quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012
novo trailer dos vingadores
Está chegando a hora! Dia 27 de abril estreia "Os Vingadores". O sonho de infância de cada fã da Marvel vai se realizar. Agora é curtir o trailer turbinado e continuar a contagem regressiva:
TV comédia
Quem disse que a TV brasileira não tem bons programas? Principalmente quando se trata de humorísticos, somos provavelmente os melhores do mundo. Veja por exemplo o vídeo abaixo, em que um sósia do Costinha conta uma piada engraçadíssima envolvendo a Daslu e o Ex-Presidente Lula. Lembra muito os melhores momentos das chanchadas da Atlântida. Quase não me aguentei de tanto rir…
terça-feira, 28 de fevereiro de 2012
Ex-primeiro ministro francês critica capitalismo
Michel Roccard |
Em entrevista ao jornal francês Le Monde, o ex-primeiro-ministro socialista da França, Michel Roccard, 82 anos, critica a atual sociedade capitalista e prega uma nova sociedade para o futuro:
"Uma sociedade menos mercantil, menos sujeita à competição, menos entregue à cobiça, organizada em função do tempo livre.
Costumo dizer que os melhores momentos da vida são o namoro, o nascimento de um filho, as boas realizações artísticas ou profissionais, as façanhas esportivas, as viagens maravilhosas, ou muitas outras coisas; note que nenhuma destas satisfações está ligada à acumulação de dinheiro.
Em síntese, concebo o mundo futuro como um mundo de práticas culturais ou esportivas intensas, de abundância de tempo para dedicar à família, de atenção para os filhos, e de voltar a cultivar as relaçoes de amizade".
A entrevista foi reproduzida, em castelhano, na lista argentina Reconquista Popular, por Néstor Gorojovsky, nmgoro@gmail.com.
"Uma sociedade menos mercantil, menos sujeita à competição, menos entregue à cobiça, organizada em função do tempo livre.
Costumo dizer que os melhores momentos da vida são o namoro, o nascimento de um filho, as boas realizações artísticas ou profissionais, as façanhas esportivas, as viagens maravilhosas, ou muitas outras coisas; note que nenhuma destas satisfações está ligada à acumulação de dinheiro.
Em síntese, concebo o mundo futuro como um mundo de práticas culturais ou esportivas intensas, de abundância de tempo para dedicar à família, de atenção para os filhos, e de voltar a cultivar as relaçoes de amizade".
A entrevista foi reproduzida, em castelhano, na lista argentina Reconquista Popular, por Néstor Gorojovsky, nmgoro@gmail.com.
segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012
Watchmen e continuações que não precisavam ser feitas
A esta altura do campeonato, todo mundo já sabe que a DC vai lançar novas histórias com os personagens de Watchmen, que serão publicadas no meio do ano. Por mais que as equipes criativas envolvidas sejam excelentes (e são), não dá pra negar que o principal motivo dessas "prequels" acontecerem é o dinheiro. Afinal, Watchmen é a graphic novel mais vendida de todos os tempos, graças a sucessivos relançamentos em livrarias; agora mesmo a Panini acaba de lançar a segunda edição do encadernado publicado em 2009. Alan Moore, por sua vez, marcou mais um ponto com seus fãs, ao se recusar terminantemente a se envolver no novo projeto, mesmo a DC tendo oferecido liberdade total e os direitos sobre todos os personagens.
capas das novas histórias baseadas na obra-prima de Alan Moore e Dave Gibbons |
Isso tudo me faz lembrar que não é de hoje a ideia de continuar histórias fechadas que fizeram muito sucesso, tanto no cinema quanto nas hq's, na maioria das vezes inserindo subtramas absurdas e arranjando pretextos pra retomar situações e personagens que já haviam sido muito bem resolvidos na trama original. Sem nada de interessante a acrescentar, roteiristas de quadrinhos e de cinema acabam quase sempre entregando um material muito inferior ao original. Vejamos alguns exemplos ilustres:
1 - O cavaleiro das trevas 2. Este é um raro caso em que o criador do original volta pra manchar sua brilhante carreira. Miller sucumbiu `a tentação do vil metal e cometeu este verdadeiro desastre. Até mesmo sua arte, tão impecável em outros tempos, desandou de vez aqui. Terrível.
Miller esquecendo as lições de anatomia humana |
2 - 2010: o ano em que faremos contato. Tudo bem que a sequência de 2001 foi escrita por Arthur C. Clarke, o mesmo autor do roteiro do filme original. Mas sem Kubrick na direção o que sobra é um filmeco de ficção científica, que tenta explicar tudo que havia apenas sido sugerido no original. Uma das grandes heresias da história do cinema.
a capa do dvd é bonita, mas o filme... |
3 - Highlander 2, 3, 4 etc. O primeiro filme é muito bom, com tudo no lugar certo, desde a história dos imortais escoceses até a trilha propositadamente cafona do Queen. Mas, como sempre, os dólares falaram mais alto e o diretor Russel Mulcahy convenceu Christopher Lambert e Sean Connery a participarem desta patacoada. Desastre total, consegue ser até hoje o pior da série, o que quer dizer muito.
Connery e Lambert pagando mico |
4 - Guerras secretas 2. A primeira minissérie é um marco dos quadrinhos, por dar início `a era das megassagas que reúnem quase todos os grandes heróis de uma editora. Mesmo não sendo grande coisa como história, é divertida e funciona naquilo a que se propõe. Mas esta sequência é de lascar, com o Beyonder vindo `a Terra e causando uma série de problemas para os heróis da Marvel. Roteiro pífio e desenhos do péssimo Al Milgrom formam o cenário pra um desastre completo em termos de narrativa de quadrinhos. Merece nosso desprezo eterno.
capa de John Byrne pra uma história descartável |
5 - Marvels 2. Por esta eu nunca esperei. Marvels é uma das maiores histórias de todos os tempos, um verdadeiro marco das hq's contemporâneas. Na falta de um talento como Alex Ross, a Marvel chamou o medíocre Jay Anacleto, que tenta emular Ross sem muito sucesso. Pena que Kurt Busiek aceitou sujar seu nome e retornou ao roteiro, mostrando que nem só de amor `a profissão vive um escritor.
parece bom, mas não é... |
quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012
Laerte: gênio e polêmico
A entrevista de Laerte ao Roda Viva foi bem interessante. A polêmica em torno da questão de gênero tem rendido bons debates, mas o cartunista contribuiu pra colocar mais lenha na fogueira, ao resolver andar permanentemente vestido com trajes femininos. De todo modo, é sempre bom assistir a esse que é um dos grandes gênios dos quadrinhos nacionais, autor de obras marcantes como "Piratas do Tietê" e "Muchacha". Vale dar uma conferida:
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012
California dreaming
Após a ressaca involuntária do Carnaval, este blogueiro sai em merecidas férias na California. Por isso, coloco algumas canções, que, à sua maneira, homenageiam aquela terra. Claro que não vou por aquela do Lulu Santos.
