terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Alan Moore comenta os comentários do velho-gagá-reaça Frank Miller

Achei a matéria no Actions e Comics.

A coisa começa com aquele senhor senil dizendo bobagem:


O ‘Occupy’ não passa de um bando de turrões, bandidos e estupradores, uma turba indisciplinada, vivendo da nostalgia de Woodstock e de fétida e falsa honradez. A única coisa que esses palhaços conseguem é fazer mal à América. Não é mais do que uma modinha criada por moleques mimados de iPhones e iPads na mão que deviam sair da frente de quem quer trabalhar e procurar emprego (…). Em nome da decência, voltem para casa do papai, seus medíocres. Vão para o porão da mamãe brincar de Lords Of Warcraft. Talvez nossos militares consigam botar razão na sua cabeça. Só que talvez não deixem você ficar com o iPhone.

Beleza, hem? Só faltou ele dizer que é de uma geração que lutou em duas guerras guerras para salvar o mundo livre do comunismo... aquele papinho de sempre... Bom o que mais poderia se esperar de um cara que tem o fascismo como marca registrada de sua obra?


O velho gagá
O homem sábio












Então, o grande Alan Moore dá a resposta:


Bem, Frank Miller é alguém cujo trabalho eu mal conferi nos últimos 20 anos. Eu pensava que as coisas de Sin City fossem misoginia reconstruída, 300 parecia ser forte homofobia “a-histórica” [não histórico] e completamente equivocada. Eu acho que provavelmente houve uma aparente sensibilidade desagadrável no trabalho de Frank Miller por um bom tempo. Considerando que eu não tenho nada a ver com a indústria de quadrinhos, não tenho nada a ver com as pessoas nela. Eu ouvi sobre as últimas efusões relacionadas ao Movimento “Occupy”. É o que eu esperaria dele. Sempre pareceu a mim que a maior parte do ramo de quadrinhos, se você tivesse que posicioná-los politicamente, você teria que chamá-los de “center-right”* [algo com um centrismo direitista]. O que seria o mais longe em direção ao ponto liberal do espectro que podem ir. Eu nunca estive de forma alguma, eu sequer sei se eu sou “centre-left” [um centrista de esquerda]. Eu sempre fui sincero sobre isso desde o começo da minha carreira. Então sim, eu acho que seria justo dizer que eu e Frank Miller temos visões diametricamente opostas sobre diversas coisas, mas certamentamente sobre o Movimento “Occupy”.

Até onde posso perceber, o movimento é apenas sobre pessoas comuns reclamando direitos que deveriam ter sido sempre deles. Eu não consigo pensar em outra razão pela qual como população devêssemos esperar ficar parados e ver uma imensa redução dos nossos padrões de vida e de nossas crianças, possivelmente por gerações, quando o pessoal que nos levou a isso continuam sendo recompensados por; eles certamente não serão punidos de nenhuma forma porque eles são grandes demais para cair. Eu acho que o Movimento “Occupy” é, de certa forma, o público dizendo que eles é que deveriam ser os que decidem quem seria grande demais para cair. É um completamente justificado rugido de ultraje moral e parece estar sendo desenvolvida de uma forma inteligente e não violenta, o que provavelmente é outro motivo pelo qual isso não agrada muito Frank Miller. Tenho certeza que se tivesse sido um bando de jovens vigilantes sociopatas com maquiagem do Batman em seus rostos, ele seria mais a favor. Eu e ele definitivamente temos que concordar em discordar nisso aí.


Bom, possa assinar embaixo do que disse o mago inglês. Sempre achei Miller superestimado, e nunca perdoei o que ele fez com o Robocop. Ademais, acho que "O Cavaleiro das Trevas", embora seja uma história legal,  é pra lá de pretensiosa. Não tem os toques de sutilizea e elegância de uma obra-prima do quilate de "A Piada Mortal". Isso para não mencionar aberrações do naipe de 300, com o figurino saído direto do Gala Gay. Na boa, esse Miller dever ser uma daquelas bichas enrustidas que condena o casamento homossexual porque tem uma ereção quando vê dois homens se beijando.

Ui! Ui! Vamos lá gurias!

Vem cá, gostosão!


Robocop 2 ou Como Transformar um Filmaço de Paul Verhoeven Numa Bela Porcaria

















Para lembrar que as aberrações não são restritas à mídia cinema, lembro que Miller criou Batman: Holy Terror, bem ao gusto de Bush Jr., mostrando o Morcegão enfrentando a rede Al Qaeda. Até a DC viu que não seria uma boa ideia e cancelou o projeto. Por falta de semancol, Frank Miller resolveu levar a coisa sozinho, e lançou a história com outro personagem: uma Cavaleiro das Trevas genérico, fascista, reacionário e preconceituoso. Um folhetim raso de propaganda que faria até Goebbels corar de vergonha.



2 comentários:

  1. Miller é reaça mesmo. Mas em relação aos quadrinhos, é um gênio. No cinema ainda não acertou (nem quis assistir ao filme do Spirit...) mas acho que a culpa do Robocop ser ruim (principalmente o terceiro) não é dele. O roteiro foi muito mexido pelo estúdio, de modo que pouca coisa da premissa básica de Miller foi mantida na montagem final. De qualquer forma, há muito tempo ele não faz nada que preste nas hq´s também. Pena, porque ele, Moore e Gaiman formam a trinca de ouro dos quadrinhos nos anos 80.

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  2. Eu gosto da obra dele nos anos 80. Mas o cara degringolou de uns tempos para cá. É uma pena, mas é um fenômeno comum artistas ficarem mais reacionários com o passar dos anos, na media inversamente proporcional à qualidade do trabalho produzido.

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