sábado, 31 de dezembro de 2011

dia de ano novo

Climão de ano novo…
Nada como encerrar o ano com uma das maiores bandas de todos os tempos fazendo o que sabe fazer melhor: mandando muito bem ao vivo.



sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Grant Morrison recontando a origem do superman

Grant Morrison é um dos grandes autores de quadrinhos dos últimos 20 anos. Desde seus trabalhos com o "homem-animal", no final dos anos 80, o roteirista escocês tem formado, junto com Neil Gaiman e Alan Moore, a tríade de ouro dos autores da chamada "segunda invasão britânica". A primeira havia sido na música, quando os Beatles e os Stones dominaram as paradas dos Estados Unidos. 
Enquanto Gaiman e Moore têm produzido pouco para as majors americanas, Morrison é, juntamente com Geoff Johns, simplesmente um dos principais roteiristas da DC já há alguns anos. Nem sempre ele acerta, mas é inegável que suas histórias trazem conceitos bastante ousados e um toque autoral inconfundível, coisas raras nos quadrinhos atuais. Além disso, Morrison tem um conhecimento enciclopédico da (bagunçada) cronologia da DC, e faz questão de recuperar e reinserir vários elementos das diversas eras da editora nas histórias atuais. Um bom exemplo do talento do escocês é a minissérie "all-star superman", talvez a melhor história do personagem desde a fase de John Byrne; essa minissérie foi adaptada para uma animação que saiu em DVD no Brasil e é uma boa pedida para quem curte uma história de super-heróis bem contada e sem grandes pretensões.
Morrison em momento reflexivo ("não sou Lex Luthor"!)
Como todo mundo sabe, a DC está zerando (novamente) sua cronologia e recontando (mais uma vez!!) a origem de alguns personagens,  com a finalidade de atrair novos leitores e combater a crise de vendas que os quadrinhos vêm sofrendo na última década (culpa de histórias ruins e downloads gratuitos). Morrison ficou responsável pela clássica "action comics" e está reformulando totalmente a mitologia do superman. Ainda vai demorar pra esse trabalho chegar aqui, mas a crítica já anda dizendo que é uma das poucas coisas que têm valido a pena nesse "reboot" geral da DC. Pelo que vi, Morrison está aproveitando vários aspectos já consagrados do cânone do homem de aço para modernizar e, ao mesmo tempo, anarquizar um pouco o universo do superman. Vamos aguardar. E confiar.


superman sentindo os efeitos da política criminal americana


terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Joven Rebelde (Ladrón de Bancos)

Essa é  meio antiga, mas mais atual do que nunca. Vem de um disco de covers do Clash em espanhol de bandas hermanas. Parece que as músicas do Clash foram feitas para ser cantadas em castelhano, e só por um descuido a banda Joe Strummer nasceu na Inglaterra. Uma combinação perfeita!

Update: Como o PC já esclareceu, Strummer, nasceu em Ancara, na Turquia, na borda entre Europa e o mundo árabe. Filho de agente diplomático, morou também na Cidade do México.






"Joven rebelde -dice el juez-
Los delitos se pagan, dice la ley
Nadie burla la autoridad
Todos caen antes o después

Robar es algo tan inmoral,
sin castigo no puede quedar
Entre rejas siempre estarás,
tendrás tiempo para pensar

Reglas del juego hay que acatar
Respetar la propiedad
Practicar la resignación
Aceptar la posesión

Joven rebelde -dijo el juez-
El delito se paga, lo dice la ley
Entre rejas te pudrirás
solo y sin libertad"

"Su turno!"

Siempre que robo es a un ladrón:
los bancos más ricos de la nación
Guardo el botín, nada es para mí
Preparo la revolución

La ley es un truco de protección
Protege a los ricos, es su función
Fomentando la sumición,
el odio y la coaxión

No creo en su justicia ¿y cómo voy a creer?
Si protege lo material
Y no tenemos mucho que defender,
sólo nuestra libertad

"Joven anarco -dice el juez-
no puedo tolerar tu forma de ser
Entre rejas siempre estarás,
tendrás tiempo de cambiar"

Cuando salga robaré al ladrón:
los bancos más ricos de la nación
Todo el dinero repartiré
para la revolución





Dossiê Novela

"Dossiê Novela", uma série de tirinhas que começa a sair no jornal O Globo no final de janeiro.



domingo, 25 de dezembro de 2011

Feliz Robanukah


Como esse blog é religiosamente correto, também prestigiamos as comemorações religiosas de minorias. Feliz Robanukah a todos os robôs praticantes (ou não).

Sempre lembrando que o Robanukah é celebrado um mês depois do Robomadã, que, por sua vez, é celebrado um mês depois do Robonzaa (feriado em tributo de seus ancestrais protótipos, que é festejado com um concurso de bebida).

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Mais uma canção de natal

Os Ramones também tem uma música natalina.
Já faz parte da tradição de natal: o papai-noel depois de ser massacrado pelo mercado e pelo consumismo cristão toma um porre ao som dos Ramones.

Feliz Natal para todos nossos amigos

Seguindo o clima natalino...

So this is christmas...

Seguindo a tradição, vamos celebrar o Natal com uma música típica dessa época do ano (e não é cantada pela Simone!)
Feliz Navidad.

balanço de 2011: filmes

Continuando (e finalizando) o balanço de 2011, fiz uma breve lista dos melhores filmes do ano. Não assisti a tantos assim. Dos blockbusters, realmente não tenho paciência para "Transformers" ou "Harry Potter", que foram, sem dúvida, dois sucessos estrondosos de bilheteria, talvez os maiores do ano. Também não conferi ainda os badalados "Melancolia" e "A árvore da vida" (farei isso em breve) e "A pele que habito". Por isso  incluí alguns filmes que vi em DVD ou Blu-ray também. 
Sem dúvida, o melhor filme que vi no cinema este ano foi "Cisne negro", do Aronofsky. Impactante, muito bem dirigido e com uma Natalie Porman excelente no papel da bailarina que vai enlouquecendo na medida em que o filme se desenvolve.  É, pra mim, o melhor filme do diretor e o melhor de 2010, junto com "A rede social", de David Fincher, e "Inception", do Nolan. Mas, como a lista procurou prestigiar os filmes lançados em 2011, esses ficam com uma menção honrosa.
1 - "Meia-noite em Paris" (Woody Allen)
Allen é um dos maiores cineastas vivos. Isso é fato. Assim como é fato que ele filma demais, lançando quase um filme por ano e mantendo uma regularidade impressionante. Sei que ele comete alguns deslizes, mas em geral acerta em cheio. E "Meia-noite em Paris" é ótimo. Gostei de tudo, mas principalmente da crítica ao consumismo e ao "modo de vida americano", inserida de forma muito bem-humorada nos diálogos afiadíssimos que percorrem o filme. Vale a pena ver e rever.