Claro que não podia faltar a homenagem de Jello Biafra ao Governador Schwarzenegger:
Claro que não podia faltar a homenagem de Jello Biafra ao Governador Schwarzenegger:
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012
O samba do portoalegrense doido
Seguindo o clima de Carnaval, e para fugir um pouco dos sambas-enredos com pretensões épicos, contando histórias sobre como Mauricio de Nassau chegou à terra de Cabral, apaixonou-se por uma índia com lábios de mel, conheceu a capoeira e a caipirinha, jogou xadrez com D. João VI, sambou na passarela com Carmen Miranda, e discutiu com Charles Darwin a Teoria da Evolução das Espécies...
A Marchinha Psicótica De Dr. Soup
Júpiter Maçã
Antes de nada eu gostaria de explicar
Segue agora um mosaico de imagens mil
Chamado a marchinha psicótica de dr. Soup
A noiva do arlequim e o malabarista
Chegaram junto com a fada e o inspetor nazista
Chacretes e coristas em teatro de revista
Bem-vindos a orgia niilista, ai que gostoso
Que delícia, muito mais paulista
Anunciados o homem-bala e a mulher canhão
A musa do Pinóquio era bolchevista
A mais formosa melindrosa pega na Suíça
Suíça pra ela era pegar rapaz
E pra provar minha querida
O meu amor tão radical
Eu escrevi essa marchinha
Para tocar no carnaval
O milênio passaria e a marchinha seguiria
Sendo cult underground
Mas até 2020 seria revisitada
E virar hit nacional
O timbre do Caetano é super bacana
Não pense que eu estou copiando, que eu sou banana
Peguei emprestado pras artes da semana
Abrindo as portas da percepção
Um tal de Aldous Huxley de cara, ficou doidão
Tomando toda a solução
Doidão é apelido para a paranóia
Toda jibóia, toda bóia, toda clarabóia
Querida, que tal baixar o televisor?
Deitado no divã com Woody Allen
Eu tive um sonho com aquele estranho velho alien
Que era cabeça Bob Dylan, barba Ginsberg Allen
E pra provar minha querida
O meu amor tão radical
Eu escrevi essa marchinha
Para tocar no carnaval
O milênio passaria e a marchinha seguiria
Sendo cult underground
Mas até 2020 seria revisitada
E virar hit nacional
sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012
Como fugir da festa da carne?
Tenho a leve impressão de que a maioria dos nerds que curtem quadrinhos não é lá muito chegada em carnaval. Não que seja uma questão de ideologia ou falta de apreço pela cultura nacional. É só uma questão de gosto pessoal. O problema é que a empulhação dos "mass media" é tão eficiente que acaba por vezes transformando em antipático o sujeito que não vê diferença entre as baterias da Mangueira e da Beija-flor e acha todos os sambas-enredo absolutamente parecidos e redundantes. Não se trata disso.
Pensando no assunto, resolvi prestar este pequeno serviço de utilidade pública e indicar algumas hq´s que são uma forma bastante eficaz de fugir totalmente daquele clima de "alegria" tão "contagiante" que acomete o Brasil varonil durante esses quatro dias de festividades. Claro que não é tarefa fácil ignorar os batuques, os desfiles, o axé e tudo mais que vem nesse pacote carnavalesco anual. Portanto o nerd que não tem mesmo qualquer vocação pra folião e deseja escapar de verdade do vírus do "lá vou eu, lá vou eu..." que impera no mês de fevereiro deve ser perseverante e munir-se com aquilo que de mais denso e criativo a cultura pop produziu nos últimos anos. Podem ser alguns bons filmes, é claro, mas sempre haverá o risco de ter que assisti-los desacompanhado, pois os amigos, namorada e familiares do nerd muito provavelmente irão preferir dar uma curtida nos desfiles, ir a alguma baile ou até mesmo viajar. Assim, nada melhor do que uma boa leitura. Um livro é sempre bem-vindo, mas também não precisamos exagerar pois, a não ser que o nerd queira parecer mais antipático ainda, é pouco recomendável ser visto em pleno carnaval com um exemplar de "Guerra e Paz" a tiracolo. Por isso, os bons e velhos gibis são os companheiros ideais para este feriadão prolongado e deveras quente com o qual somos contemplados por essas paragens. Eis a lista:
1 - "O grito do povo" (Conrad): Que carnaval que nada! Festa popular legítima foi a comuna de Paris. Nesta graphic novel sensacional, o não menos sensacional Jacques Tardi conta algumas histórias fictícias que se entrelaçam tendo com pano de fundo um dos períodos mais conturbados da história das lutas sociais na Europa. São dois volumes lindões que vão te fazer esquecer qualquer carro alegórico bizarro que tenha sido mostrado na Sapucaí.
2 - "Sábado dos meus amores" (Conrad): Marcello Quintanilha é um gênio dos quadrinhos e nos mostra que o olhar aguçado sobre o cotidiano pode render ótimas hq´s. Aqui são reunidas algumas crônicas em forma de hq´s, nas quais o autor retrata de com toda a sensibilidade a realidade de brasileiros que vão de um fanático torcedor de futebol a um circo de beira de estrada. A beleza das histórias bate qualquer letra do Chiclete com Banana.
3 - "Camelot 3000" (Panini): Grande hq dos ingleses Mike W. Barr e Brian Bolland, escrita no auge da invasão britânica aos EUA, em meados dos anos 80. Barr pegou a lenda do Rei Arthur e transformou em uma original ficção científica. A edição da Panini é luxuosa, daquelas de colocar na estante ao lado daquele Garcia Márquez que você tanto admira. Mais agradável do que assistir ao bloco do Gilberto Gil na Band.
