sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Se fue Hitchens

Hitchens (1949-2011), o maior polemista do nosso tempo
(do Sul21)

Do trotsquismo no qual militou entre 1966 e 1976, Christopher Hitchens herdou – e nunca abandonou – o gosto pela polêmica, a total ausência de receio de ser minoria e o horror a qualquer tipo de discurso feito para agradar o senso comum dos fariseus. Mais ou menos como um músico de ouvidos bem treinados reconheceria o dedilhar de Jimi Hendrix ou Johnny Marr aos primeiros acordes, os leitores de Hitch identificaríamos qualquer frase sua imediatamente, mesmo que descontextualizada. Com adjetivação abundante mas nunca óbvia, orações subordinadas de um barroquismo que levava a vocação pragmática da língua inglesa aos seus limites, fechamentos devastadores para o adversário—e ele sempre tinha um adversário—, Hitch escrevia como ninguém. Ao contrário da grande maioria dos que escrevem como ninguém, ele também falava admiravelmente: era um orador potentíssimo, capaz de reduzir o oponente ao ridículo em questão de minutos. O debate protagonizado por ele e por Stephen Fry, em 2009, contra um arcebispo da Nigéria e uma deputada conservadora britânica, sobre se a Igreja Católica seria uma força “para o bem”, é um dos maiores espancamentos verbais de que se tem notícia. Foi o grande polemista do nosso tempo.



Obituário


O escritor e jornalista britânico Christopher Hitchens, autor do célebre livro 'Deus não é grande', morreu em Houston (EUA) vítima de um câncer no esôfago, informa em sua edição digital a revista 'Vanity Fair'.
Nascido em 1949 em Portsmouth (Reino Unido), Hitchens morreu na noite de quinta-feira (15) no hospital MD Anderson Cancer Center, em Houston, da mesma doença que levou seu pai.
A detecção da doença aconteceu quando o escritor promovia sua última obra, as memórias intituladas 'Hitch-22'.
Considerado um dos intelectuais mais polêmicos e influentes do cenário internacional nos últimos 30 anos, Hitchens se mudou para os Estados Unidos em 1981 e colaborou com as publicações mais prestigiadas nos dois lados do Atlântico: 'Vanity Fair', 'Slate', 'The Nation', 'The New York Review of Books', 'The Times' e 'National Geographic', entre outras.
Além de 'Deus não é grande', Hitchens também escreveu 'Cartas a um jovem contestador', 'A vitória de Orwell', 'O julgamento de Kissinger' e 'Amor, pobreza e guerra'.

Um comentário:

  1. É uma grande perda. Dele só conheço o ótimo "Deus não é grande". Fiquei curioso por esse "A vitória de Orwell" e já estou procurando nos meios alternativos.

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