Marion Cottilard e Owen Wilson dando uma volta em Paris

















2- "X-MEN: primeira classe" (Matthew Vaughn)
Sei que tem muita gente que é fã da trilogia original, mas achei este o melhor da série até aqui. Muita ação, roteiro bem amarrado e a grande sacada de ambientar tudo nos anos 60. Não tem nada a ver com os quadrinhos, mas funciona muito bem como filme de super-herói. Gosto cada vez mais dos filmes de Matthew Vaughn, que já tinha feito "Stardust" e "Kick-ass" e aqui entregou seu melhor trabalho. E ainda consagrou de vez o excelente Michael Fassbender, que já estava fantástico em "Bastardos Inglórios" e simplesmente arrebentou como Magneto. 



3 - "Planeta dos macacos: a origem" (Rupert Wyatt)
Não levava fé nesse prelúdio. Talvez por isso tenha gostado tanto. Claro que o grande destaque são os efeitos da WETA, empresa do Peter Jackson que criou os macacos digitais mais realistas da história. Mas acho que o filme é mais do que isso. A trama flui bem e consegue surpreender e manter a atenção até mesmo do mais calejado dos fãs de ficção científica, o que não é pouco. Espero que não estraguem tudo na continuação.




4 - "O palhaço" (Selton Mello)
Filme muito bem conduzido pelo Selton Mello, que também atua, roteiriza, monta, faz o cafezinho, enfim, é um verdadeiro diretor autoral. A história oscila entre o cômico e o melancólico, sempre comovendo o espectador. Selton Mello conseguiu contar uma história genuinamente brasileira e, de quebra, nos deu a melhor atuação de um ator brasileiro nos últimos anos. E não falo dele próprio, mas do impagável Moacyr Franco, que está soberbo no filme, Quem não viu, confira e confirme.


5 - "Um conto chinês" (Sebastián Borensztein)
Não é só no futebol que os argentinos estão nos superando em habilidade (Neymar que o diga!). O cinema dos "hermanos" é muito bom, um dos melhores do mundo atualmente. Sempre com histórias simples, bem contadas e muito humanas. Depois do excelente "O segredo dos seus olhos", Ricardo Darín dá outro show nesse filme que é uma aula de como contar uma boa história sem resvalar para a pieguice. O choque cultural, o desafio da convivência entre duas pessoas de mundos diferentes e até mesmo o medo do envolvimento amoroso são temas presentes aqui, desenvolvidos com muito talento e com aquele toque de sutileza que só os argentinos sabem dar.


E quanto aos filmes da Marvel Studios? Bons ou ruins? Bem, tenho a impressão de que o maior problema dos filmes da Marvel a partir de "Homem de Ferro" é a total ausência de uma marca mais autoral. Não que os filmes sejam ruins. Gostei do filme do Capitão e mais ainda do Thor dirigido pelo Kenneth Brannagh, mas acho que falta a eles mais ousadia, algo que a DC tem tido de sobra com os filmes do Batman dirigidos pelo Nolan. Por isso não os coloco na lista. 
Por outro lado, a DC literalmente quebrou a cara com o filme do Lanterna Verde. Que filmezinho. Não é ruim. Pior: é medíocre. Pegaram um dos melhores personagens da DC, com uma mitologia de mais de 50 anos e fizeram um roteiro muuuito mequetrefe, misturando de tudo: Sinestro, Parallax, Amanda Waller e Hector Hammond. Uma salada indigesta para os fãs das hq's. Melhor ficar mesmo com os desenhos que saíram em DVD por aqui.
Para finalizar o ano, vale mencionar ainda a estreia de "Missão impossível: protocolo fantasma". O filme é uma boa surpresa. Ainda acho o primeiro, dirigido pelo Brian De Palma, o melhor, mas gostei bastante desse, que tem muita ação, uma história jamesbondiana que flui direitinho e a Paula Patton (ai, ai…). É só desligar o cérebro e curtir.  

A muy hermosa Paula Patton

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Drive

Filme estilosinho e super hypado. É uma espécie de Tarantino ambientado nos anos 80. Sangue espirra para fora da tela (será que tem versão em 3D?) Tem todos os clichés do gênero. O herói é um dublê bad boy, que usa uma jaqueta ultra brega, com um escorpião nas costas. Uma espécie de versão masculina de Bellatrix Kido. Bom, essa já era uma versão feminina do Bruce Lee, não?

A jaqueta brega que virou item fashion para os indies descolados


A história é a de sempre. Por causa de uma mocinha indefesa, o cara se mete, literalmente, numa roubada. Só que os bandidos cometeram um big mistake, e irão pagar por isso.



Só os créditos de abertura, em fonte rosa choque, bem ao estilo dos filmes da época, já vale conferir.

A trilha, também, é oitentosa até dizer chega. Quando ouvi, me lembrei do PC. E do Charles também.



Ryan Gosling é atualmente a estrela mais procurada no IMDB, batendo figurinhas como Kristen Stewart e Robert Pattinson. Drive também conta com o feio Ron "Hellboy" Perlman e a bela e ruiva  Christina Hendricks.






















































Curiosidade: uma americana foi ver o filme no cinema, pensando se tratar de mais um Velozes e Furiosos. Como o filme não era nada disso, essa cidadã exerceu seus direitos de consumidor e pediu o dinheiro de volta. O cinema devolveu na boa.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Morre o super vilão de Team America: World Police


O Eixo do Mal, formado pelo Irã, Coreia do Norte e Venezuela sofreu hoje um grande abalo. Morreu o super vilão Kim Jong Il, estrela do filme Team America: World Police.



novíssimo trailer de "the dark knight rises"

Presentaço de natal: o segundo trailer do terceiro e último batman dirigido por Christopher Nolan. Está tudo no lugar: o clima, as atuações e, principalmente, aquele "timing" de direção que caracteriza tão bem a obra do cineasta inglês. Acho que ele é, atualmente, um dos melhores do "cinemão". Reparem como Bane está bem caracterizado, embora o destaque mesmo vá para Anne Hathaway e Marion Cottilard como as beldades do filme.
Enjoy it…

Mais um clássico do cinema

Já que o link do vídeo do Cloaca não tá funcionando, postei outro.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Se fue Hitchens

Hitchens (1949-2011), o maior polemista do nosso tempo
(do Sul21)

Do trotsquismo no qual militou entre 1966 e 1976, Christopher Hitchens herdou – e nunca abandonou – o gosto pela polêmica, a total ausência de receio de ser minoria e o horror a qualquer tipo de discurso feito para agradar o senso comum dos fariseus. Mais ou menos como um músico de ouvidos bem treinados reconheceria o dedilhar de Jimi Hendrix ou Johnny Marr aos primeiros acordes, os leitores de Hitch identificaríamos qualquer frase sua imediatamente, mesmo que descontextualizada. Com adjetivação abundante mas nunca óbvia, orações subordinadas de um barroquismo que levava a vocação pragmática da língua inglesa aos seus limites, fechamentos devastadores para o adversário—e ele sempre tinha um adversário—, Hitch escrevia como ninguém. Ao contrário da grande maioria dos que escrevem como ninguém, ele também falava admiravelmente: era um orador potentíssimo, capaz de reduzir o oponente ao ridículo em questão de minutos. O debate protagonizado por ele e por Stephen Fry, em 2009, contra um arcebispo da Nigéria e uma deputada conservadora britânica, sobre se a Igreja Católica seria uma força “para o bem”, é um dos maiores espancamentos verbais de que se tem notícia. Foi o grande polemista do nosso tempo.