4 - "Retalhos" (Cia das letras): Graphic novel premiada de Craig Thompson, uma cria dos estúdios de Art Spiegelman. Agora virou moda fazer hq autobiográfica, mas nenhuma superou a beleza desta. Thompson narra um pouco da sua vida no interior dos EUA, sob o jugo de uma família protetora e extremamente religiosa. Emocionante do início ao fim, nos faz chorar mais do que quando uma escola de samba é desclassificada por não desfilar no tempo regulamentar.
5 - "Che" (Conrad). Sou muito fã de Alberto e Enrique Breccia. Pai (já falecido) e filho argentinos desenharam essa biografia do Che na década de 60 e somente neste século ela foi publicada, em razão da censura sofrida à época. A edição brasileira é linda e traz um prefácio especialíssimo de Ernesto Sábato. Esta é pro nerd de esquerda provocar aquele parente meio reaça, emendando um discurso sobre como o carnaval brasuca virou mesmo uma grande festa do capital monopolista da grande mídia.
4 - "Retalhos" (Cia das letras): Graphic novel premiada de Craig Thompson, uma cria dos estúdios de Art Spiegelman. Agora virou moda fazer hq autobiográfica, mas nenhuma superou a beleza desta. Thompson narra um pouco da sua vida no interior dos EUA, sob o jugo de uma família protetora e extremamente religiosa. Emocionante do início ao fim, nos faz chorar mais do que quando uma escola de samba é desclassificada por não desfilar no tempo regulamentar.
5 - "Che" (Conrad). Sou muito fã de Alberto e Enrique Breccia. Pai (já falecido) e filho argentinos desenharam essa biografia do Che na década de 60 e somente neste século ela foi publicada, em razão da censura sofrida à época. A edição brasileira é linda e traz um prefácio especialíssimo de Ernesto Sábato. Esta é pro nerd de esquerda provocar aquele parente meio reaça, emendando um discurso sobre como o carnaval brasuca virou mesmo uma grande festa do capital monopolista da grande mídia.
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012
A Liga da Hanna Barbera
Hehe! Talvez fosse uma boa ideia. Ou não. De qualquer forma, eu faria questão de ver. Campanha no bleedingcool.com. Desenho do brasileiro Daniel HDR.
quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012
talentos brasileiros na DC
Boa compra pra este início de ano é a edição especial "DC Made in Brazil", uma coletânea de histórias de personagens da DC desenhadas por vários artistas brasileiros. Não é mais novidade que os desenhistas brasileiros estão muito bem cotados entre as grandes editoras de hq's dos EUA. Tenho acompanhado de perto o belíssimo trabalho de caras como Joe Prado, Ed Benes, Eddy Barrows e, principalmente, de Ivan Reis, pra mim um dos maiores desenhistas da atualidade. Todos eles e especialmente o Ivan têm feito trabalhos de destaque com personagens clássicos como Superman, Lanterna Verde, Aquaman e Mulher-Maravilha, de modo que muitos comentam sobre a "invasão brasileira" nos "comics" americanos e confesso que tenho achado o máximo ver o pessoal ganhando uma boa grana e reconhecimento desenhando quadrinhos lá fora, rompendo com preconceitos e criando um espaço importante para futuros artistas brasileiros, por isso comprei a revista até com um certo orgulho de todos eles, talvez até porque a maioria é da minha geração e cresceu lendo e admirando artistas que também admiro. Tenho certeza que fazem o trabalho com rara paixão e dedicação.
terça-feira, 14 de fevereiro de 2012
Justiça seja feita ao Oscar
A lista de indicados ao Oscar foi, de modo geral, uma decepção. Nem tanto pela qualidade dos filmes indicados, mas sim porque constatamos definitivamente a mediocridade do cinema americano atual. É certo que existem exceções, mas no geral os talentos estão bastante escassos, tanto que a Academia não conseguiu nem mesmo preencher a lista de dez finalistas, como vinha fazendo nos anos anteriores. Onde está aquele cinema vigoroso, atrevido e até mesmo divertido que nos acostumamos a acompanhar em décadas anteriores? Aonde foram parar aqueles grandes cineastas como Coppola, De Palma e Friedkin? Cada vez mais parece que a lógica dos grandes estúdios é regida muito mais pelo poder do marketing do que pela vontade legítima de fazer filmes de qualidade.
De qualquer forma, dando uma olhada na lista de indicados, dá pra tirar algumas personalidades e filmes que merecem estar ali, não que isso vá fazer qualquer diferença pra carreira deles, mas seria legal vê-los premiados. Por exemplo: Gary Oldman. Que ator fantástico! Se não derem o prêmio pra ele agora, não sei mais quando vão dar. O cara já fez tanta coisa marcante: "Sid e Nancy", "O profissional", "Drácula""Minha amada imortal", "O cavaleiro das trevas". É daqueles atores ingleses que dão dignidade a qualquer película. Me surpreende que seja sua primeira indicação.
Outro que, sem dúvida, merece a indicação é o bom e velho Woody Allen. "Meia-noite em Paris" é o melhor filme que vi no ano passado, com um roteiro primoroso e os diálogos sempre excelentes que são a marca do bom cinema que Allen vem praticando há quarenta anos. Trata-se de um dos cinco melhores cineastas em atividade e a indicação ao Oscar é nada menos do que obrigatória. Por mim, o prêmio seria dele.
George Clooney é um dos grandes astros dos últimos vinte anos e tem se destacado com filmes de conteúdo político e francamente engajados. Também merece a indicação. Tem alternado filmes comerciais e de boa qualidade, como a série "Onze homens…", com filmes voltados a um público mais seletivo. Gostei de quase tudo que ele fez nos últimos anos.
O mesmo raciocício aplico `a indicação de Brad Pitt. Parece que ele é mesmo o favorito, concorrendo por "Moneyball", (mais) um filme sobre baseball. Não acho que ele seja grande ator, mas não dá pra negar que tem feito trabalhos memoráveis com grandes diretores como Tarantino, Terry Gillian e David Fincher. Além do mais, é casado com a deusa Angelina Jolie e superou há muito tempo o estigma de galã sem talento. Enfim, é um grande astro, reunindo beleza, carisma e engajamento político.
Muita gente torce o nariz para mais uma indicação de Meryl Streep, agora por "A dama de ferro", interpretando a famigerada Margaret Thatcher. Que ela é queridinha da Academia, não dá pra negar. Mas duvido que consigamos apontar, na atualidade, alguma atriz americana mais talentosa e versátil do que ela. Streep é a grande dama do cinema americano e isso não se discute. Portanto, nada mais justo que figure entre as indicadas a melhor atriz.
