Como estamos chegando ao final de mais um ano, nada melhor do que fazer um pequeno balanço das melhores (e eventualmente piores) hq's que foram lidas em 2011(por mim, claro).
De modo geral, o mercado de quadrinhos nunca esteve tão bem no Brasil. Praticamente todas as grandes editoras, e algumas nem tão grandes assim, estão lançando hq's em profusão. E o mais interessante é que finalmente conseguimos fugir da tríade marvel-dc-turma da mônica, que praticamente monopolizam as bancas. Atualmente, os aficcionados têm muitas opções de leitura não somente nas boas e velhas bancas mas principalmente, e cada vez em maior quantidade, nas livrarias. As editoras brasileiras vêm seguindo a tendência de ocupar cada vez mais espaço nas grandes livrarias e megastores, focando muitos de seus lançamentos diretamente para o público que frequenta esses espaços. Desse modo, tornou-se comum vermos cada vez mais hq's, de qualidade ou não, ocupando as estantes das saraivas e fnac's da vida. Isso se deve a dois fatores: primeiro, ao tardio reconhecimento dos quadrinhos como arte digna de respeito, fato devidamente corroborado pela quantidade de lançamentos que editoras como a respeitabilíssima Cia das Letras (casa de Saramago e Naipaul no Brasil, por exemplo) vêm colocando nas prateleiras e segundo o fato de que os leitores de hq's envelheceram e o público não foi renovado nos últimos anos, ou seja, o moleque que lia gibis há 20 anos é o mesmo marmanjo que hoje compra um exemplar do livro mais recente do Veríssimo e aproveita pra levar junto um encadernado do Batman.
De qualquer forma, vou fazer uma listinha das hq's mais interessantes que li este ano. Como li muita coisa, preferi listar as séries mais interessantes que estão sendo lançadas no Brasil atualmente. Acho que tem e tudo um pouco, embora eu tenha lido muita coisa da Panini, obviamente em razão de ela ser a maior do ramo no Brasil. Mas não deixo de fora alguns bons trabalhos publicados por outras editoras. Ao mesmo tempo, confesso que li poucas hq's nacionais este ano, embora tenha ciência da qualidade do trabalho de vários autores nacionais, como Mutarelli, Danilo Beyruth e Daniel Galera. Ficam para um próximo post…
1 - Fábulas (Bill Willingham e Mark Buckingham)
Editora: Panini
Sem dúvida, a melhor série do selo Vertigo atualmente. Bill Willingham escreve muito bem, consegue te surpreender a cada arco trazendo tramas intrigantes, que vão de conspirações políticas a pequenas histórias focadas nos personagens. Considerando essa moda recente de avacalhar com os contos de fadas e as histórias de vampiro (vide Crepúsculo e outras porcarias…), o trabalho de Willingham é primoroso. Aguardo ansioso pelo volume 10, que deve ser lançado este mês pela Panini.
2 - Y- o último homem; Ex machina (ambos de Brian Vaughan)
Editora: Panini
Resolvi colocar essas duas séries em um mesmo tópico porque ambas são escritas pelo excelente Brian Vaughan, que é, sem dúvida, um dos 5 melhores roteiristas da atualidade. Y é muito divertida e bem desenhada pela espanhola Piá Guerra. Vaughan é o maior criador de "ganchos" da atualidade e sempre consegue te deixar ligado esperando o próximo número. Ex Machina, por sua vez, traz uma trama inovadora: o que aconteceria se um super-herói fosse eleito prefeito de Nova York? Valendo-se dessa premissa, Vaughan aproveita pra trabalhar questões como a liberação das drogas, discriminação racial e violência urbana. Fantástica.
3 - ZDM (Brian Wood e Ricardo Burcchielli)
Editora: Panini
Mais uma série da Vertigo, mostrando a realidade de uma zona de guerra. Imagine se as mílicias tomassem conta dos EUA pós-11 de setembro e que Nova York fosse a única zona desmilitarizada. Premissa interessantíssima e muito bem explorada por Brian Wood. Com sua visão extremamente ácida, o escritor faz uma série forte e realista, sempre acompanhado das belas ilustrações do italiano Burcchielli. De quebra, aproveita para denunciar a política fascistóide estadunidense, criticar as grandes corporações e a intolerância que grassa por aquelas bandas. Ainda por cima, faz uma bela homenagem `a Grande Maçã. Vale muito a pena.