Obituário


O escritor e jornalista britânico Christopher Hitchens, autor do célebre livro 'Deus não é grande', morreu em Houston (EUA) vítima de um câncer no esôfago, informa em sua edição digital a revista 'Vanity Fair'.
Nascido em 1949 em Portsmouth (Reino Unido), Hitchens morreu na noite de quinta-feira (15) no hospital MD Anderson Cancer Center, em Houston, da mesma doença que levou seu pai.
A detecção da doença aconteceu quando o escritor promovia sua última obra, as memórias intituladas 'Hitch-22'.
Considerado um dos intelectuais mais polêmicos e influentes do cenário internacional nos últimos 30 anos, Hitchens se mudou para os Estados Unidos em 1981 e colaborou com as publicações mais prestigiadas nos dois lados do Atlântico: 'Vanity Fair', 'Slate', 'The Nation', 'The New York Review of Books', 'The Times' e 'National Geographic', entre outras.
Além de 'Deus não é grande', Hitchens também escreveu 'Cartas a um jovem contestador', 'A vitória de Orwell', 'O julgamento de Kissinger' e 'Amor, pobreza e guerra'.

Os banqueiros são os ditadores do Ocidente

Robert Fisk: jornalismo compactua com elite financeira—por quê? Primavera árabe, Occupy e indignados se assemelham pela luta contra as ditaduras
Por Robert Fisk, The Independent Tradução: Vila Vudu

Escrevendo da região que produz a maior quantidade de clichês por palmo quadrado em todo o mundo – o Oriente Médio –, talvez eu devesse fazer uma pausa e respirar fundo antes de dizer que jamais li tal quantidade de lixo, de tão completo e absoluto lixo, como o que tenho lido ultimamente, sobre a crise financeira mundial.
Mas… que seja! Nada de meias palavras. A impressão que tenho é que a cobertura jornalística do colapso do capitalismo bateu novo recorde (negativo), tão baixo, tão baixo, que nem o Oriente Médio algum dia superará a acanalhada subserviência que se viu, em todos os jornais, às instituições e aos ‘especialistas’ de Harvard, os mesmos que ajudaram a consumar todo o crime e a calamidade.
Comecemos pela Primavera Árabe – expressão publicitária, grotesca, distorcida, que nada diz sobre o grande despertar árabe/muçulmano que está sacudindo o Oriente Médio – e os escandalosos, obscenos paralelos com os protestos sociais que acontecem nas capitais ocidentais. Fomos inundados por matérias sobre os pobres e oprimidos do Ocidente que “colheram uma folha” do livro da “Primavera Árabe”; sobre manifestantes, nos EUA, Canadá, Grã-Bretanha, Espanha e Grécia que foram “inspirados” pelas manifestações gigantes que derrubaram regimes no Egito, Tunísia e – só em parte – na Líbia. Tudo isso é loucura. Nonsense.
A verdadeira comparação, desnecessário dizer, ficou esquecida pelos jornalistas ocidentais, todos ocupadíssimos em não falar de rebeliões populares contra ditaduras, tanto quanto ocupadíssimos em ignorar todos os protestos contra os governos ocidentais “democráticos”, desesperados para separar as coisas, dedicados a sugerir que o Ocidente estaria apenas colhendo um último alento dos estertores das revoltas no mundo árabe. A verdade é outra.
O que levou os árabes, às dezenas de milhares e depois aos milhões, às ruas das capitais do Oriente Médio foi uma demanda por dignidade: a recusa em aceitar os ditadores e famílias e claques de ditadores que, de fato, viviam como se fossem donos de seus respectivos países. Os Mubaraks e os Ben Alis e os reis e emires do Golfo (e da Jordânia), todos acreditavam que tinham direitos de propriedade sobre tudo e todos. O Egito pertencia à Mubarak Inc.; a Tunísia, a Tunisia à Ben Ali Inc. (e à família Traboulsi) etc. Os mártires árabes, das lutas contra as ditaduras, morreram para provar que seus países pertencem a eles, ao povo.
E aí está a real semelhança que aproxima as revoluções árabes e ocidentais. Os movimentos de protesto que se veem nas capitais ocidentais são movimento contra o Big Business – causa perfeitamente justificada – e contra “governos”.
O que os manifestantes ocidentais afinal entenderam, embora talvez um pouco tarde demais, é que, por décadas, viveram o engano de uma democracia fraudulenta: votavam, como tinham de fazer, em partidos políticos. Mas os partidos, imediatamente depois, entregavam o mandato democrático que recebiam do povo, do poder do povo, aos banqueiros e aos corretores de ‘derivativos’ e às agências ‘de risco’ – todos esses apoiados na fraude que são os ‘especialistas’ saídos das principais universidades e think-tanks dos EUA, que mantêm viva a ficção de que viveríamos uma ‘crise de globalização’, e não o que realmente vivemos: uma falcatrua, uma fraude massiva, um assalto, um golpe contra os eleitores.
Os bancos e as agências de risco tornaram-se os ditadores do Ocidente. Exatamente como os Mubaraks e Ben Alis, os bancos acreditaram – e disso continuam convencidos – que seriam proprietários de seus países.
As eleições no Ocidente – que deram poder aos bancos e às agências de risco, mediante a colusão de governos eleitos – tornaram-se tão falsas quanto as urnas que os árabes, ano após ano, eram obrigados a visitar, décadas a fio, para ‘eleger’ os proprietários deles mesmos, de sua riqueza, de seu futuro.
Goldman Sachs e o Real Banco da Escócia converteram-se nos Mubaraks e Ben Alis dos EUA e da Grã-Bretanha, cada um e todos esses dedicados a afanar a riqueza dos cidadãos, garantindo ‘bônus’ e ‘prêmios’ aos seus próprios gerentes pervertidos. Isso se fez no Ocidente, em escala infinitamente mais escandalosa do que os ditadores árabes algum dia sonharam que fosse exequível.
Não precisei – embora tenha ajudado – de Inside Job, de Charles Ferguson, essa semana, na BBC2, para aprender que as agências de risco e os bancos nos EUA são intercambiáveis: o pessoal que lá trabalha muda-se sem sobressalto, dos bancos para as agências, das agências para os bancos… e todos, imediatamente, para dentro do governo dos EUA. Os rapazes ‘do risco’ (a maioria, rapazes, claro) que atribuíram grau AAA aos empréstimos e derivativos podres nos EUA estão hoje – graças ao poder vicioso que exercem sobre os mercados – matando de fome e medo os povos da Europa, ameaçando-os de ‘rebaixar’ os créditos europeus, depois de se terem associados a outros criminosos do lado de cá do Atlântico, associação que já se construía desde antes do crash financeiro nos EUA.
Acredito que dizer menos ajuda a vencer discussões, mas, perdoem-me: Quem são esses seres, cujas agências de risco metem mais medo nos franceses hoje que Rommel [1] em 1940?
Por que os meus colegas jornalistas em Wall Street nada me dizem? Como é possível que a BBC e a CNN e – ah, santo deus, também a Al Jazeera – tratem essas comunidades criminosas como inquestionáveis instituições de poder? Por que nada investigam – Inside Job já abriu o caminho! – desses escandalosos corretores duplos?
Fazem-me lembrar o modo igualmente acanalhado como tantos jornalistas norte-americanos cobrem o Oriente Médio, delirantemente evitando qualquer crítica direta a Israel, imbecilizados por um exército de lobistas pró-Likud, dedicados a explicar aos leitores e telespectadores por que devem confiar no “processo de paz” norte-americano para o conflito Israelo-Palestino, porque os ‘mocinhos’ são os ‘moderados’ e todos os demais são os ‘bandidos terroristas’.
Os árabes, pelo menos, já desmascararam todo esse nonsense. Mas quando os manifestantes contra Wall Street fazem o mesmo, imediatamente passam a ser “anarquistas”, os “terroristas” sociais das ruas dos EUA que se atrevem a exigir que os Bernankes e Geithners sejam julgados pelo mesmo tipo de tribunal que julga Hosni Mubarak. Nós, no Ocidente, com nossos governos eleitos, criamos nossos ditadores. Mas, diferente dos árabes, ainda mantemos intocáveis os nossos ditadores – intocáveis.
O chefe da República da Irlanda (em gaélico irlandês Taoiseach), Enda Kenny, solenemente informou ao povo essa semana que seu governo não é responsável pela crise em que se debatem todos os irlandeses. Todos já sabiam, é claro. O que ele não contou ao povo é quem, então, seria o responsável. Já não seria mais que hora de ele e seus colegas primeiros-ministros da União Europeia contar o que sabem? E quanto aos nossos jornalistas e repórteres?