Por fim, no quesito animação a Academia pisou feio na bola, "Kung Fu Panda 2" indicado e "Tintim" fora? Inacrediável. Porém devemos ficar tranquilos, pois deve ganhar mesmo "Rango", que é, de longe, a melhor animação de 2011. A animação é divertidíssima e muito bem filmada, resultando em uma grande homenagem aos faroestes clássicos.
Por tudo isso, apesar de ficarmos injuriados com algumas posturas da Academia e com a quantidade de cineastas e atores que têm sido preteridos nos últimos anos, como Christopher Nolan, David Fincher, Michael Fassbender e Tarantino, dá pra curtir a (cafoníssma) festa do Oscar torcendo por alguns nomes que têm feito o cinema americano conemporâneo um pouquinho melhor. Pena que temos que aguentar os chatíssimos números musicais...
O mesmo raciocício aplico `a indicação de Brad Pitt. Parece que ele é mesmo o favorito, concorrendo por "Moneyball", (mais) um filme sobre baseball. Não acho que ele seja grande ator, mas não dá pra negar que tem feito trabalhos memoráveis com grandes diretores como Tarantino, Terry Gillian e David Fincher. Além do mais, é casado com a deusa Angelina Jolie e superou há muito tempo o estigma de galã sem talento. Enfim, é um grande astro, reunindo beleza, carisma e engajamento político.
Muita gente torce o nariz para mais uma indicação de Meryl Streep, agora por "A dama de ferro", interpretando a famigerada Margaret Thatcher. Que ela é queridinha da Academia, não dá pra negar. Mas duvido que consigamos apontar, na atualidade, alguma atriz americana mais talentosa e versátil do que ela. Streep é a grande dama do cinema americano e isso não se discute. Portanto, nada mais justo que figure entre as indicadas a melhor atriz.
Por fim, no quesito animação a Academia pisou feio na bola, "Kung Fu Panda 2" indicado e "Tintim" fora? Inacrediável. Porém devemos ficar tranquilos, pois deve ganhar mesmo "Rango", que é, de longe, a melhor animação de 2011. A animação é divertidíssima e muito bem filmada, resultando em uma grande homenagem aos faroestes clássicos.
Por tudo isso, apesar de ficarmos injuriados com algumas posturas da Academia e com a quantidade de cineastas e atores que têm sido preteridos nos últimos anos, como Christopher Nolan, David Fincher, Michael Fassbender e Tarantino, dá pra curtir a (cafoníssma) festa do Oscar torcendo por alguns nomes que têm feito o cinema americano conemporâneo um pouquinho melhor. Pena que temos que aguentar os chatíssimos números musicais...
sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012
George Lucas nega que Han atirou primeiro
Transcrito do Cinema em Cena.
Em razão do relançamento de Star Wars: Episódio I – A Ameaça Fantasma em 3D nos cinemas, o diretor George Lucas concedeu uma entrevista ao site The Hollywood Reportere respondeu a algumas questões sobre pirataria, Indiana Jones 5 e, principalmente, sobre todas as mudanças pós-lançamento que fez aos seis Star Wars.
Ao todo, foram cinco perguntas para o diretor, e, na primeira delas, Lucas disse que esta versão de A Ameaça Fantasma que chega aos cinemas hoje é a mesma do Blu-ray (que, de acordo com Lucas, é a melhor) com apenas a conversão para 3D como diferença. Mas o que realmente pode irritar alguns fãs é a resposta de Lucas para a segunda pergunta, na qual o repórter questiona como ele se sente com a reclamação dos fãs a algumas mudanças dos filmes, como o Yoda em CGI no Episódio I e o “quem atira primeiro” entre Han Solo e Greedo.
Eis a resposta do diretor: “[Star Wars] não é um evento religioso. Eu odeio dizer isso às pessoas. É um filme, apenas um filme. Quanto à controvérsia entre quem atirou primeiro, Greedo ou Han Solo, no Episódio IV, o que eu fiz foi tentar esclarecer a confusão, mas obviamente aborreci as pessoas porque elas queriam que Solo fosse um assassino a sangue-frio, mas ele não é. A cena foi toda feita em close-ups e ficou confuso sobre quem fez o quê. Eu acrescentei um plano pequeno que deixou claro que Greedo foi quem atirou primeiro (...) É a mesma coisa com o Yoda. Nós tentamos fazê-lo em CGI para o Episódio I, mas não conseguimos a tempo. Nós não tínhamos a tecnologia suficiente para trabalhar, então tivemos que usar o boneco, mas ele não era tão bom quanto o CGI. Então, quando refizemos, nós colocamos o CGI de volta, porque era o que estava programado anteriormente”.
Seguindo... O THR também perguntou a Lucas qual era sua opinião sobre os projetos SOPA e PIPA e outros assuntos em relação à pirataria, e ele respondeu: “Se nós tivéssemos um sistema legal inteligente, todo mundo se juntaria e escreveria a melhor resposta possível. Colocar o mundo digital contra o tradicional e dizer que é um ou outro não é uma decisão sábia. Porque o que você está dizendo é: ‘você quer que filmes existam, ou você quer que tudo esteja na internet e assistir a gatos vendo televisão ou algo assim?’ Todo mundo quer filmes, todo mundo quer programas de televisão, e todo mundo quer mídia digital. Só cabe ao governo se sentar com ambos os lados e escrever uma nota razoável”.
Para finalizar, Lucas comentou que adorou A Invenção de Hugo Cabret, primeira experiência 3D de seu amigo Martin Scorsese, e disse que o filme reinventa os negócios dos efeitos visuais e especiais. E quando finalmente questionado sobre Indiana Jones 5 (Lucas é criador da história da saga, junto com Steven Spielberg) sua resposta foi: “Eu deveria estar trabalhando nele agora, mas eu estou aqui falando com você ao invés disso (risos)”.
Casaco do Capitão
Sim, eu sei que vão achar que eu não tenho senso do ridículo. Mas até fiquei com vontade de comprar esse casaco do Capitão. Se eu me animaria a sair na rua vestido assim já é outra história.
À venda na HotTopic, por 60 doletas.
quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012
Entrevista com Miguel Nicolelis
Nicolelis é um cara que deveria dispensar apresentações. Infelizmente, no Brasil, ele fica ofuscado por personalidades mais relevantes, como Neymar ou aquela Luiza do Canadá. Mas quem nunca ouviu falar do cara procure já no Google.
