com pet sounds...
ResponderExcluirMas, nossa geração tem um ano e uma data de grande relevância para quem curte rock: 1991. Não se trata de comparar com outros períodos, mas de apontar oe porquês de se tratar de um ano inesquecível para nossa turma.
Grande texto para um álbum que tirou o U2 da modorra messiânica para a sua melhor obra. Um grande disco, um dos melhores que tive a oportunidade de ver ser lançado, de poder dizer: "que disco foda" ao vivo e na data.
Sem dúvida, o melhor disco dos caras. Lembro que um dos grandes fãs dos irlandeses, Win Wenders, aproveitou uma das músicas (until the end of the world) em um de seus filmes.
Depois, tudo o que o U2 fez se tornou superfluo perto de Achtung Baby e da turnê que o seguiu.