Notas
[1] Erwin Johannes Eugen Rommel (Heidenheim, 15 de Novembro de 1891 – Herrlingen, 14 de Outubro de 1944), conhecido popularmente como A Raposa do Deserto, foi um marechal-de-campo do exército alemão durante a Segunda Guerra Mundial. Foi um dos maioresresponsáveis pela conquista da França pelo exército nazista em 1940.

Profissional com atitude rock'n'roll!

Via Combate Rock.

Gostar de rock começa a pesar na avaliação profissional

    Marcelo Moreira
Por mais preconceituoso que seja, não dá para fugir: a forma como a pessoa fala, se veste, age, trabalha, dirige e muitas coisas mais dizem muito sobre o indivíduo. Dá para julgar cada um por esse tipo de coisa? Cada um avalie da forma como achar melhor.
Da mesma forma, os hábitos culturais – os livros que lê, a música que ouve, os eventos frequenta – também dizem bastante sobre as pessoas. Existe a chance de se errar por completo, mas faz parte do jogo.
Dois fatos importantes, apesar de corriqueiros, mostram que os apreciadores de rock podem ter esperança de dias melhores, apesar dos casos recorrentes de preconceito explícito e perseguição por conta do gosto pessoal em pleno século XXI – algumas dessas excrescências têm sido narradas aqui em textos no Combate Rock.
No começo de agosto um gerente de uma grande multinacional instalada no ABC (Grande São Paulo) penava para contratar um estagiário para a área de contabilidade e administração. Analisou diversos currículos e entrevistou 24 jovens ainda na faculdade ou egressos de cursos técnicos.
Conversou com todo o tipo de gente, do mais certinho ao mais despojado, do mais conservador à mais desinibida e modernosa. Preconceitos à parte, procurou focar apenas a questão técnica e os conhecimentos exigidos.
Alguns candidatos até possuíam a maioria dos requisitos exigidos, mas acabaram desclassificados em um quesito fundamental para o gerente: informação geral, que inclui hábitos culturais.
O escolhido foi um rapaz de 20 anos, o penúltimo a ser escolhido. Bem vestido, mas de forma casual, usando rabo de cavalo, mostrou segurança e certa descontração, além de bom vocabulário e de se expressar de forma razoável, bem acima da média.
Durante as perguntas, o gestor observou que o garoto segurava um livro e carregava um iPod. O livro era a biografia de Eric Clapton. Após a quinta pergunta, direcionou a conversa para conhecimentos gerais e percebeu que o rapaz lia jornais e se interessava pelo noticiário.
“Você gosta de rock?”, perguntou o gerente. “Sim, e de jazz também”, respondeu o garoto. O entrevistador não se conteve e indagou se o rapaz se importava de mostrar o que o iPod continha. E viu um gosto eclético dentro do próprio rock: havia muita coisa de Black Sabbath, Deep Purple, AC/DC, mas também de Miles Davis e big bands.
“Não aprecio rock, não suporto o que minhas filhas ouvem, mesmo seja Rolling Stones, meu negócio é Mozart, Bach e música erudita. Mas uma coisa eu aprendi nas empresas em que passei e nos processos seletivos que coordenei: quem gosta de rock geralmente é um profissional mais antenado, que costuma ler mais do que a média porque se interessa pelos artistas do estilo. Geralmente são mais bem informados sobre o que acontece no mundo e respondem bem no trabalho quando são contratados. Nunca me arrependi ao levar em consideração também esse critério”, diz o gerente.
Eric Clapton ajudou um candidato a estágio a conseguir a vaga em uma empresa do ABC
O resultado é que o garoto foi contratado após 15 minutos de conversa, enquanto cada entrevista com os outros candidatos durava 40 minutos. “Não tive dúvida alguma ao contratá-lo. E o mais interessante disso: percebo que essa é uma tendência em parte do mercado há pelo menos três anos, pois converso muito com amigos de outras empresas e esse tipo de critério está bastante disseminado. Quem gosta de rock é ao menos diferenciado”, finalizou o gestor.
Já em uma escola particular da zona oeste de São Paulo, do tipo mais alternativo e liberal, o trabalho de conclusão do ensino médio era uma espécie de TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) das faculdades. A diferença é que, para não ter essa carga de responsabilidade, foi criado uma espécie de concurso para premiar algumas categorias de trabalhos – profundidade do tema, ousadia, importância social e mais alguns critérios.
O vencedor geral foi o de uma menina esperta de 17 anos, filha de um jornalista pouco chegado ao rock, mas com bom gosto para ouvir jazz e blues. O trabalho tentava traduzir para a garotada a importância dos Beatles para a música popular do século XX.
Para isso realizou uma ampla pesquisa sobre as origens do blues, do jazz, da country music norte-americana e traçou um panorama completo da evolução do rock desde os primórdios até os megashows de Rush, AC/DC, U2 e Metallica. Seu trabalho contou ainda com a defesa de uma tese em frente a uma banca de professores.
O resultado é que, além do prêmio principal – placa de prata e uma quantia em dinheiro em forma de vale para ser gasto em uma livraria –, acabou sendo agraciada com a proposta de transformar seu trabalho em um pequeno livro, bancado pela escola. Detalhe: a reivindicação partiu dos colegas da menina, que ficaram fascinados com a história do rock – poucos deles eram íntimos do gênero, pelo que o pai da menina me contou.
Os Beatles foram o ponto de partida para uma aluna de um colégio paulistano para traçar um panorama extenso e completo sobre a história do rock; o trabalho ganhou prêmio e vai se transformar em livro
Seria um flagrante exagero afirmar que gostar de rock facilita a obtenção de emprego ou estágio – ou que quem gosta de rock é muito melhor aluno do que os outros nas escolas. Mas o simples fato de haver reconhecimento de que apreciar rock frequentemente leva a uma situação diferenciada já é um alento diante dos seguidos casos de intolerância e preconceito.
Gostar de rock não torna ninguém melhor ou pior, mais ou menos competente, mais ou menos inteligente. Mas os casos acima mostram que o roqueiro pode se beneficiar de situações em que é possível se mostrar diferenciado, mostrando uma cultura geral acima da média e mais versatilidade no campo profissional. E o que é melhor, isso começa a ser reconhecido por um parte do mercado.
Bom gosto não se discute: adquire-se.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

