Com o passar dos séculos, a maioria destas carreiras, inventadas pelo próprio Asmodeu quando expulso do paraíso, tem caído no esquecimento, passando a meras notas de rodapé dos livros de história. Tal aconteceu com as mais variadas espécies de verdugos e torturadores conhecidas: o arrancador de unhas, o preparador de fogueira e o afiador de guilhotina.
Contudo, algumas destas figuras quase folclórica ainda existem em nossa sociedade. Destaco hoje a profissão de PORTEIRO.
Os consultores de departamentos de RH (outra profissão do mal) exigem, como requisito para recrutamento de porteiros, a completa inaptidão interpretativa, analfabetismo funcional e ausência de qualquer conhecimento sobre vida prática. O perfil ideal de porteiro deve apresentar QI inferior a 42 e uma obsessão incontrolável pelo cumprimento de normas internas da empresa.
O porteiro acredita piamente que o interior da empresa onde trabalha é uma zona de imunidade absoluta às leis externas. Constituição Federal, Código Penal ou mesmo as Leis de Newton podem a qualquer momento ser revogadas pelas ordens expressas do patrão. O porteiro acredita que seu patrão é uma espécie de super barão, senhor absoluto daquele território que se chama empresa, condomínio, repartição pública etc. Assim, fica garantido que o porteiro cumprirá fielmente as ordens a ele estabelecidas. E o porteiro fica feliz por estar cumprindo ordens. Ele pode barrar alguém por ser judeu, homossexual ou africano. Ele tem este DEVER garantido pelo poder divino atribuído às normas internas da empresa.
Se o leitor deste humilde blog tiver qualquer dúvida sobre o post, confira esta notícia envolvendo um Procurador Federal impedido de entrar no TRT de Minas Gerais porque usava capacete. Ah, mas aí é uma questão de segurança, poderia ser um bandido escondendo o rosto sob o capacete. Bom, meus amigos, se fosse esse o caso, eu até dava razão ao porteiro. Mas nosso advogado impedido de exercer a profissão naquele momento estava carregando o capacete na mão. Ah! Mas regra é regra. Não pode entrar com capacete, e pronto!
Que texto!
ResponderExcluirBah, muito legal.
Profissão do mal, assim como o pessoal do RH, rerere... Dá para incluir aí os consultores de auto-ajuda! Ou consultores, quase que na totalidade.
Sim, há toda uma categoria de profissionais do mal!
ResponderExcluirMuito bom o texto! Sempre achei que os porteiros de boate vivem em uma zona de anomia… A margem da legalidade. Poderiamos incluir entre essas profissoes a de dono de funeraria.. Como sempre digo, so o capitalismo convive com um sistema privado de defunteiros…
ResponderExcluirSobre o dono de funerária, me lembrei que o principal argumento para não existir trem no Brasil é preservar os empregos dos caminhoneiros. Ou seja, as mortes nas estradas, a combinação boleta+cachaça+horas extras, os engarrafamentos intermináveis e os altos custos gerados ao contribuinte são justificáveis pela geração de empregos.
ResponderExcluirNa verdade, acredito tenham confundido o conceito de porteiro com leão-de-chácara que são uma espécie upgrade de porteiro, assemelhados aos seguranças.Mas no entanto, seguem exatamente os pré-requisitos citados no artigo como um dente da engrenagem do sistema.
ResponderExcluiruma sugestão para profissões do mal: atendente de telemarketing!
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