Transcrevo a entrevista para a Planeta, que já é meio antiga e já foi reproduzida pela blogosfera. Mas a matéria é de relevância. Ali o cara fala de religião, dos problemas para ser pesquisador no Brasil, e tem uma concepção filosófica da realidade semelhante à Matrix (ou ao Véu de Maya dos budistas).
O que mais me chamou atenção foi sua profecia sobre a queda do culto ao corpo, suplantado por uma Era da Mente. Essa era uma coisa que eu queria estar vivo para ver. Infelizmente, (ainda) sou bastante cético quanto a isso.
Transcrevo a entrevista para a Planeta, que já é meio antiga e já foi reproduzida pela blogosfera. Mas a matéria é de relevância. Ali o cara fala de religião, dos problemas para ser pesquisador no Brasil, e tem uma concepção filosófica da realidade semelhante à Matrix (ou ao Véu de Maya dos budistas).
- Para, Papai! O senhor esqueceu de tomar o remedinho hoje! |
Miguel Nicolelis (Entrevista)
Papo cabeça: A humanidade é dominada por três esquizofrênicos que ouviam vozes, olhavam para o céu e achavam que alguém estava falando com eles, afirma um dos maiores nomes da neurociência contemporânea.
por maria da paz trefaut (REVISTA PLANETA)
por maria da paz trefaut (REVISTA PLANETA)
O mais renomado cientista brasileiro da atualidade, Miguel Nicolelis, vive entre Brasil, Estados Unidos e Suíça. Às vezes completa essa triangulação em uma semana e nem sabe em que fuso horário está. Mas isso não o incomoda. Com projetos nos três países, o neurocientista paulista, fanático pelo Palmeiras, tem a ambição de fazer um adolescente brasileiro tetraplégico dar o pontapé inicial na abertura da Copa do Mundo de Futebol de 2014. Para isso, usará uma veste robótica controlada pela força do pensamento.
Desvendar a possível interação cérebro- máquina é um dos grandes desafios de Nicolelis, referência na pesquisa com próteses neurais, cujo trabalho integra a lista das "Dez Tecnologias que Vão Mudar o Mundo", do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). Professor de neuroengenharia da Universidade Duke (EUA), tem projetos educacionais igualmente ambiciosos no Brasil. Um deles é em Macaíba, no Rio Grande do Norte. Ali deverá ser inaugurado, no início de 2012, o "Campus do Cérebro", uma escola em período integral que beneficiará 5 mil crianças, do berçário ao ensino médio. Já o "Educação para Toda a Vida", que começa na barriga da mãe, vai prestar assistência gratuita para 15 mil gestantes na periferia de Natal.
Uma amostra das ideias de Nicolelis está no livro Muito Além do Nosso Eu, recém-lançado pela Companhia das Letras, e nesta entrevista.
Se um tetraplégico der um pontapé na bola, na abertura da Copa de 2014, será uma revolução na ciência. O que ela tem de essencial?
É uma nova forma de abordar a questão da reabilitação e uma nova forma de entender o cérebro. Sem uma nova teoria do cérebro a gente não teria conseguido chegar a essa tentativa de fazer uma aplicação clínica. É também uma revolução tecnológica, porque essas aplicações não vão se restringir à medicina. As interfaces cérebro-máquina envolvem interações com nossos computadores e com as ferramentas que usamos diariamente (leia mais na página 40).
É uma nova forma de abordar a questão da reabilitação e uma nova forma de entender o cérebro. Sem uma nova teoria do cérebro a gente não teria conseguido chegar a essa tentativa de fazer uma aplicação clínica. É também uma revolução tecnológica, porque essas aplicações não vão se restringir à medicina. As interfaces cérebro-máquina envolvem interações com nossos computadores e com as ferramentas que usamos diariamente (leia mais na página 40).
Esses tratamentos devem ajudar a romper o estigma das doenças?
Essa é uma das razões pelas quais escrevi este último livro. Para mostrar que o que a gente chama de normal e anormal é separado por uma fronteira muito tênue. É muito rápido um cérebro dito normal evoluir para um dito patológico. Para um de nós ficar esquizofrênico não é preciso muito.
Essa é uma das razões pelas quais escrevi este último livro. Para mostrar que o que a gente chama de normal e anormal é separado por uma fronteira muito tênue. É muito rápido um cérebro dito normal evoluir para um dito patológico. Para um de nós ficar esquizofrênico não é preciso muito.
É um processo químico?
Entre outras coisas. No frigir dos ovos, tudo se resume a uma mudança de balanço de neurotransmissor e de atividade elétrica do cérebro. A gente percebe que são pequenas variações que levam você a ouvir vozes, ter delírios. Nos dias de hoje, aliás, a humanidade curiosamente é dominada por três esquizofrênicos que ouviam vozes, olhavam para o céu e achavam que alguém estava falando com eles.
Entre outras coisas. No frigir dos ovos, tudo se resume a uma mudança de balanço de neurotransmissor e de atividade elétrica do cérebro. A gente percebe que são pequenas variações que levam você a ouvir vozes, ter delírios. Nos dias de hoje, aliás, a humanidade curiosamente é dominada por três esquizofrênicos que ouviam vozes, olhavam para o céu e achavam que alguém estava falando com eles.
Quem são?
Jesus Cristo, Maomé e Abraão. Muito provavelmente os três precisavam de haldol (medicamento para esquizofrenia). É arbitrária qualquer classificação que defina as bordas da normalidade. Cada vez mais a intolerância e o preconceito esculpem essa borda com seus interesses próprios ideológicos e políticos. Quando você vê o cérebro por dentro e começa a entender o que acontece, percebe como é fácil ir de um lado para outro.
Jesus Cristo, Maomé e Abraão. Muito provavelmente os três precisavam de haldol (medicamento para esquizofrenia). É arbitrária qualquer classificação que defina as bordas da normalidade. Cada vez mais a intolerância e o preconceito esculpem essa borda com seus interesses próprios ideológicos e políticos. Quando você vê o cérebro por dentro e começa a entender o que acontece, percebe como é fácil ir de um lado para outro.
Você falou de três símbolos religiosos. Você é ateu?
Sim, mas acho que a religião faz parte do sistema nervoso. Como o cérebro é um simulador da realidade, ele cria um modelo e uma ilusão de realidade para cada um de nós. Ele precisa de uma história: de onde viemos? Como começou o universo?