balanço de 2011: hq's

Como estamos chegando ao final de mais um ano, nada melhor do que fazer um pequeno balanço das melhores (e eventualmente piores) hq's que foram lidas em 2011(por mim, claro).
De modo geral, o mercado de quadrinhos nunca esteve tão bem no Brasil. Praticamente todas as grandes editoras, e algumas nem tão grandes assim, estão lançando hq's em profusão. E o mais interessante é que finalmente conseguimos fugir da tríade marvel-dc-turma da mônica, que praticamente monopolizam as bancas. Atualmente, os aficcionados têm muitas opções de leitura não somente nas boas e velhas bancas mas principalmente, e cada vez em maior quantidade, nas livrarias. As editoras brasileiras vêm seguindo a tendência de ocupar cada vez mais espaço nas grandes livrarias e megastores, focando muitos de seus lançamentos diretamente para o público que frequenta esses espaços. Desse modo, tornou-se comum vermos cada vez mais hq's, de qualidade ou não, ocupando as estantes das saraivas e fnac's da vida. Isso se deve a dois fatores: primeiro, ao tardio reconhecimento dos quadrinhos como arte digna de respeito, fato devidamente corroborado pela quantidade de lançamentos que editoras como a respeitabilíssima Cia das Letras (casa de Saramago e Naipaul no Brasil, por exemplo) vêm colocando nas prateleiras  e segundo o fato de que os leitores de hq's envelheceram e o público não foi renovado nos últimos anos, ou seja, o moleque que lia gibis há 20 anos é o mesmo marmanjo que hoje compra um exemplar do livro mais recente do Veríssimo e aproveita pra levar junto um encadernado do Batman.
De qualquer forma, vou fazer uma listinha das hq's mais interessantes que li este ano. Como li muita coisa, preferi listar as séries mais interessantes que estão sendo lançadas no Brasil atualmente. Acho que tem e tudo um pouco, embora eu tenha lido muita coisa da Panini, obviamente em razão de ela ser a maior do ramo no Brasil. Mas não deixo de fora alguns bons trabalhos publicados por outras editoras. Ao mesmo tempo, confesso que li poucas hq's nacionais este ano, embora tenha ciência da qualidade do trabalho de vários autores nacionais, como Mutarelli, Danilo Beyruth e Daniel Galera. Ficam para um próximo post…
1 - Fábulas (Bill Willingham e Mark Buckingham)
Editora: Panini
Sem dúvida, a melhor série do selo Vertigo atualmente. Bill Willingham escreve muito bem, consegue te surpreender a cada arco trazendo tramas intrigantes, que vão de conspirações políticas a pequenas histórias focadas nos personagens. Considerando essa moda recente de avacalhar com os contos de fadas e as histórias de vampiro (vide Crepúsculo e outras porcarias…), o trabalho de Willingham é primoroso. Aguardo ansioso pelo volume 10, que deve ser lançado este mês pela Panini.
Willingham seguindo os passos de Neil Gaiman
bela capa de James Jean

















2 - Y- o último homem; Ex machina (ambos de Brian Vaughan)
Editora: Panini
capa bacana de Y - o último homem
Resolvi colocar essas duas séries em um mesmo tópico porque ambas são escritas pelo excelente Brian Vaughan, que é, sem dúvida, um dos 5 melhores roteiristas da atualidade. Y é muito divertida e bem desenhada pela espanhola Piá Guerra. Vaughan é o maior criador de "ganchos" da atualidade e sempre consegue te deixar ligado esperando o próximo número. Ex Machina, por sua vez, traz uma trama inovadora: o que aconteceria se um super-herói fosse eleito prefeito de Nova York? Valendo-se dessa premissa, Vaughan aproveita pra trabalhar questões como a liberação das drogas, discriminação racial e violência urbana. Fantástica.

entrevista com Vaughan
o carequinha Wood
3 - ZDM (Brian Wood e Ricardo Burcchielli)
Editora: Panini
Mais uma série da Vertigo, mostrando a realidade de uma zona de guerra. Imagine se as mílicias tomassem conta dos EUA pós-11 de setembro e que Nova York fosse a única zona desmilitarizada. Premissa interessantíssima e muito bem explorada por Brian Wood. Com sua visão extremamente ácida, o escritor faz uma série forte e realista, sempre acompanhado das belas ilustrações do italiano Burcchielli. De quebra, aproveita para denunciar a política fascistóide estadunidense, criticar as grandes corporações e a intolerância que  grassa por aquelas bandas. Ainda por cima, faz  uma bela homenagem `a Grande Maçã. Vale muito a pena.



capa do primeiro encadernado lançado no Brasil
Rick Grimes em ação
4 - Os mortos-vivos (Robert Kirkman e Charlie Adlard)
Editora; HQM
Agora que a série de TV baseada na série fez muito sucesso e foi até indicada ao globo de ouro, a HQM está lançando com mais periodicidade a excelente hq de Kirkman. Ainda acho os quadrinhos melhores do que a série. A invasão zumbi é mero pretexto para o autor colocar seus personagens em situações-limite que nos levam a questionar o próprio conceito de civilização. O grande trunfo de Kirkman está na caracterização dos personagens, que ao longo da série vão se tornando íntimos do leitor.




5 - The umbrella academy (Gerard Way e Gabriel Bá)
Editora: Devir
Ele é emo mas escreve bem
Nunca imaginei que algum dia elogiaria o trabalho do cara que é vocalista do My Chemichal Romance, porém é inegável a qualidade dos roteiros de Gerard Way nessa série absolutamente insana, que tem muita criatividade, humor e violência. No início, estranhei um pouco o traço do brasileiro Gabriel Bá, pois o achei muito cartunesco, mas depois vi que ele casa perfeitamente com as maluquices perpetradas por Way ao longo das histórias. Uma boa opção para fugir da mesmice que vinga nas histórias tradicionais de super-heróis.





terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Record News quebra o silêncio eloquente

Charlie Brown e o sentido do Natal

Um estrondoso silêncio

O primo mais esperto de José Serra

Jornalismo Brasileiro e a Privataria

Belo texto do Pablo Vilaça, do Cinema em Cena. Grande crítico de cinema. E um cara muito politizado.