4 - Os mortos-vivos (Robert Kirkman e Charlie Adlard)
Editora; HQM
Agora que a série de TV baseada na série fez muito sucesso e foi até indicada ao globo de ouro, a HQM está lançando com mais periodicidade a excelente hq de Kirkman. Ainda acho os quadrinhos melhores do que a série. A invasão zumbi é mero pretexto para o autor colocar seus personagens em situações-limite que nos levam a questionar o próprio conceito de civilização. O grande trunfo de Kirkman está na caracterização dos personagens, que ao longo da série vão se tornando íntimos do leitor.
5 - The umbrella academy (Gerard Way e Gabriel Bá)
Editora: Devir
Nunca imaginei que algum dia elogiaria o trabalho do cara que é vocalista do My Chemichal Romance, porém é inegável a qualidade dos roteiros de Gerard Way nessa série absolutamente insana, que tem muita criatividade, humor e violência. No início, estranhei um pouco o traço do brasileiro Gabriel Bá, pois o achei muito cartunesco, mas depois vi que ele casa perfeitamente com as maluquices perpetradas por Way ao longo das histórias. Uma boa opção para fugir da mesmice que vinga nas histórias tradicionais de super-heróis.
De modo geral, o mercado de quadrinhos nunca esteve tão bem no Brasil. Praticamente todas as grandes editoras, e algumas nem tão grandes assim, estão lançando hq's em profusão. E o mais interessante é que finalmente conseguimos fugir da tríade marvel-dc-turma da mônica, que praticamente monopolizam as bancas. Atualmente, os aficcionados têm muitas opções de leitura não somente nas boas e velhas bancas mas principalmente, e cada vez em maior quantidade, nas livrarias. As editoras brasileiras vêm seguindo a tendência de ocupar cada vez mais espaço nas grandes livrarias e megastores, focando muitos de seus lançamentos diretamente para o público que frequenta esses espaços. Desse modo, tornou-se comum vermos cada vez mais hq's, de qualidade ou não, ocupando as estantes das saraivas e fnac's da vida. Isso se deve a dois fatores: primeiro, ao tardio reconhecimento dos quadrinhos como arte digna de respeito, fato devidamente corroborado pela quantidade de lançamentos que editoras como a respeitabilíssima Cia das Letras (casa de Saramago e Naipaul no Brasil, por exemplo) vêm colocando nas prateleiras e segundo o fato de que os leitores de hq's envelheceram e o público não foi renovado nos últimos anos, ou seja, o moleque que lia gibis há 20 anos é o mesmo marmanjo que hoje compra um exemplar do livro mais recente do Veríssimo e aproveita pra levar junto um encadernado do Batman.
De qualquer forma, vou fazer uma listinha das hq's mais interessantes que li este ano. Como li muita coisa, preferi listar as séries mais interessantes que estão sendo lançadas no Brasil atualmente. Acho que tem e tudo um pouco, embora eu tenha lido muita coisa da Panini, obviamente em razão de ela ser a maior do ramo no Brasil. Mas não deixo de fora alguns bons trabalhos publicados por outras editoras. Ao mesmo tempo, confesso que li poucas hq's nacionais este ano, embora tenha ciência da qualidade do trabalho de vários autores nacionais, como Mutarelli, Danilo Beyruth e Daniel Galera. Ficam para um próximo post…
1 - Fábulas (Bill Willingham e Mark Buckingham)
Editora: Panini
Sem dúvida, a melhor série do selo Vertigo atualmente. Bill Willingham escreve muito bem, consegue te surpreender a cada arco trazendo tramas intrigantes, que vão de conspirações políticas a pequenas histórias focadas nos personagens. Considerando essa moda recente de avacalhar com os contos de fadas e as histórias de vampiro (vide Crepúsculo e outras porcarias…), o trabalho de Willingham é primoroso. Aguardo ansioso pelo volume 10, que deve ser lançado este mês pela Panini.
