quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Um grande exemplo da banda oriental

Enquanto no Brasil foi aprovada no Senado, ontem, a lei que regula a comissão da verdade e sua perspectiva light, outros países, como a Argentina e o Uruguai, vem tomando providências mais sérias e mais duras contra aqueles que torturaram, perseguiram e mataram durante as ditaduras militares. Ontem foi noticiado a condenação à prisão perpétua do famoso torturador argentino Alfredo Astiz, de alcunha "anjo loiro", sádico atuante na Escola de Mecânica da Armada (um dos grandes centros de tortura e terrorismo estatal da ditadura instaurada na Argentina entre os anos 1976 e 1983). NO Uruguai, deixa de existir prescrição para os crimes cometidas debaixo dos coturnos da ditadura, o que viabiliza a punição de milicos que se encontram na reserva.
Uma breve vista do cenário que se apresenta aos carrascos de ditaduras militares em países platinos, e se percebe que tais lugares encontram-se, para nós, tão longe quanto ao compromisso histórico de seus governos, mesmo tão perto geograficamente. Por aqui condenar quem torturou e matou é revanchismo. Julgar os que se auto-anistiaram é desrespeito à legalidade. E por aí vai, na cantilena que agrada saudosos da milicada no governo, e mesmo da casa-grande a explorar a senzala. Ao agrado dos herdeiros espirituais dos capitães-do-mato, temos no Brasil o remanso para bons velhinhos e senhores de meia-idade, de pijama, afeitos a discursos moralistas e, em grande parte, religiosos, que um dia num passado não tão distante foram inquisidores, torturadores e carrascos. Mas, deixa pra lá...
Enquanto os hermanos se comprometem com a democracia e sua afirmação histórica, por aqui, mais precisamente em Rio Grande, é aprovada pela Câmara Municipal o absurdo da homenagem para o velho Golbery, raposa da ditadura e golpista por paixão e profissão. Mas, mencionada a Argentina, por aqui vale o senso comum, padrão Galvão Bueno: "é bom ver o Brasil vencer, e vencer a Argentina é muito melhor". É, isso que dá a bola sair do futebol, do campo de jogo, para nos atingir, na testa.
Segue matéria publicada no Sul 21.

Uruguai aprova lei que elimina prescrição para crimes da ditadura
Governo de Pepe Mujica aprova lei que elimina prescrição para crimes cometidos no regime militar
Da Redação

O Congresso do Uruguai aprovou nesta quarta-feira (26) o texto que elimina a prescrição – quando se conclui que passou muito tempo para julgar um determinado crime – para atos cometidos durante a ditadura militar no país (1973-1985). Na prática, a medida autoriza a abertura de processos contra militares que estão na reserva.
O presidente uruguaio, José Pepe Mujica, foi um dos defensores da proposta. Nos anos 1970, Mujica integrou o Movimento de Liberação Nacional Tupamaros, que combatia a ditadura, enfrentando 15 anos de prisão. A mulher dele, Lúcia Topolansky, é senadora e uma das parlamentares mais atuantes no Uruguai.
O texto foi submetido a votações, inicialmente no Senado e depois na Câmara. A proposta atende a uma recomendação da Corte Interamericana de Direitos Humanos que pediu ao Uruguai para eliminar os obstáculos jurídicos que impedem o julgamento de crimes ocorridos durante o período militar, considerados de lesa-humanidade.
A proposta reúne essencialmente quatro artigos. Pelo texto, é restaurado o direito de o Estado punir os crimes cometidos no período militar. No segundo artigo, é eliminada a prescrição para os processos envolvendo o mesmo período. Nos artigos seguintes, as infrações cometidas no período da ditatura são declaradas como crimes contra a humanidade. A lei entra em vigor após a sua promulgação pelo governo. As informações são do Senado do Uruguai.

Com informações da Agência Brasil

Um comentário:

  1. Belo texto! E realmente, perder para os hermanos desse jeito é uma vergonha. Cadê o Galvão nessas horas?

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