Sim, mas acho que a religião faz parte do sistema nervoso. Como o cérebro é um simulador da realidade, ele cria um modelo e uma ilusão de realidade para cada um de nós. Ele precisa de uma história: de onde viemos? Como começou o universo?
Materialista ou religiosa?
Exatamente. Os pigmeus africanos acham que a gente saiu do céu, que havia uma corda e eles foram descendo. Toda cultura tem uma história. O problema é que algumas são excludentes e prejudiciais ao bom convívio da espécie, na medida em que elegem os eleitos e os não eleitos.
Exatamente. Os pigmeus africanos acham que a gente saiu do céu, que havia uma corda e eles foram descendo. Toda cultura tem uma história. O problema é que algumas são excludentes e prejudiciais ao bom convívio da espécie, na medida em que elegem os eleitos e os não eleitos.
A questão dos comandos cerebrais envolve telepatia?
Não, porque a telepatia pressupõe que a energia espontânea do cérebro é capaz de transmitir pensamentos.
Não, porque a telepatia pressupõe que a energia espontânea do cérebro é capaz de transmitir pensamentos.
Há energia no cérebro?
Ele tem um campo elétrico e magnético, mas muito pequeno. Não tem como um sinal sair do cérebro, passar pelo crânio e ir da minha cabeça para a sua. É impossível! Mas você pode registrar esses sinais, transmiti-los artificialmente - como a gente já faz - e mandá-los para uma máquina ou, em teoria, para outro cérebro. É nisso que estamos trabalhando.
Ele tem um campo elétrico e magnético, mas muito pequeno. Não tem como um sinal sair do cérebro, passar pelo crânio e ir da minha cabeça para a sua. É impossível! Mas você pode registrar esses sinais, transmiti-los artificialmente - como a gente já faz - e mandá-los para uma máquina ou, em teoria, para outro cérebro. É nisso que estamos trabalhando.
Esse é o objetivo da brainnet?
Estamos trabalhando na ideia original, brain to brain interface. Trata-se de pegar o sinal de um cérebro e mandar para outro e ver se ele entende. Se for possível com um par de cérebros, será possível em qualquer combinação. Claro que tecnologicamente isso tem dificuldades enormes: não basta registrar o sinal, mas entregá-lo para outro cérebro. Em teoria, a ideia é factível.
Estamos trabalhando na ideia original, brain to brain interface. Trata-se de pegar o sinal de um cérebro e mandar para outro e ver se ele entende. Se for possível com um par de cérebros, será possível em qualquer combinação. Claro que tecnologicamente isso tem dificuldades enormes: não basta registrar o sinal, mas entregá-lo para outro cérebro. Em teoria, a ideia é factível.
Como você vê o futuro...
Bem diferente do atual. A gente tem a tendência de ter medo, porque todos os sinais do futuro são dramáticos.
... da máquina humanizada...
Isso é uma barbaridade científica. Não há nenhum computador que tenha a chance de reproduzir atributos humanos. Isso é pura balela, propaganda ideológica. É uma visão capitalista, de que você não vale nada e pode ser substituído por um robô. A máquina consegue executar movimentos repetitivos. Não consegue escrever poesia, pintar como Picasso, tomar decisões baseadas na natureza humana. Todas as características que fazem a gente ser como é resultam de processos extremamente complexos no cérebro e são fenômenos não computáveis.
Isso é uma barbaridade científica. Não há nenhum computador que tenha a chance de reproduzir atributos humanos. Isso é pura balela, propaganda ideológica. É uma visão capitalista, de que você não vale nada e pode ser substituído por um robô. A máquina consegue executar movimentos repetitivos. Não consegue escrever poesia, pintar como Picasso, tomar decisões baseadas na natureza humana. Todas as características que fazem a gente ser como é resultam de processos extremamente complexos no cérebro e são fenômenos não computáveis.
Isso define o limite da tecnologia?
Claro, ela é uma expressão da nossa capacidade criativa. Por isso são tão interessantes esses achados neurofisiológicos recentes, que mostram que todas as ferramentas que criamos são assimiladas pelo cérebro como uma extensão do nosso corpo: mouse, caneta, raquete de tênis, bola, carro, bicicleta. O cérebro cria a ilusão do que o nosso corpo é. E tudo o que a gente experimenta é uma ilusão; é um modelo do mundo.
Claro, ela é uma expressão da nossa capacidade criativa. Por isso são tão interessantes esses achados neurofisiológicos recentes, que mostram que todas as ferramentas que criamos são assimiladas pelo cérebro como uma extensão do nosso corpo: mouse, caneta, raquete de tênis, bola, carro, bicicleta. O cérebro cria a ilusão do que o nosso corpo é. E tudo o que a gente experimenta é uma ilusão; é um modelo do mundo.
Tudo é ilusão?
Sim. Se seu cérebro fosse diferente, você ia ver o mundo diferente. A sua história de vida foi diferente da minha; nós dois olhamos uma rosa vermelha e ela evoca memórias peculiares em cada um. Até recentemente a gente achava que a sua experiência e a minha, ao olhar uma coisa assim, era a mesma. Hoje a gente sabe que não é: o cérebro tem uma opinião. Esse ponto de vista foi construído ao longo da sua vida e da minha e ao longo da nossa espécie do ponto de vista evolutivo. Nosso cérebro vai ter um papel cada vez mais relevante na ampliação do nosso alcance como espécie. O nosso corpo vai perder relevância.
Sim. Se seu cérebro fosse diferente, você ia ver o mundo diferente. A sua história de vida foi diferente da minha; nós dois olhamos uma rosa vermelha e ela evoca memórias peculiares em cada um. Até recentemente a gente achava que a sua experiência e a minha, ao olhar uma coisa assim, era a mesma. Hoje a gente sabe que não é: o cérebro tem uma opinião. Esse ponto de vista foi construído ao longo da sua vida e da minha e ao longo da nossa espécie do ponto de vista evolutivo. Nosso cérebro vai ter um papel cada vez mais relevante na ampliação do nosso alcance como espécie. O nosso corpo vai perder relevância.
Mas vivemos o culto do corpo.
Pois é, até hoje o culto do corpo dominou nossa espécie. Então, quem aproveitou, aproveitou. A partir daqui, quem vai ganhar o embate é a mente. A seleção natural de quem vai sobreviver privilegiará aqueles capazes de usar a mente para agir com uma cornucópia de equipamentos, ferramentas e tecnologias que serão controláveis apenas por pensamentos. Antes, sobrevivia quem caçava bem. Amanhã será a vez de quem conseguir usar a mente para controlar 200 equipamentos ao mesmo tempo.