O privata da cara de pau

Jornalismo brasileiro: vergonhoso, corrompido e revoltante

Só pra deixar claro: o livro "A Privataria Tucana", que traz 200 páginas de denúncias e outras 120 páginas de documentos comprovando-as, é lançado na sexta-feira, dia 9. José Serra, que usa o twitter compulsivamente e é um dos personagens principais do livro, desaparece do microblog nos dois dias seguintes; não posta absolutamente nada. Ao mesmo tempo, as denúncias passam a repercutir na blogosfera de maneira avassaladora.

E praticamente nenhuma linha sobre o assunto é publicada no Globo, na Foxlha e demais veículos que vivem bradando a própria imparcialidade, mas que não hesitam em transformar em manchete por dias contínuos até mesmo denúncias contra o governo Dilma feitas por criminosos condenados e sem qualquer linha de evidência a não ser "minha palavra contra a sua". Reparem: nem estou dizendo que as denúncias contra o PT são inválidas; aponto apenas que são tratadas com estardalhaço mesmo quando não trazem um centésimo das evidências apresentadas pelo livro recém-lançado.

Como alguém pode observar isso e afirmar que temos uma imprensa limpa no Brasil?

Neste momento, o UOL encontra espaço em sua capa para todas as chamadas seguintes: "Minotauro opera fratura de braço; Stallone manda mensagem de apoio"; "Falcão e humoristas sabatinam INRI Cristo"; "Carolina Dieckman responde cutucada de Luana Piovani"; "Portugueses querem recordes de fantasiados de Papai Noel"; "Cão que foi enterrado precisa ser acordado para se alimentar"; "Polícia do Rio recupera carro do jogador Marquinhos"; "Estudo mostra que sono no metrô de NY quase nunca é produtivo" (WTF); "Ivete Sangalo fala sobre meningite no Faustão"; "Bodas de Prata de Zeca Pagodinho e Mônica reúne famosos"; "Silvio Santos se esconde dentro do armário"; "Britney Spears leva filhos Sean e Jayden para o palco"; "Ana Carolina lança clipe oficial em preto e branco"; "Após UFC 140, veja beldades das plaquinhas"; "Especialistas ensinam o que fazer para chegar linda ao destino"; "Concurso que descobriu Gisele Büchen tem final na China"; "Ronaldinho vai à balada, na BA, acompanhado"; "Justin Bieber é flagrado em carinho ousado com namorada"; "Ser solteira no Rio é uma grande vantagem, diz Suzana Pires"; "Doeu! Rapaz resolve pular (sobre) na piscina e se dá mal"; "Marca de sutiã patrocina salto de bungee jump em sutiã de modelo"; "Homem é rejeitado por mulher e envia email gigante dando segunda chance"; "Pizza retangular é atração em bar industrial chique de Madri"; entrevárias outras chamadas igualmente tolas.

E, no entanto, o maior portal jornalístico do Brasil não encontra um único espaço, por menor que seja, para abordar o assunto que dominou a internet durante todo o fim de semana.

Não ficarei espantado caso a primeira manchete real dedicada ao tema seja algo como "Serra classifica insinuações de livro como 'levianas'" ou algo do gênero.

Depois reclamam do fim do diploma. Deveriam protestar contra o fim da vergonha na cara.

Privataria na folha

Quem disse que o livro sobre os privatas não é mencionado pela folha?


Pós-política com a benção das corporações e sob os auspícios da mídia

Belo artigo de Roberto Amaral, retirado da Carta Capital. Vale a pena ler.


A vitória da direita: a pós-política


O grande projeto da direita, impressa ou partidária, ideológica ou simplesmente financeira, é a destruição das instituições democráticas, mediante a desmoralização da política. O segundo e último momento é o esvaziamento da soberania popular, como já ocorre na Europa. Daí o ataque aos políticos, uniformemente apontados, ora como incompetentes, ora, caso brasileiro, como corruptos. Todos sabemos como começa esse cantochão, e todos sabemos como termina, aqui e em todo o mundo: na Alemanha, construiu o nazismo; na Itália, o fascismo; a Grécia dos anos 60 terminou na ditadura dos coronéis (1967-1974). E paro por aqui, para que a listagem não fique enfadonha, com o exemplo brasileiro de 1964, lembrando a campanha da UDN contra a ‘corrupção’ do governo João Goulart, assoalhando o desfile militar. Aliás, sem qualquer originalidade, pois assim fôra construído o golpe de 24 de agosto de 1954, que culminou no suicídio de Vargas.

Leia também:
Alemanha se irrita com ameaça de rebaixamento da nota de sua economia
PIB nacional fica estável no trimestre
As medidas brasileiras para conter a crise financeira

Como a História não se repete, a estratégia, agora, não é mais operar mediante ditaduras impopulares (a não ser no Oriente), mas exercer o mando direto, pela associação das grandes multinacionais, que já respondem por mais de 50% do PIB mundial, e o sistema financeiro. A banca, que já governa a economia em todo o mundo, resolveu agora ela mesma dirigir os países nos quais seus interesses (leia-se a hiperacumulação financeira especulativa) possam estar ameaçados. O experimento se inicia, de forma descarada, na Grécia e na Itália.

A Europa, diz-nos o insuspeitíssimo Mário Soares, um dos responsáveis pelo desfalecimento da saudosa Revolução dos Cravos, “está entregue aos especuladores”. E, nessa Europa, alguns países (como Alemanha e França) são mais europeus que outros, como Espanha e Portugal, realmente governados pela troika FMI-BCE-Comissão Europeia, da qual a dupla Merkel-Sarkozy é simples pombo-correio.

À Espanha e a Portugal ainda é permitido escolher seus dirigentes, dentre aqueles que se revelem mais competentes e mais dóceis para aplicar as ordens da dupla. Noutros países, os políticos são responsabilizados pelos crimes da banca financeira e para governá-los são chamados os tecnocratas que engendraram a crise: são chamados pela troika e por ela indicados. Sem o menor respeito à soberania popular, e desrespeitando mesmo suas classes dominantes, que sequer foram ouvidas.

As modificações nos governos da Grécia e da Itália — esqueçamos por um momento os personagens medíocres, principalmente o burlesco Berlusconi — configuram um assalto à democracia, à soberania e à política.

O ex-primeiro ministro Papandreou foi ameaçado de crucificação por haver pretendido consultar suas vítimas, o povo grego, sobre a adoção arrocho exigido pelos tecnocratas para a ‘ajuda’ à Grécia, a qual, por seu turno e pelo mesmo motivo, esteve à beira da expulsão da Comunidade Europeia. Assim ficamos sabendo que Papandreou foi penalizado não pelos erros de sua administração desastrada, mas por haver proposto a realização de um plebiscito, um dos mais festejados institutos da democracia.