Willingham seguindo os passos de Neil Gaiman |
bela capa de James Jean |
2 - Y- o último homem; Ex machina (ambos de Brian Vaughan)
Editora: Panini
capa bacana de Y - o último homem |
entrevista com Vaughan
o carequinha Wood |
Editora: Panini
Mais uma série da Vertigo, mostrando a realidade de uma zona de guerra. Imagine se as mílicias tomassem conta dos EUA pós-11 de setembro e que Nova York fosse a única zona desmilitarizada. Premissa interessantíssima e muito bem explorada por Brian Wood. Com sua visão extremamente ácida, o escritor faz uma série forte e realista, sempre acompanhado das belas ilustrações do italiano Burcchielli. De quebra, aproveita para denunciar a política fascistóide estadunidense, criticar as grandes corporações e a intolerância que grassa por aquelas bandas. Ainda por cima, faz uma bela homenagem `a Grande Maçã. Vale muito a pena.
capa do primeiro encadernado lançado no Brasil |
Rick Grimes em ação |
Editora; HQM
Agora que a série de TV baseada na série fez muito sucesso e foi até indicada ao globo de ouro, a HQM está lançando com mais periodicidade a excelente hq de Kirkman. Ainda acho os quadrinhos melhores do que a série. A invasão zumbi é mero pretexto para o autor colocar seus personagens em situações-limite que nos levam a questionar o próprio conceito de civilização. O grande trunfo de Kirkman está na caracterização dos personagens, que ao longo da série vão se tornando íntimos do leitor.
5 - The umbrella academy (Gerard Way e Gabriel Bá)
Editora: Devir
Ele é emo mas escreve bem |
Belo texto. É uma volta do blog às origens, depois de uma chuva de denúncias envolvendo corsários e bucaneiros. Não tenho lido muitas HQs novas, ultimamente. Lembro que das mais recentes, a que eu gostei mais foi o Kickass, mas já é relativamente antiga, até fizeram filme. Já havia visto ZDM e Y vendendo direto nas bancas, mas não sabia do que se tratava. Também já ouvi falar (bem) das histórias do roteirias emo, e confesso que não me interessei por causa do preconceito. Mas é aquela coisa, de repente o cara é ruim de música, mas escreve bem... uma espécie de Paulo Coelho ao contrário, grande compositor como parceiro de Raul Seixas e escritor de qualidade discutível. Walking Dead eu não li os gibis, mas considero a melhor série da atualidade (ao lado de Fringe, é uma das poucas que eu acompanho fielmente). O Fables eu também já ouvi falar, mas não me interessei talvez por vir à minha cabeça aquela picaretagem dos Grimm Fairy Tales. De qualquer forma, quando li este post fiquei pensando em qual seria o melhor filme do ano. Aí fiquei triste, porque não me veio nenhum à memória que realmente valesse a pena, como ocorreu ano passado com o Inception, e, anteriormente, com o Cavaleiro das Trevas. Talvez dê para fazer um balanço de filmes medianos, mas nada digno de nota.
ResponderExcluirValeu. Ainda não li Kick-Ass, mas gostei muito do filme. Cara, o Gerard Way é surtado nos roteiros de Umbrella Academy, que eu acho uma loucura. Walking Dead é legal (a série), mas a hq é fantastica. Fables é genial, vale a pena. De modo geral, o selo vertigo é padrão de excelência em termos de hq, sempre uma boa opção pra fugir da mesmice das histórias de super-heróis. Quanto ao cinema, realmente tá difícil encontrar bons filmes (blockbusters, pelo menos). Pra mim, o melhor do ano é disparado o do Woody Allen. Dos blockbusters, X-Men: primeira classe.
ResponderExcluirEu não vi o do Woody Allen. Gostei do X-Men, mas não é algo que seja tão relevante para figurar como o melhor do ano. Mas, na falta de opções eu ficaria com esse mesmo.
ResponderExcluirMais um super-texto do zelig!
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