Pois é, até hoje o culto do corpo dominou nossa espécie. Então, quem aproveitou, aproveitou. A partir daqui, quem vai ganhar o embate é a mente. A seleção natural de quem vai sobreviver privilegiará aqueles capazes de usar a mente para agir com uma cornucópia de equipamentos, ferramentas e tecnologias que serão controláveis apenas por pensamentos. Antes, sobrevivia quem caçava bem. Amanhã será a vez de quem conseguir usar a mente para controlar 200 equipamentos ao mesmo tempo.
Diz-se que usamos uma porcentagem ínfima da nossa capacidade.
Mentira. Na verdade, a gente usa tudo o que tem. Se tivesse mais, usava também. A gente perde neurônios a partir dos 18 anos, mas é uma perda muito pequena. Num certo ponto da vida essa perda passa a ser relevante: você vai esquecendo coisas e não tem mais a mesma agilidade mental.
Mentira. Na verdade, a gente usa tudo o que tem. Se tivesse mais, usava também. A gente perde neurônios a partir dos 18 anos, mas é uma perda muito pequena. Num certo ponto da vida essa perda passa a ser relevante: você vai esquecendo coisas e não tem mais a mesma agilidade mental.
Como você cuida dos neurônios?
Pensando. Desafiando a mente a pensar em coisas a que não estou habituado. É como um exercício físico.
Pensando. Desafiando a mente a pensar em coisas a que não estou habituado. É como um exercício físico.
Não cansa?
Demais. Tem dias que o esforço é tanto que eu capoto e acordo no outro. Estou ligado o tempo inteiro. Para mim isso não é trabalho, é prazer.
Demais. Tem dias que o esforço é tanto que eu capoto e acordo no outro. Estou ligado o tempo inteiro. Para mim isso não é trabalho, é prazer.
Vinte anos fora do Brasil modificaram a sua visão?
Ah, o exílio é o maior elixir do patriotismo. Você vê as coisas que não são boas, mas isso não abate as maravilhas que existem aqui. Temos muito potencial, que agora começa a aflorar de forma caótica. Mas temos um grande desafio pela frente. Nossa classe polícortica é muito fraca, muito pobre, dissociada da realidade. É uma classe que só pensa no espólio, em como extrair para si o que for possível. A situação da população melhorou bastante nos últimos anos, mas ainda falta muito para se construir uma cidadania plena. A educação é o único caminho.
Ah, o exílio é o maior elixir do patriotismo. Você vê as coisas que não são boas, mas isso não abate as maravilhas que existem aqui. Temos muito potencial, que agora começa a aflorar de forma caótica. Mas temos um grande desafio pela frente. Nossa classe polícortica é muito fraca, muito pobre, dissociada da realidade. É uma classe que só pensa no espólio, em como extrair para si o que for possível. A situação da população melhorou bastante nos últimos anos, mas ainda falta muito para se construir uma cidadania plena. A educação é o único caminho.
Você se considera ousado?
Sim, desde o futebol na rua. Sempre me meti onde não era chamado.
Sim, desde o futebol na rua. Sempre me meti onde não era chamado.
E só encontrou espaço para se desenvolver fora?
Não havia muito espaço para minhas ideias quando deixei o Brasil. Ao pensar em voltar, fui desencorajado.
Não havia muito espaço para minhas ideias quando deixei o Brasil. Ao pensar em voltar, fui desencorajado.
Por quem?
Pelo chefe do departamento que, claramente, tinha seus protegidos e sabia que minha volta ia causar problemas. Era 1991 e a situação brasileira era muito complicada, com o confisco do governo Collor. Perdi toda a poupança que tinha e nunca mais recuperei. Mas minha grande crítica é que acho que grande parte da ciência brasileira é humilde. As pessoas têm medo de ousar, têm complexo de que não se pode fazer coisa grande, ambiciosa. Têm medo.
Pelo chefe do departamento que, claramente, tinha seus protegidos e sabia que minha volta ia causar problemas. Era 1991 e a situação brasileira era muito complicada, com o confisco do governo Collor. Perdi toda a poupança que tinha e nunca mais recuperei. Mas minha grande crítica é que acho que grande parte da ciência brasileira é humilde. As pessoas têm medo de ousar, têm complexo de que não se pode fazer coisa grande, ambiciosa. Têm medo.
Isso prejudica o Brasil?
A ciência brasileira é muito provinciana. A academia de ciências também, e a maneira de financiar é cartorial. Nosso modelo é um dos mais perniciosos para um jovem cientista penetrar. Os sujeitos mais seniores dominam tudo e se você não tem um padrinho não consegue nada, porque é clube fechado. Nos Estados Unidos é o contrário: as possibilidades de financiamento para os jovens são garantidas de forma a assegurar uma renovação contínua de talentos. Aqui, o negócio é manter o status quo.
A ciência brasileira é muito provinciana. A academia de ciências também, e a maneira de financiar é cartorial. Nosso modelo é um dos mais perniciosos para um jovem cientista penetrar. Os sujeitos mais seniores dominam tudo e se você não tem um padrinho não consegue nada, porque é clube fechado. Nos Estados Unidos é o contrário: as possibilidades de financiamento para os jovens são garantidas de forma a assegurar uma renovação contínua de talentos. Aqui, o negócio é manter o status quo.
Miguel Nicolelis
é professor da Universidade Duke e pesquisador de renome mundial em neuroengenharia
é professor da Universidade Duke e pesquisador de renome mundial em neuroengenharia
segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012
Review: O Preço do Amanhã
Apesar de um filme estrelado por Justin Tinbarlake fazer qualquer um já torcer o nariz antecipadamente, O Preço do Amanhã (In Time) é uma bela metáfora anticapitalista disfarçada de FC de ação que vale a pena conferir.
Desta vez, o cantor de boy band vive um autêntico heroi da classe operária, que decide lutar contra o sistema após um ricaço arrependido lhe mostrar como funciona a coisa.
No mundo de In Time, todos podem (em tese) viver eternamente. Claro que, como diz o título em português, essa juventude eterna não sai de graça. Quando uma pessoa faz 25, aparece um relógio virtual no pulso, mostrando o tempo que resta ao vivente. Aqui, tempo, literalmente, é dinheiro.