Isso irritou os democratas Merkel e Sarkozy, com os olhos voltados para seus respectivos sistemas financeiros. Um dia após receber voto de confiança do parlamento grego, Papandreou renunciou para, ainda por exigência da banca internacional, ser substituído por um tecnocrata, Lucas Papademos, egresso do MIT (EUA), que assume com a missão de compor um gabinete ‘técnico’. Fora com os políticos! Na Grécia, na Itália e em todo o mundo, o mal da política é a política. A demissão do ridículo e corrupto Berlusconi — que deveria estar na cadeia, tantos são seus crimes — não se deu por decisão judicial, ou, como deve ser no parlamentarismo, por consequência de um voto de desconfiança. Mas sim pelas mãos do anônimo presidente da Itália cumprindo ordens, de novo, do casal Merkel-Sarkozy, locutores da vontade da banca. Assim foi nomeado o tecnocrata Mário Monti (egresso da Universidade de Chicago), nada mais nada menos do que ex-presidente do Goldman Sachs, o famoso gigante do mercado, com o compromisso de compor o gabinete com outros tecnocratas. Aliás, a intervenção, desta feita, não se fez ‘intra-muros’. Dias antes, o mesmo Goldman Sachs emitira uma ‘nota à imprensa’, na qual, se lia: “Um governo técnico [na Itália] teria maior credibilidade na comparação com outros executivos”. Assim, sem um voto, instala-se a ‘democracia de mercado’, que, em comum a todas as ditaduras, militares ou tecnocráticas, cultiva o sentimento de desapreço ao chamamento da cidadania.

É a pós-política, ou a democracia sem voto.

É o réquiem da União Europeia, e o fim da discurseira que falava nos valores da sociedade ocidental, dentre eles destacando-se a democracia, em nome da qual foram mortos milhões de europeus, argelinos, sírios, líbios, servos, croatas, paquistaneses, indianos, vietnamitas, africanos, afegãos…

Como todo gato escaldado deve temer água fria, seria aconselhável que nossos analistas começassem a dirigir seus olhares para a cena brasileira e fixar-se na campanha unânime que a grande imprensa, não podendo atacar os fundamentos da política econômica do governo de centro-esquerda da presidente Dilma, desenvolve contra a vida política brasileira, tentando fazer com que a cidadania brasileira se convença de que o mal de nosso país não é a desigualdade social da qual ela é servidora, mas a corrupção, da qual é beneficiária (isso não é dito) a classe dominante. Neste país estranho, os que não pagam impostos (os ricos) é que reclamam do apetite da Receita, enquanto os sindicatos silenciam quando deveriam estar nas ruas exigindo taxação progressiva; os jornalões se arvoram em defensores da liberdade de expressão quando foram associados e beneficiários da última ditadura.

A direita impressa quer fazer crer que todos os políticos brasileiros são iguais, isto é, corruptos, donde não haver saída pela política. Foi assim que a direita brasileira criou, em 1964, as condições subjetivas para o golpe militar, o qual, em seu primeiro momento, teve respaldo na sociedade brasileira, principalmente junto à classe-média que naquele então influía mais do que agora na formação do que se chama opinião pública. É construindo a ideia de que o processo representativo não resolve os problemas do país, que os políticos chegam ao poder apenas para realizar suas ‘revoluções’ pessoais, e de que o mal da democracia são os partidos, que a direita constrói o desalento coletivo, tentando fazer com que as grandes massas deixem de ver na democracia a grande alternativa, e na força do voto o poder de mudanças.

A corrupção em nosso país não é maior nem menor do que em qualquer outro país, e nunca foi combatida como está sendo, e não é nem uma deformação da democracia nem da política, porque ao lado do corrupto passivo há sempre um corruptor, que é sempre empresário.

Não é irrelevante (porque, aliás, é inédito) o fato de, em seus onze primeiros meses de governo, sete de seus ministros haverem sido demitidos pela imprensa, seis deles sob acusações de corrupção, ora não comprovadas, ora silenciadas quando o objetivo é alcançado. Os jornais que trazem o pedido de demissão do ministro do Trabalho já anunciam ‘suspeitas’ sobre outro auxiliar imediato da presidente, o honradíssimo ministro Fernando Pimentel.

No caso mais recente, a Comissão de Ética da Presidência, no meu entender exorbitando de sua competência, pede, publicamente, a demissão de um ministro, esvaziando a presidente da República do direito exclusivo de nomear e demitir seus auxiliares, um dos mandatos do sistema presidencialista que vivemos.

Para evitar novos transtornos, na tal reforma ministerial que a imprensa noticia diariamente como forma de exigência, terá antes a presidente de consultar as quatro famílias que monopolizam a informação no Brasil? Além disso, deverá consultar Febraban, FIESP e CNI?

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Capitalismo é liberdade!!!


guerrilha jornalística

Que alento saber do impacto que o livro de Amaury Ribeiro Jr. tem causado. Agora ele vai ter que segurar a onda de dossiês, matérias mentirosas e toda espécie de estratégia que a grande mídia está preparando. Este blog sujo aproveita para colocar mais lenha na fogueira….


sábado, 10 de dezembro de 2011

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Chega às livrarias ‘A Privataria tucana’, de Amaury Ribeiro Jr.

A proposta do blog não é propriamente política, mas transcrevi esse texto da Carta Capital, pela alta relevância.

Update: já comprei o meu pela FNAC.





Chega às livrarias ‘A Privataria tucana’, de Amaury Ribeiro Jr. CartaCapital relata o que há no livro


Não, não era uma invenção ou uma desculpa esfarrapada. O jornalista Amaury Ribeiro Jr. realmente preparava um livro sobre as falcatruas das privatizações do governo Fernando Henrique Cardoso. Neste fim de semana chega às livrarias “A Privataria Tucana”, resultado de 12 anos de trabalho do premiado repórter, que durante a campanha eleitoral do ano passado foi acusado de participar de um grupo cujo objetivo era quebrar o sigilo fiscal e bancário de políticos tucanos. Ribeiro Jr. acabou indiciado pela Polícia Federal e tornou-se involuntariamente personagem da disputa presidencial.
'A Privataria Tucana', de Amaury Ribeiro Jr.
Na edição que chega às bancas nesta sexta-feira 9, CartaCapital traz um relato exclusivo e minucioso do conteúdo do livro de 343 publicado pela Geração Editorial e uma entrevista com autor (reproduzida abaixo). A obra apresenta documentos inéditos de lavagem de dinheiro e pagamento de propina, todos recolhidos em fontes públicas, entre elas os arquivos da CPI do Banestado. José Serra é o personagem central dessa história. Amigos e parentes do ex-governador paulista operaram um complexo sistema de maracutaias financeiras que prosperou no auge do processo de privatização.
Ribeiro Jr. elenca uma série de personagens envolvidas com a “privataria” dos anos 1990, todos ligados a Serra, aí incluídos a filha, Verônica Serra, o genro, Alexandre Bourgeois, e um sócio e marido de uma prima, Gregório Marín Preciado. Mas quem brilha mesmo é o ex-diretor da área internacional do Banco do Brasil, o economista Ricardo Sérgio de Oliveira. Ex-tesoureiro de Serra e FHC, Oliveira, ou Mister Big, é o cérebro por trás da complexa engenharia de contas, doleiros e offshores criadas em paraísos fiscais para esconder os recursos desviados da privatização.
O livro traz, por exemplo, documentos nunca antes revelados que provam depósitos de uma empresa de Carlos Jereissati, participante do consórcio que arrematou a Tele Norte Leste, antiga Telemar, hoje OI, na conta de uma companhia de Oliveira nas Ilhas Virgens Britânicas. Também revela que Preciado movimentou 2,5 bilhões de dólares por meio de outra conta do mesmo Oliveira. Segundo o livro, o ex-tesoureiro de Serra tirou ou internou  no Brasil, em seu nome, cerca de 20 milhões de dólares em três anos.
A Decidir.com, sociedade de Verônica Serra e Verônica Dantas, irmã do banqueiro Daniel Dantas, também se valeu do esquema. Outra revelação: a filha do ex-governador acabou indiciada pela Polícia Federal por causa da quebra de sigilo de 60 milhões de brasileiros. Por meio de um contrato da Decidir com o Banco do Brasil, cuja existência foi revelada por CartaCapital em 2010, Verônica teve acesso de forma ilegal a cadastros bancários e fiscais em poder da instituição financeira.
Na entrevista a seguir, Ribeiro Jr. explica como reuniu os documentos para produzir o livro, refaz o caminho das disputas no PSDB e no PT que o colocaram no centro da campanha eleitoral de 2010 e afirma: “Serra sempre teve medo do que seria publicado no livro”.