Para sobreviver, a pessoa tem que trabalhar (ou roubar) para ganhar mais tempo de vida. Outra opção é pegar tempo a juros (módicos) num daqueles Credi Matone, administrado por milionários, que, literalmente, sugam a vida dos mais pobres. O modelo urbanístico é dividido em "zonas temporais", cujo custo de vida aumenta gradativamente para selecionar seus habitantes.
Amanda Seyfried faz a mocinha e filha do vilão milionário. Cillian Murphy, o eterno Espantalho, faz o policial que, mesmo explorado, acredita no sistema e faz de tudo para mantê-lo. Qualquer semelhança com a nossa Polícia Militar não é mera coincidência.
O filme ainda conta com um visual retrô que, de certa forma, remete a distopias como Logan's Run (cuja série de TV eu adorava ver na Bandeirantes quando criança) e o já clássico Gattaca.
Taí uma coisa que não se vê todos os dias.
Desta vez, o cantor de boy band vive um autêntico heroi da classe operária, que decide lutar contra o sistema após um ricaço arrependido lhe mostrar como funciona a coisa.
No mundo de In Time, todos podem (em tese) viver eternamente. Claro que, como diz o título em português, essa juventude eterna não sai de graça. Quando uma pessoa faz 25, aparece um relógio virtual no pulso, mostrando o tempo que resta ao vivente. Aqui, tempo, literalmente, é dinheiro.
Para sobreviver, a pessoa tem que trabalhar (ou roubar) para ganhar mais tempo de vida. Outra opção é pegar tempo a juros (módicos) num daqueles Credi Matone, administrado por milionários, que, literalmente, sugam a vida dos mais pobres. O modelo urbanístico é dividido em "zonas temporais", cujo custo de vida aumenta gradativamente para selecionar seus habitantes.
Amanda Seyfried faz a mocinha e filha do vilão milionário. Cillian Murphy, o eterno Espantalho, faz o policial que, mesmo explorado, acredita no sistema e faz de tudo para mantê-lo. Qualquer semelhança com a nossa Polícia Militar não é mera coincidência.
O filme ainda conta com um visual retrô que, de certa forma, remete a distopias como Logan's Run (cuja série de TV eu adorava ver na Bandeirantes quando criança) e o já clássico Gattaca.
Taí uma coisa que não se vê todos os dias.
sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012
Murray Groat desenhou capas muito bacanas, imaginando a incursão de Tintim na mitologia de H.P. Lovecraft. Taí um crossover que seria muito legal mesmo! Pena que Hergé não está mais entre nós. Porém... That is not dead which can eternal lie, yet with stranger aeons, even Death may die.
quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012
Ferris Bueller is back
A Honda fez um comercial bem bacana com Matthew Broderick reprisando seu papel mais famoso. Preciso dizer que "Curtindo a vida adoidado" é um clássico absoluto da sessäo da tarde? Bons tempos quando bons filmes eram exibidos naquele horário em que estávamos sem nada pra fazer (quase sempre...hehe). John Hughes era um grande diretor de comédias adolescentes e marcou para sempre a história da geração oitentista que cresceu vendo filmes como "Clube dos cinco", "A garota de rosa-shocking", "Te pego lá fora" e "Namorada de aluguel". Nem todos foram dirigidos por Hughes, mas não há dúvida de que ele criou um padrão para a comédia americana nos anos 80. Saudade, saudade…
Notícia triste
Fiquei sabendo pelo Actions e Comics. Uma grande perda para o mundo dos quadrinhos. Além de brasileiro, Al Rio foi um desenhista muito talentoso, de grande destaque internacional. O cara chegou a trabalhar com o Alan Moore - sonho de dez entre dez ilustradores de quadrinhos.
O desenhista Alvaro Araújo Lourenço do Rio, conhecido como Al Rio, foi encontrado morto na manhã desta terça-feira (31) em sua residência, no bairro da Serrinha, em Fortaleza. As informações são da Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops) da capital cearense. As causas da morte não foram divulgadas.
Al Rio tinha 40 anos e participou no último fim de semana da primeira edição da ComicCon, realizada dentro do festival Sana Fest. Na página do evento no Facebook, há mensagens de luto e a promessa de uma grande homenagem em uma próxima edição.
Ao lado de nomes como Mike Deodato e Marcelo Campos, ele foi um dos primeiros brasileiros a entrar no mercado de quadrinhos dos Estados Unidos.
Considerado muito versátil, tinha uma características marcante: a de ilustrar mulheres com um traço bem sexy - como pode ser visto nas edições da coletânea de trabalhos particulares "The Art of Al Rio". Entre as beldades desenhadas estão as versões do quadrinista para as super-heroínas Mulher Maravilha e Batgirl, entre outras.
O trabalho de Al Rio pode ser conferido no seu site oficial, alrioart.com, ou na página do artista no DeviantArt.
Em homenagem, aqui vai uma amostra do trabalho do cara:
Desenhista Al Rio é encontrado morto em sua casa
O desenhista Alvaro Araújo Lourenço do Rio, conhecido como Al Rio, foi encontrado morto na manhã desta terça-feira (31) em sua residência, no bairro da Serrinha, em Fortaleza. As informações são da Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops) da capital cearense. As causas da morte não foram divulgadas.
Al Rio tinha 40 anos e participou no último fim de semana da primeira edição da ComicCon, realizada dentro do festival Sana Fest. Na página do evento no Facebook, há mensagens de luto e a promessa de uma grande homenagem em uma próxima edição.
Capa de 'The Art of Al Rio V2'
O desenhista já trabalhou para grandes editoras de quadrinhos internacionais, como Marvel e DC Comics. Entre os títulos que assinou estão “Captain America”, “X-Men Unlimited”, “WildC.A.T.S”, “Secret Files”, "Voodoo" e “Vampirella”, entre outras.Ao lado de nomes como Mike Deodato e Marcelo Campos, ele foi um dos primeiros brasileiros a entrar no mercado de quadrinhos dos Estados Unidos.
Considerado muito versátil, tinha uma características marcante: a de ilustrar mulheres com um traço bem sexy - como pode ser visto nas edições da coletânea de trabalhos particulares "The Art of Al Rio". Entre as beldades desenhadas estão as versões do quadrinista para as super-heroínas Mulher Maravilha e Batgirl, entre outras.
O trabalho de Al Rio pode ser conferido no seu site oficial, alrioart.com, ou na página do artista no DeviantArt.
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