CartaCapital: Por que você decidiu investigar o processo de privatização no governo Fernando Henrique Cardoso?
Amaury Ribeiro Jr.: Em 2000, quando eu era repórter de O Globo, tomei gosto pelo tema. Antes, minha área da atuação era a de reportagens sobre direitos humanos e crimes da ditadura militar. Mas, no início do século, começaram a estourar os escândalos a envolver Ricardo Sérgio de Oliveira (ex-tesoureiro de campanha do PSDB e ex-diretor do Banco do Brasil). Então, comecei a investigar essa coisa de lavagem de dinheiro. Nunca mais abandonei esse tema. Minha vida profissional passou a ser sinônimo disso.
CC: Quem lhe pediu para investigar o envolvimento de José Serra nesse esquema de lavagem de dinheiro?
ARJ: Quando comecei, não tinha esse foco. Em 2007, depois de ter sido baleado em Brasília, voltei a trabalhar em Belo Horizonte, como repórter do Estado de Minas. Então, me pediram para investigar como Serra estava colocando espiões para bisbilhotar Aécio Neves, que era o governador do estado. Era uma informação que vinha de cima, do governo de Minas. Hoje, sabemos que isso era feito por uma empresa (a Fence, contratada por Serra), conforme eu explico no livro, que traz documentação mostrando que foi usado dinheiro público para isso.
CC: Ficou surpreso com o resultado da investigação?
ARJ: A apuração demonstrou aquilo que todo mundo sempre soube que Serra fazia. Na verdade, são duas coisas que o PSDB sempre fez: investigação dos adversários e esquemas de contrainformação. Isso ficou bem evidenciado em muitas ocasiões, como no caso da Lunus (que derrubou a candidatura de Roseana Sarney, então do PFL, em 2002) e o núcleo de inteligência da Anvisa (montado por Serra no Ministério da Saúde), com os personagens de sempre, Marcelo Itagiba (ex-delegado da PF e ex-deputado federal tucano) à frente. Uma coisa que não está no livro é que esse mesmo pessoal trabalhou na campanha de Fernando Henrique Cardoso, em 1994, mas sob o comando de um jornalista de Brasília, Mino Pedrosa. Era uma turma que tinha também Dadá (Idalísio dos Santos, araponga da Aeronáutica) e Onézimo Souza (ex-delegado da PF).
CC: O que você foi fazer na campanha de Dilma Rousseff, em 2010?
ARJ: Um amigo, o jornalista Luiz Lanzetta, era o responsável pela assessoria de imprensa da campanha da Dilma. Ele me chamou porque estava preocupado com o vazamento geral de informações na casa onde se discutia a estratégia de campanha do PT, no Lago Sul de Brasília. Parecia claro que o pessoal do PSDB havia colocado gente para roubar informações. Mesmo em reuniões onde só estavam duas ou três pessoas, tudo aparecia na mídia no dia seguinte. Era uma situação totalmente complicada.
CC: Você foi chamado para acabar com os vazamentos?
ARJ: Eu fui chamado para dar uma orientação sobre o que fazer, intermediar um contrato com gente capaz de resolver o problema, o que acabou não acontecendo. Eu busquei ajuda com o Dadá, que me trouxe, em seguida, o ex-delegado Onézimo Souza. Não tinha nada de grampear ou investigar a vida de outros candidatos. Esse “núcleo de inteligência” que até Prêmio Esso deu nunca existiu, é uma mentira deliberada. Houve uma única reunião para se discutir o assunto, no restaurante Fritz (na Asa Sul de Brasília), mas logo depois eu percebi que tinha caído numa armadilha.
CC: Mas o que, exatamente, vocês pensavam em fazer com relação aos vazamentos?
ARJ: Havia dentro do grupo de Serra um agente da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) que tinha se desentendido com Marcelo Itagiba. O nome dele é Luiz Fernando Barcellos, conhecido na comunidade de informações como “agente Jardim”. A gente pensou em usá-lo como infiltrado, dentro do esquema de Serra, para chegar a quem, na campanha de Dilma, estava vazando informações. Mas essa ideia nunca foi posta em prática.
CC: Você é o responsável pela quebra de sigilo de tucanos e da filha de Serra, Verônica, na agência da Receita Federal de Mauá?
ARJ: Aquilo foi uma armação, pagaram para um despachante para me incriminar. Não conheço ninguém em Mauá, nunca estive lá. Aquilo faz parte do conhecido esquema de contrainformação, uma especialidade do PSDB.
CC: E por que o PSDB teria interesse em incriminá-lo?
ARJ: Ficou bem claro durante as eleições passadas que Serra tinha medo de esse meu livro vir à tona. Quando se descobriu o que eu tinha em mãos, uma fonte do PSDB veio me contar que Serra ficou atormentado, começou a tratar mal todo mundo, até jornalistas que o apoiavam. Entrou em pânico. Aí partiram para cima de mim, primeiro com a história de Eduardo Jorge Caldeira (vice-presidente do PSDB), depois, da filha do Serra, o que é uma piada, porque ela já estava incriminada, justamente por crime de quebra de sigilo. Eu acho, inclusive, que Eduardo Jorge estimulou essa coisa porque, no fundo, queria apavorar Serra. Ele nunca perdoou Serra por ter sido colocado de lado na campanha de 2010.
CC: Mas o fato é que José Serra conseguiu que sua matéria não fosse publicada no Estado de Minas.
ARJ: É verdade, a matéria não saiu. Ele ligou para o próprio Aécio para intervir no Estado de Minas e, de quebra, conseguiu um convite para ir à festa de 80 anos do jornal. Nenhuma novidade, porque todo mundo sabe que Serra tem mania de interferir em redações, que é um cara vingativo.